Sininho depõe contra PMs acusados de forjar flagrante
Ativista afirma ter visto agentes colocando rojão na mochila de adolescente
Ocorreu nesta quarta-feira, na Justiça Militar do Rio mais uma audiência do processo em que dois policiais militares fluminenses são acusados de forjar um flagrante contra um ativista durante manifestação promovida em 30 de setembro de 2013, no Centro do Rio. Arrolada como testemunha de acusação, a ativista Elisa Quadros, conhecida como Sininho, afirmou ter visto o primeiro tenente Bruno César Andrade Ferreira colocar um rojão na mochila do estudante Isac Galvão, de 15 anos, para incriminá-lo. Ele e o major Fábio Pinto Gonçalves respondem processo por constrangimento ilegal.
Os dois PMs já foram ouvidos pela juíza Ana Paula Barros em audiência promovida em 30 de abril. Eles negam o crime. Um vídeo feito por uma equipe de reportagem durante o protesto mostra o primeiro tenente jogando três morteiros aos pés de Isac, que caminhava com amigos pela Rua São José, no Centro. O major então deu voz de prisão a Isac, que foi algemado e levado à delegacia por outro PM, sob protestos de manifestantes. Durante a audiência, Elisa afirmou que o artefato havia sido apreendido com outro manifestante, que conseguiu fugir, e disse ainda ter alertado o major Pinto, que comandava a ação.
Outras duas testemunhas foram ouvidas. O sargento Alexandre Rocha, que algemou e conduziu o adolescente até a viatura policial, alegou não ter ouvido ninguém dizer que o rapaz era menor de idade – Elisa garante ter avisado. O sargento, que não teria participado da abordagem ao grupo, confirmou que a ordem de prisão partiu do major. O professor de História da rede estadual Eduardo Papargoeiros, último a depor, afirmou ter observado movimentação em torno de um manifestante que escapou da abordagem policial e que, minutos depois, viu os mesmos PMs indo em direção a outro jovem, que foi acusado de estar com morteiros na mochila.
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Investigada – No início da manhã, Elisa Quadros foi conduzida com outros sete manifestantes até a Delegacia de Repressão a Crimes contra a Informática (DRCI), na Cidade da Polícia para prestar depoimento. Logo depois, porém, ela precisou ser liberada para testemunhar no processo contra os PMs. A ativista deixou a DRCI pouco depois do meio-dia, mas deixou computador e eletrônicos, que foram alvos de busca e apreensão expedidos pela Justiça. Outros sete manifestantes também foram levados à delegacia.
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(Com Estadão Conteúdo)