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Salvador: reeleição credencia ACM Neto como líder nacional do DEM

Vitória em Salvador no primeiro turno pavimenta caminho para o Democratas tentar retomar o governo do Estado ou participar de chapa presidencial em 2018

Por Felipe Frazão Atualizado em 3 out 2016, 00h54 - Publicado em 2 out 2016, 18h21

O prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), reelegeu-se com folga neste domingo para mais quatro anos de governo na capital baiana. Mais do que revelar um reconhecimento da gestão do democrata, a vitória no primeiro turno aponta caminhos sobre o futuro da política baiana.

ACM Neto recebeu 73,99% dos votos válidos. Alice Portugal (PCdoB) ficou com 14,55%. Pastor Sargento Isidório (PDT), com 8,61%. Claudio Silva (PP), com 1,46%; Fábio Nogueira (PSOL), com 1,04%; Célia Sacramento (PPL), com 0,23%; e Rogério da Luz (PRTB), com 0,13%.

As pesquisas de opinião sempre mostraram a aprovação da gestão de ACM Neto, cujo símbolo maior foi o resgate de cartões postais de Salvador, com obras para recuperação da orla. Os adversários o acusaram de fazer poucos investimentos em áreas pobres e de preterir o combate à desigualdade social na capital baiana em prol de intervenções cosméticas. Não colou. Desde janeiro, Neto era apontado como prefeito mais bem avaliado entre treze capitais brasileiras pelo Instituto Paraná Pesquisas. E os adversários nunca ameaçaram sua liderança ao longo da campanha eleitoral.

Apesar disso, o DEM despejou recursos na campanha. Um olhar sobre as contas da revela a importância dada pelo partido para chegar à vitória no terceiro maior colégio eleitoral do país. O prefeito reeleito arrecadou 7,3 milhões de reais declarados até este domingo, sendo 5 milhões de reais do fundo partidário, doados pelo Diretório Nacional do DEM. Por trás da vitória, o partido constrói a imagem de uma de suas apostas para renovar seus quadros. Os marqueteiros apresentam o prefeito como carismático, ligado ao povo, disposto ao trabalho e descontraído. Aos 37 anos, ACM Neto sai das urnas não só como herdeiro do carlismo, mas o político “de maior expressão nacional” do Democratas, reconhecem seus adversários locais.

O prefeito soube operar nos bastidores em prol do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, ao passo que administrava a capital onde o governo Temer possui a maior rejeição – 53% de ruim ou péssimo, conforme o Ibope. Dilma e Lula sempre tiveram sucesso eleitoral em Salvador, embora o PT nunca tenha elegido um prefeito. Justamente neste ano, o partido que governa o Estado há dez anos optou por não lançar um candidato próprio na capital, o que motivou críticas internas. Neto chegou a declarar que não “apostava fichas no impeachment”, mas embarcou na canoa do presidente Michel Temer e selou um acordo com o ministro de Governo, Geddel Vieira Lima, para ter como vice um nome do PMDB, Bruno Reis, ex-assessor e secretário dele na prefeitura.

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ACM derrotou, entre outros, candidatos da base aliada do governador Rui Costa (PT): a deputada federal Alice Portugal (PCdoB), que dedicou boa parte da campanha a propagandas do governo estadual e a combater o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, e o deputado estadual Pastor Sargento Isidório (PDT), o “Doido”, franco-atirador com histórico de declarações homofóbicas. O governador protagonizou programas de TV de Alice, nos quais exibiu obras tocadas pelo Estado, como o metrô e hospitais, e rivalizou boa parte do debate com ACM Neto, numa possível antecipação das eleições de 2018.

A vitória de ACM Neto o credencia como candidato ao governo do Estado ou até para pleitear uma vaga em chapa presidencial. O último político do DEM a disputar foi Índio da Costa em 2010, como candidato a vice-presidente de José Serra (PSDB). Índio está hoje no PSD e foi derrotado para a prefeitura do Rio. O DEM só lançou um candidato à Presidência desde a redemocratização: Aureliano Chaves, em 1989, ainda com a sigla PFL. Outros políticos em ascensão no partido, Ronaldo Caiado (senador por Goiás) e o Rodrigo Maia (presidente da Câmara dos Deputados) amargaram derrotas nas últimas tentativas de se eleger para cargos executivos.

Em público, ACM Neto sempre rechaçou intenções de disputar as eleições de 2018, embora tenha se dedicado a ajudar aliados na Região Metropolitana de Salvador. Mas essa decisão cada vez depende mais da disposição dele. E dos próximos passos da Operação Lava-Jato. O nome de ACM Neto já apareceu em listas de empreiteiras investigadas no petrolão. Ele nega irregularidades, mas as circunstâncias ainda não foram desvendadas pela força-tarefa da Lava-Jato.

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