Sobrinho de Lula intermediou negócio com o PT, aponta PF
A pedido do ex-presidente, deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) ajudou Taiguara Rodrigues dos Santos, que dizia ter medo de ser preso
Conforme VEJA antecipou na última sexta-feira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o seu sobrinho Taiguara Rodrigues dos Santos foram indiciados pela Polícia Federal. No relatório entregue ao Ministério Público Federal, os delegados responsáveis pela investigação da Operação Janus destacam que, durante as buscas e apreensões realizadas em maio passado, foi encontrado um contrato que menciona um negócio suspeito envolvendo o Partido dos Trabalhadores.
O documento faz referência a um acordo firmado entre a empresa Projetai, de Taiguara, e a Uno – União Nacional dos Eventos e Outdoor e a Três Meios. O objeto do contrato diz respeito à “intermediação…de relação comercial a ser viabilizada entre a segunda contratante (UNO) e o Partido dos Trabalhadores para a realização de campanhas publicitárias eleitorais em mídia exterior para campanhas políticas para as eleições de 2010”. De acordo com a PF, a Projetai receberia, em troca da intermediação, cerca de 20% do faturamento obtido pela real prestadora de serviços para o PT.
Na análise da quebra do sigilo bancário, autorizada pela Justiça Federal, a PF encontrou um repasse no valor de 110 000 reais feito pela Exergia Brasil, empresa de engenharia do sobrinho do ex-presidente que atua em Angola, para a Aquarela Print Comércio e Serviços de Impressões Gráficas, localizada em São Bernardo do Campo, grande São Paulo. A transferência foi feita no dia 6 de setembro de 2012, no mesmo período em que a Aquarela Print prestava serviços para as campanhas do PT em São Paulo e São Bernardo do Campo.
Antes de ser indiciado, o PT ofereceu ajuda ao sobrinho de Lula. Preocupado com a situação de Taiguara, o ex-presidente pediu para o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) dar uma assistência jurídica ao rapaz. O parlamentar se reuniu com o sobrinho de Lula e colocou à sua disposição os serviços do criminalista Roberto Podval, que topou trabalhar de graça para ajudar Taiguara. A estratégia deu certo. O sobrinho de Lula, que iria prestar um novo depoimento à PF, resolveu ficar em silêncio.