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Retorno à escola é o melhor para superar o trauma, dizem especialistas

Psiquiatras apontam necessidade de retomada da rotina. Período de surgimento de sintomas preocupantes vai de dois meses a um ano após o choque

Por Da Redação
18 abr 2011, 12h55

Alunos, pais e professores da escola municipal Tasso da Silveira, na zona oeste do Rio, começam nesta segunda-feira o longo e dificílimo trabalho de tentar retomar a rotina. Em um regime especial, com horários reduzidos e atividades mais de readaptação que pedagógicas, os quase mil estudantes tentarão freqüentar novamente o local onde 12 crianças foram assassinadas pelo criminoso Wellington Menezes de Oliveira, há 11 dias. Por mais doloroso que pode parecer o retorno, o reencontro com a escola e com as atividades de antes da tragédia é, para o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), uma etapa necessária, um caminho obrigatório para a recuperação de todos os que de alguma forma foram afetados pelo massacre.

“A recuperação passa pela volta da rotina. E retomar essa rotina é algo que deve-se procurar fazer o mais rápido possível. Para isso os pais devem acompanhar as crianças ao longo do primeiro mês, se necessário. A escola é a segunda casa da criança, e ela precisa se reencontrar naquele ambiente”, diz o psiquiatra Fábio Barbirato.

A ABP, por meio do atendimento psiquiátrico da Santa Casa de Misericórdia do Rio, vai fazer o acompanhamento psiquiátrico dos alunos e oferecerá orientação às famílias. Como explica Barbirato, neste momento todos naquele grupo sofrem com o luto, a dor da perda abrupta e violenta de pessoas com quem conviviam. O período crítico para o surgimento de sintomas de estresse pós-traumático começa geralmente dois meses após o choque. “Até dois meses, o que se manifesta é o luto. Todos sentem isso. Passado esse período, começamos o acompanhamento para identificar sintomas. O período crítico para o surgimento desses sinais é de dois meses a um ano após o episódio”, detalha o presidente da ABP.

Na última sexta-feira, profissionais das secretaria de Educação e de Saúde do estado acompanharam palestras e um treinamento do psiquiatra norte-americano Timothy Brewerton, um especialista em distúrbios alimentares e em tratamento com crianças e adolescentes. O encontro, naturalmente, acabou sendo dominado pelas experiências dos psiquiatras dos Estados Unidos com os jovens submetidos aos traumas dos massacres em escolas, como em Columbine. “A experiência nos Estados Unidos mostra que alguns jovens manifestam os sintomas e são afetados pelo trauma mesmo 10 anos depois do episódio. Por isso o acompanhamento é importante. É necessário deixar que a criança supere seu medo aos poucos. Se quer dormir de luz acesa, os pais devem permitir. Eles não devem ser forçados a falar sobre o tema, só quando manifestarem vontade de se expressar sobre isso. É um longo período de reconstrução da confiança, da sensação de segurança”, explicou Brewerton.

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Transformação – A mudança no espaço físico deve ajudar a virar a página. As duas salas onde ocorreram a maior parte das mortes não serão mais usadas para aulas: uma será uma biblioteca, a outra um espaço para atendimento de crianças com necessidades especiais.

Durante o fim de semana, o muro externo da escola foi pintado de branco, e estão previstas mudanças também por dentro. Em vez de números, as salas de aula serão identificadas por cores. E o início das atividades será com atividades artísticas. “A intenção neste momento é dar apoio psicológico às crianças e, só depois de analisar a resposta dos professores e alunos, poderemos retomar as atividades curriculares”, explicou o diretor da escola, Luiz Marduk.

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