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Alimentar animais selvagens pode ajudar a espalhar doenças

Pesquisa mostra que aglomeração de animais nas fontes de comida favorece a transmissão de bactérias e vírus, inclusive para seres humanos.

Por Guilherme Rosa
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h05 - Publicado em 30 mar 2015, 18h21

Com o avanço da urbanização e da agricultura ao redor do mundo, as fontes de alimentos naturais para os animais selvagens têm diminuído. Em contrapartida, a presença de habitações humanas próximas de áreas preservadas passou a fornecer uma fonte suplementar de comida. Uma nova pesquisa publicada na edição desta segunda-feira da revista Ecology Letters mostrou que essa tendência pode estar contribuindo para a transmissão de algumas doenças entre esses animais – e deles para os homens. De acordo com os pesquisadores, conhecer o efeito de nossos alimentos no organismo dos bichos pode ser uma forma de aperfeiçoar o que oferecemos a eles, se não puder nos impedir de alimentá-los.

Muitas vezes, os seres humanos interferem na alimentação da fauna local de forma acidental, como quando os animais se alimentam em aterros sanitários ou reviram latas de lixo. Mas a interferência também pode acontecer intencionalmente. Várias pessoas fornecem comida para atrair pássaros e roedores para seus quintais. A intenção costuma ser boa, mas elas podem estar contribuindo para uma piora ne saúde.

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Estudos anteriores já haviam abordado o tema, mas seus resultados foram contraditórios. Alguns apontaram que essa alimentação suplementar ajuda a reforçar a nutrição da fauna, enquanto outros mostraram que ela favorece a disseminação de doenças. “Nossa intenção foi saber se seria possível encontrar uma tendência geral entre esses estudos e explicar os diferentes resultados” diz Daniel Becker, pesquisador da Universidade da Geórgia, nos Estados Unidos.

Comida perigosa – Para isso, os pesquisadores realizaram uma revisão sistemática da literatura acadêmica, e encontraram 144 pesquisas abordando o assunto. Descobriram que quando se analisava patógenos como bactérias e vírus, que se propagam pelo contato, as fontes alternativas de comida podem ajudar em sua disseminação. Por atrair ao mesmo espaço uma grande quantidade de animais, que disputam de forma agressiva o alimento, elas favorecem a transmissão das doenças entre eles. Até mesmos os seres humanos que moram nas redondezas estão ameaçados.

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Um exemplo apontado pelos pesquisadores acontece com uma espécie de iguana que habita as Bahamas. Lá, os turistas costumam fornecer uvas para os répteis. As frutas não fazem parte de sua dieta natural e não ajudam na melhora de sua saúde. Ao mesmo tempo, infecções se tornaram mais comuns entre elas. Mesmo quando a comida fornecida tem alto valor nutricional e ajuda no fortalecimento do sistema imunológico dos animais, os benefícios não superam os malefícios.

Já para as doenças causadas por parasitas como vermes, que precisam que seus hospedeiros completem longos ciclos de vida antes de serem transmitidos, o efeito pode ser benéfico. Os animais que consomem alimentos de aterros sanitários ou latas de lixo podem ter menos contato com esse tipo de infecção. As raposas, por exemplo, costumam ser infectadas por vermes presentes em pequenos roedores que caçam na natureza. Mas, ao se alimentar dos restos humanos, elas evitam esse perigo.

Como alimentar os animais – Segundo os pesquisadores, esse tipo de conhecimento é importante pois pode ajudar as pessoas que alimentam os animais a aperfeiçoar sua prática. “Nós sabemos que fornecer comida de forma intencional para os pássaros, por exemplo, pode ajudar a transmitir bactérias e vírus. Logo, espalhar as fontes de comida pelo território pode reduzir as chances de contato entre eles”, diz Becker.

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Outra estratégia apontada pela pesquisa é melhorar a qualidade nutricional da alimentação fornecida. Os alimentos, podem, inclusive, ser enriquecidos com medicamentos e vacinas. “Para muitas pessoas, o hábito de alimentar animais fornece uma conexão crucial com a natureza e aumenta sua estima pela vida selvagem”, diz Sonia Altizer, professora da Universidade da Geórgia e coautora do estudo. “Nós não queremos sugerir que esse tipo de prática seja evitada, mas precisamos encontrar modos de minimizar os riscos para a saúde humana e animal”.

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