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Rolos do compadre de Lula seguem sem desfecho

Por Da Redação
5 fev 2009, 06h28

O que dizia a reportagem de VEJA

O caso de falência de uma pequena construtora paulista ameaça manchar a reputação do advogado Roberto Teixeira, compadre e melhor amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No processo, que corre na 2ª Vara de Falências de São Paulo, os sócios da FGS Engenharia e Construções Ltda. acusam Roberto Teixeira de ter-se apropriado ilegalmente do patrimônio imobiliário da empreiteira. Segundo eles, Teixeira se aproveitou de sua condição de advogado da FGS para desviar os bens da construtora para outra empresa, a Triza Consultoria e Empreendimentos Imobiliários Ltda. Hoje, a Triza pertence às duas filhas de Teixeira, Valeska e Larissa, e é presidida por sua mulher, Elvira. Os sócios da FGS alegam ainda que os bens em poder da Triza seriam mais do que suficientes para pagar as dívidas que eles deixaram na praça. Na sua avaliação, esses imóveis poderiam render uma soma superior a 16 milhões de reais, duas vezes mais que o valor do calote. As denúncias feitas pelos sócios da FGS à Justiça levaram o Ministério Público paulista a investigar o envolvimento de Roberto Teixeira em crime de fraude falimentar. A promotora encarregada do caso, Maria Cristina Viegas, analisa também um pedido de bloqueio dos bens da Triza e até a possibilidade de pedir a decretação de sua falência. Se isso ocorrer, o patrimônio pessoal da mulher e o das filhas do advogado ficarão indisponíveis até que as dívidas da FGS sejam quitadas.

O desvio dos bens da FGS teria sido arquitetado no fim de 2001. O sócio majoritário da construtora, Arnaldo Carvalho, resolveu adquirir a Triza, até então de propriedade de um ex-diretor do Bradesco, João Zacari. Comprou a empresa com a assistência jurídica de Roberto Teixeira. Nesse meio tempo, a FGS entrou em colapso. Em sessenta dias, Carvalho transferiu secretamente para a Triza todos os bens valiosos da FGS. As dívidas da empreiteira se acumularam e os títulos protestados idem. A FGS não tinha mais caixa nem bens para pagar seus compromissos. Os dois sócios de Arnaldo Carvalho, Cesário Soubihe e Francisco Cezário, começaram a suspeitar de seu parceiro. Ainda assim, concordaram em pedir a concordata da FGS, sugerida por Roberto Teixeira. Como era o dono da Triza, Carvalho continuou sendo proprietário dos bens mais valiosos da FGS. Mas só pagou a Zacari a primeira prestação da compra da Triza. Por isso, meses depois, o ex-diretor do Bradesco tomou sua empresa de volta. Só então Zacari soube que a companhia havia sido usada como receptadora dos imóveis da FGS. Três anos depois, Zacari foi contatado por um corretor de imóveis que queria comprar a empresa para si. No momento em que foi assinar o contrato de transferência, descobriu que Roberto Teixeira advogava para esse corretor. “Todo mundo que apareceu para comprar a empresa tinha o Roberto Teixeira como advogado”, disse Zacari. Em 2006, finalmente, a Triza deixou de ser propriedade do corretor para passar a ser uma empresa registrada no nome de Valeska e Larissa, as filhas de Teixeira.

O que aconteceu depois

• Cinco meses depois da publicação da reportagem de VEJA, uma ação da Justiça bloqueou a transferência de três imóveis da falida FGS Engenharia e Construções Ltda. à Triza, das filhas do advogado Roberto Teixeira, Valeska e Larissa Teixeira. A ação partiu do sócio minoritário da FGS, Cesário Gebram Soubihe. Recentemente foi descoberto um pedido de falência registrado na 2ª Vara de Falências de São Paulo em nome das filhas de Teixeira.

• Os rolos envolvendo o amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não pararam por aí. Em junho, Roberto Teixeira foi citado pela ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Denise Abreu como autor de tentativa de influenciar a aprovação da venda da Varig ao fundo Matlin Patterson e a três sócios brasileiros. A denúncia acabou envolvendo a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, que teria pressionado a diretoria da Anac a não cobrar todos os documentos necessários para o negócio. A ministra chegou a admitir ter recebido Teixeira pelo menos duas vezes no Palácio do Planalto para falar sobre a venda da Varig. Antes, VEJA já questionava o motivo de a proposta da TAM, de 738 milhões de dólares, ter sido recusada e a da Gol, de 320 milhões, ter sido aceita pelos controladores da companhia aérea.

• Em julho de 2008, uma reportagem da VEJA apontou novos indícios de que o advogado Roberto Teixeira fez tráfico de influência. Na ocasião, ele finalmente admitia ter recebido 5 milhões de dólares para atuar no caso Varig. Desde então, o compadre do presidente Lula desapareceu dos noticiários.

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