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Saiba quem é o ex-procurador Marcello Miller, atacado por Temer

Ex-braço-direito de Janot, advogado citado por presidente deixou de ser procurador para atuar em escritório que negociou delação da JBS com Procuradoria

Por Da redação
Atualizado em 28 jun 2017, 11h04 - Publicado em 27 jun 2017, 19h09

O ex-procurador Marcello Paranhos de Oliveira Miller, atacado nesta terça-feira pelo presidente Michel Temer (PMDB) no pronunciamento em que se defendeu da acusação de corrupção passiva, foi uma espécie de braço-direito do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, até março deste ano, pouco antes do fechamento de acordo de delação premiada firmada pela Procuradoria com a JBS, em abril.

Ele integrava o grupo de trabalho recrutado por Janot para a Operação Lava Jato e ajudou a fechar os acordos de delação premiada do ex-diretor da Transpetro Sérgio Machado e do ex-senador Delcídio do Amaral. Ele se desligou do Ministério Público Federal para ser sócio de um escritório de advogados especializado em compliance (consultoria e auditoria para empresas atuarem em conformidade com as leis), a Trench Rossi Watanabe, que tem entre entre as atividades a negociação de delações.

O anúncio do afastamento de Miller ocorreu às vésperas da delação do empresário Joesley Batista, do Grupo J&F, que controla a JBS, que teve intermediação da Trench Rossi Watanabe. Questionada na época, a Procuradoria-Geral da República afirmou que Miller não participou da negociação e que existe uma cláusula de que ele não pode atuar pelo escritório nos acordos.

Na Procuradoria, Miller trabalhou por cerca de 13 anos, onde investigou casos de lavagem de dinheiro e crimes contra o sistema financeiro. Ele era considerado um dos mais especializados membros do MPF em direito internacional e penal. Além das delações de Delcídio e de Machado, ele também participou dos primeiros meses das tratativas sobre a delação da Odebrecht, mas deixou a equipe antes do fechamento do acordo. Desde o segundo semestre de 2016, ele se afastou do grupo de trabalho da Lava Jato,  nas se manteve colaborador eventual.  

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Em 2011, atuou como delegado do Brasil no grupo de trabalho da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) para avaliar o sistema anticorrupção da Espanha e da Suécia em relação ao suborno de funcionários públicos.

Miller é Bacharel em direito pela UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) e tem mestrado em direito internacional pela mesma universidade. O advogado completou a formação no Instituto Rio Branco, que forma diplomatas, e atuou por cinco anos no Ministério das Relações Exteriores, tendo participado de missões internacionais.

Ilação

No pronunciamento desta terça-feira, Temer ressaltou que não faria “ilações”, mas que, usando a mesma lógica que atribui a Janot na formulação da denúncia ao STF, poderia dizer que os “milhões” recebidos por Miller talvez não tenham ficado somente com ele, “homem da mais estrita confiança do procurador-geral”.

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“Vocês sabem que a Procuradoria tem uma quarentena  [para quem deixa o cargo], mas não houve quarentena nenhuma. Ele saiu e já foi trabalhar para essa empresa e ganhou, na verdade, milhões em poucos meses, o que talvez levaria décadas para poupar. Garantiu a seu novo patrão [se referindo a Joesley] um acordo benevolente, uma delação que tira o seu patrão das garras da Justiça, gera impunidade nunca antes vista”, atacou Temer.

Em nota, Miller disse que não praticou irregularidade. “Não cometi nenhum ato irregular, mas não responderei às afirmações a meu respeito pela imprensa. Apenas me manifestarei perante as autoridades com competência para examinar os fatos e com interesse na aferição da verdade”.

Veja o pronunciamento do presidente Temer:

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