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Ancestral humano era “mistura” de grandes símios e homens modernos

Análise de fósseis de hominídeos pode impactar conhecimentos sobre a evolução de ancestrais mais remotos do homem

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h21 - Publicado em 12 abr 2013, 21h12

Análises de fósseis de Australopithecus sediba, um hominídeo que habitou a África há cerca de dois milhões de anos, mostram que ele era uma espécie de “mosaico”, combinando características dos humanos modernos e dos grandes símios, como o chimpanzé (Pan troglodytes). Um conjunto de seis estudos publicados nesta sexta-feira, na revista Science, fornece uma visão completa da anatomia desse hominídeo.

As pesquisas têm como base dois esqueletos e uma tíbia (osso da canela) de Australopithecus sediba encontrados do em agosto de 2008, no sítio arqueológico de Malapa, próximo a Johannesburgo, na África do Sul. Um dos esqueletos, denominado MH1, foi identificado como pertencente a um homem jovem e o outro, MH2, a uma mulher.

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AUSTRALOPITHECUS SEDIBA

O fóssil deste espécime foi encontrado em uma caverna em Johannesburgo, na África do Sul, em 2008. Tinha cérebro grande, dentes maxilares reduzidos e vivia predominantemente na África oriental. Ao contrário de outros Australopithecus já estudados, o sediba também se alimentava de cascas de árvores, em vez de comer predominantemente folhas e frutos.

Os estudos mostram que o Au. sediba andava ereto, com os joelhos flexionados para dentro, e tinha calcanhares pequenos, semelhantes aos dos chimpanzés. A anatomia de seus pés, joelhos e quadris sugerem uma forma de andar que, apesar de bípede, era diferente daquela praticada pelos demais hominídeos.

Os membros superiores se aproximam mais dos grandes símios do que do Homo erectus, ancestral do Homo sapiens. Os estudos mostram que os braços desse hominídeo eram adaptados para escalar árvores e, possivelmente, se pendurar nelas. As articulações dos ombros deles eram altas, dando um aspecto de ombros encolhidos, que provavelmente não seria compatível com o movimento dos braços que o homem moderno faz ao correr ou caminhar.

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As costelas do Au .sediba apresentavam um aspecto pontudo, mais semelhante aos grandes símios do que aos descendentes mais próximos do homem moderno, que tinham uma caixa torácica mais ampla e cilíndrica. Tanto a coluna vertebral quanto a caixa torácica desse hominídeo eram semelhantes aos grandes símios na parte superior e ao homem moderno na parte inferior.

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Segundo especialistas, as recentes descobertas fazem distinções a respeito de Lucy, a fêmea de um hominídeo descoberta em 1974 e cuja espécie, Australopithecus afarensis vagou pelo leste da África 3,2 milhões de anos atrás.

“O que estes artigos sugerem é que o sediba provavelmente não veio da espécie leste-africana da qual Lucy se originou”, afirmou Lee Berger, que em 2008 descobriu o sítio fóssil de Malapa, onde escavações ainda são realizadas.

Berger afirma, em um artigo introdutório a respeito dos seis estudos sobre o Au. sediba publicados na última edição da Science, que essas descobertas podem impactar o que se sabe sobre os processos evolutivos, principalmente em relação a espécies mais antigas de hominídeos, das quais se têm menos informações.

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Opinião do especialista

Pedro da Glória

Pesquisador do Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos (LEEH) da Universidade de São Paulo (USP)

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“O Australopithecus sediba se situa em período de tempo importante na evolução humana, em que ocorre o surgimento do gênero Homo, do qual descende o homem moderno. Essa é uma data crucial para tentar entender quem é o ancestral do Homo erectus.

Até o momento, a ciência ainda não tem uma resposta definida para essa questão. Esse conjunto de estudos analisa diversas partes do esqueleto do sediba, o que por si só já é de grande relevância científica. Um fóssil que preserva tantas partes anatômicas é raro de ser encontrado, ainda mais com a idade que esse fóssil tem.

No período em que o sediba existiu, a diversidade de hominídeos vivendo na África era muito grande. O Australopithecus africanus é anterior a ele, mas o Homo habilis e o Paranthropus robustus conviviam com ele. A grande questão é: desses vários hominídeos, quais deles, ou qual deles, originou o Homo erectus, que mais tarde originaria o Homo sapiens?

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Os estudos mostram que o sediba é uma espécie em mosaico. Ou seja, ele apresenta algumas características do Homo erectus e outras ancestrais. Ele tem uma conexão com o Australopithecus africanus (ancestral), mas tem uma conexão com o Homo erectus também. Isso poderia sugerir que o sediba seria um ancestral do Homo erectus, mas ainda não é possível afirmar isso com certeza. O fato de ser um mosaico não necessariamente quer dizer que o sediba deu origem ao Homo erectus. Ele pode ser um ramo evolutivo paralelo que simplesmente foi extinto, que não levou à nenhuma outra espécie”.

(Com Agência France-Presse)

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