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Beltrame ‘pede pra sair’

Um dia após guerra em favela ‘pacificada’ que causou pânico na Zona Sul, governo confirma saída do delegado, que ocupava o cargo há dez anos

Por Leslie Leitão Atualizado em 11 out 2016, 18h19 - Publicado em 11 out 2016, 12h08

O secretário de segurança pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, não suportou o colapso da pasta que comanda há uma década. No dia seguinte ao caos que se instalou na Zona Sul da cidade, com uma guerra nos morros Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, em Ipanema e Copacabana, o governo do Estado confirmou o pedido de exoneração do delegado federal. Beltrame deixa o cargo no momento em que os índices de criminalidade explodiram.

Em Brasília, o governador licenciado, Luiz Fernando Pezão, chegou a dizer que pediria para que Beltrame continuasse. “Mas entendo que ele esteja muito cansado”, disse. O subsecretário de Planejamento e Integração Operacional da secretaria, delegado federal Antônio Roberto Sá, foi escolhido para ser seu substituto e assumirá definitivamente a pasta na próxima segunda-feira.

O colapso na segurança pública e, em especial, no projeto das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), já vinha sendo percebido desde 2014, ou seja, bem antes da crise financeira pela qual passa o Rio de Janeiro. Para se ter uma ideia, ao final daquele ano, 101 policiais foram feridos e oito morreram nos territórios considerados ‘pacificados’. Nas ruas, os assaltos estabeleceram um recorde histórico: 158 078.

Como o site de VEJA mostrou, os dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) indicam que 2016 será ainda pior. O primeiro semestre registrou o maior número de assaltos na história para o período, 97.100, média de 534 por dia. Aliás, com os três policiais feridos no Pavãozinho ontem, o número de policiais baleados em UPPs chegou a 131, com outros 11 mortos. Ou seja: um novo recorde negativo se aproxima.

Beltrame, no entanto, insistiu em jogar a culpa em outras áreas do governo e da prefeitura, também comandada pelo PMDB. A crítica à falta de investimento social, por exemplo, era constante, o que irritava profundamente o prefeito Eduardo Paes, que tem na manga números expressivos de investimento no setor: mais de 2,1 bilhões de reais.

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Outro alvo constante de Beltrame para tentar justificar o espalhamento da violência – que atingiu áreas antes pacatas, como o interior do Estado – era a Polícia Federal. Para o secretário de segurança do Rio, a falta de fiscalização nas fronteiras fazia com que armas de guerra fossem despejadas diariamente na cidade. Certa vez, numa reunião dentro da sede da PF, em Brasília, o diretor geral da PF, Leandro Daiello, disparou, irritado: “Ele diz que não controlamos 17.000 quilômetros de fronteira, mas não consegue fechar duas entradas da Rocinha”.

Esses fatores também acabaram minando seu relacionamento com a própria instituição à qual pertence. Por isso, um retorno à PF  ficou inviável. O futuro de Beltrame ainda é incerto. A amigos próximos, ele diz ter um convite da Federação das Indústrias (Firjan) para criar um cargo e tocar projetos ligados à área de segurança. O desejo de morar fora do Brasil também pode ser contemplado. O próprio governo estava buscando uma vaga na Organização dos Estados Americanos (OEA), em Washington.

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