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76% dos animais que vivem no oceano brilham no escuro, diz estudo

A pesquisa foi a primeira a realizar a contagem de animais bioluminescentes, ou seja, que produzem luz própria, a diferentes profundidades do oceano

Por Da redação
8 Maio 2017, 11h22

Se a iluminação do dia não chega até eles, 76% dos animais marinhos emitem sua própria luz, segundo estudo publicado na quinta-feira no periódico Scientific Reports. A pesquisa foi a primeira a quantificar os animais bioluminescentes – ou seja, o número de habitantes marinhos que “brilham no escuro” – a diferentes profundidades do oceano. No caso, os cientistas tomaram como referência a Baía de Monterrey, na costa dos Estados Unidos, e realizaram a contagem de todos os animais luminosos que vivem em uma região que vai da superfície até 4.000 metros abaixo dela.

Para os pesquisadores, o estudo mostra quão comum a bioluminescência é na natureza. “Não são apenas alguns peixes do fundo do mar. São águas-vivas, minhocas, lulas, todos os tipos de coisas”, diz em comunicado Séverine Martini, pesquisadora do Instituto de Pesquisa do Aquário da Baía de Monterrey (MBARI, na sigla em inglês). Há décadas a ciência se inspira na capacidade de bioluminescência de alguns organismos para realizar pesquisas, especialmente na área da saúde, levando ao desenvolvimento de novos medicamentos e métodos de detecção de doenças. “Considerando que o oceano profundo é o maior habitat da Terra por volume, a bioluminescência pode certamente ser considerada um traço ecológico majoritário no planeta”, escrevem os autores na conclusão do artigo.

Avaliação quantitativa

Contar os animais luminosos a diferentes profundidades do oceano não é uma tarefa fácil. Poucas câmeras são sensíveis o suficiente para mostrar o brilho fraco de diversos animais marinhos. Abaixo dos 300 metros de profundidade, o oceano é uma escuridão completa, então os habitantes dessas regiões não precisam emitir um brilho tão forte – até porque fabricar sua própria luz gasta muita energia e pode atrair predadores. Por isso, até agora as estimativas dos cientistas estavam baseadas em observações qualitativas, feitas por pesquisadores olhando através das janelas de seus submarinos. O estudo publicado na última semana é o primeiro a ter um número real da proporção de animais bioluminescentes em diferentes profundidades.

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Para realizar a pesquisa, os cientistas utilizaram registros em vídeo coletados durante 17 anos por veículos operados remotamente. Martini e sua equipe contaram cada animal maior do que um centímetro que aparecia nas gravações, totalizando mais de 350.000 indivíduos identificados. Depois, os cientistas compararam cada um dos animais a uma lista de seres vivos que já são conhecidos por sua bioluminescência, classificando as descobertas iniciais em cinco grupos (definitivamente bioluminescente, provavelmente bioluminescente, provavelmente não-bioluminescente, definitivamente não-bioluminescente e indefinidos por falta de informação).

Como a ciência sabe pouco sobre as criaturas que vivem nas profundidades do oceano, de 20% a 40% dos animais observados abaixo dos 2.000 metros foram classificados como indefinidos, dizem os autores do estudo. Porém, eles ficaram surpresos com o fato de que, dos que puderam ser classificados nas outras categorias, a proporção de animais bioluminescentes que vivem da superfície até as partes mais profundas se manteve muito semelhante. Apesar do número absoluto de animais luminosos decrescer conforme a profundidade aumenta, isso provavelmente se deve ao fato de que há menos animais de qualquer espécie habitando essas regiões, argumentam os cientistas.

Embora a proporção animais luminosos fosse semelhante em todas as profundidades, os pesquisadores descobriram que grupos distintos eram responsáveis ​​pela luz produzida conforme a profundidade variava. Por exemplo, da superfície do mar até 1.500 metros, a maioria dos animais brilhantes eram medusas ou carambolas-do-mar. Já de 1.500 metros até 2.250 metros, as minhocas lideravam o posto. Abaixo disso, metade dos animais bioluminescentes observados eram pequenos animais parecidos com girinos, conhecidos como larváceos.

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A análise também mostrou que alguns grupos de animais eram muito mais propensos a brilhar do que outros. Por exemplo, 97% a 99,7% dos cnidários (classificação à qual pertencem as medusas e sifonóforos) nos vídeos são capazes de produzir sua própria luz. Em contraste, apenas metade dos peixes e cefalópodes (lulas e polvos) observados são bioluminescentes.

Como a bioluminescência é produzida?

A chave da produção de luz própria nesses organismos é uma pequena molécula chamada luciferina. Quando ativada, ela interage com oxigênio e com a luciferase, uma proteína capaz de transformar energia química em energia luminosa, resultando, na maioria das vezes, em um brilho azulado, esverdeado ou amarelado.

Esse processo é diferente da fluorescência e da fosforescência, nas quais fótons são absorvidos pelos tecidos e depois reemitidos, como a maioria dos objetos que brilham no escuro fabricados por humanos funcionam.

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