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Quase metade do Congresso tem parentes na política

Levantamento inédito da ONG Transparência Brasil aponta que 44% dos deputados e 64% dos senadores são familiares de outros políticos

Por Daniel Jelin Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 4 jun 2014, 08h32

Quase metade dos parlamentares têm parentes na política: 44% dos deputados e 64% dos senadores. É o que mostra mapeamento inédito das ligações familiares de congressistas eleitos em 2006 e 2010, por estado, partido, idade e gênero, feito pela ONG Transparência Brasil.

A Região Nordeste tem a maior proporção de congressistas com parentes políticos: 60% dos deputados e 70% dos senadores. É o caso dos presidentes das duas casas, o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) e o senador Renan Calheiros (PMDB-AL). O pai de Renan foi prefeito e vereador de Murici (AL). Seu irmão Olavo é deputado estadual, seu irmão Renildo é prefeito de Olinda (PE), seu irmão Remi é prefeito de Murici (AL) e o filho, Renan Calheiros Filho, é deputado federal pelo PMDB. Alves é filho do ex-governador do Rio Grande do Norte Aluizio Alves, sobrinho do ex-prefeito de Natal Agnelo Alves e do senador Garibaldi Alves, primo do ministro da Previdência (e senador licenciado) Garibaldi Alves Filho e do atual prefeito de Natal (RN), Carlos Eduardo Alves.

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Mulheres – O levantamento da Transparência Brasil encontrou mais laços familiares entre parlamentares mulheres: 58% das deputadas e 91% das senadoras. Muitas delas são ou foram casadas com políticos – ou as duas coisas, no caso de Lauriete (PSC-ES), mulher do senador Magno Malta e ex do ex-deputado Reginaldo Almeida. Estão neste grupo, entre outras: as deputadas Marinha Raupp (PMDB-RO), mulher do senador Valdir Raupp; Elcione Barbalho (PMDB-PA), ex-mulher do senador Jader Barbalho; e a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), mulher do ex-deputado e atual ministro das Comunicações, Paulo Bernardo.

Partidos – Na Câmara, DEM e PMDB têm as bancadas com a maior proporção de políticos com familiares na política, 67% e 64%, respectivamente, incluindo: o líder do DEM, Mendonça Filho (PE), filho, irmão, cunhado e primo de políticos; e Nilda Gondim (PMDB-PB), que é filha do ex-governador da Paraíba Pedro Gondim, foi casada com o ex-deputado Vital do Rêgo e é mãe do senador Vita do Rêgo Filho e do ex-prefeito de Campina Grande Veneziano Vital do Rêgo.

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No Senado, as taxas mais altas são do PP (100%), PSDB (82%) e PMDB (78%). Todos os cinco senadores pepistas têm laços familiares com políticos, entre eles Francisco Dornelles (PP-RJ), primo de Getúlio Vargas, sobrinho de Tancredo Neves e também primo do senador e presidenciável Aécio Neves (PSDB-MG), por sua vez é neto de Tancredo e filho do ex-deputado Aécio Cunha.

O PMDB do Senado abriga representantes de alguns dos mais poderosos clãs regionais, entre eles o ex-presidente José Sarney (AP), pai do deputado Sarney Filho (PV-MA) e da governadora do Maranhão, Roseana Sarney; Lobão Filho (MA), filho do ministro Edison Lobão e da deputada Nice Lobão; além de Renan (AL) e Barbalho (PA), entre outros.

Leia também: Lei da Ficha Limpa pode barrar 16 deputados e 1 senador

Clãs – Obviamente, não há nada de errado em seguir a carreira de um parente. Mas a disputa eleitoral não pode se resumir ao “pedigree” dos candidatos. O levantamento da Transparência Brasil chama atenção para o fato de que a maioria dos novos rostos do Congresso são, na verdade, membros mais jovens de velhos clãs políticos. Dos 228 deputados com parentes na política, 53% são “herdeiros”. Entre os menores de 40 anos, 64% integram clãs. Entre os menores de 30 anos, a proporção chega a 78%. E isso que o levantamento só considera parentes eleitos e suplentes que efetivamente tenham assumido a cadeira, deixando de fora da conta secretários e candidatos derrotados nas urnas.

O peso de um sobrenome fica evidente no batismo político: vários herdeiros adotam a marca do parente famoso, em vez de seu próprio nome civil. Zeca Dirceu (PT-PR), filho do ex-ministro preso José Dirceu, chama-se José Carlos Becker de Oliveira e Silva; Irajá Abreu (PSD-TO), filho da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), é Irajá Silvestre Filho; Marcelo Matos (PDT-RJ), irmão de Sandro Matos, prefeito de São João do Meriti, foi registrado como Marcelo Viviani Gonçalves; e André Moura (PSC-SE), filho dos ex-deputados Reinaldo e Lila Moura, chama-se André Luis Dantas Ferreira.

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Sobrevivência – Um Congresso em que o poder passa de uma geração a outra da mesma família pode acabar moldando uma base parlamentar avessa a mudanças, alerta Natália Paiva, coordenadora de projetos da Transparência Brasil. Isso na hipótese mais benevolente. Mais grave, a parentada pode servir como último recurso de políticos desgastados ou mesmo impedidos de disputar eleições.

Em 2010, temendo encrencar-se com a Lei da Ficha Limpa, Joaquim Roriz desistiu da candidatura ao governo do Distrito Federal em favor da mulher, Weslian, cujo despreparo entraria para o anedotário da política brasileira. No fim, por decisão do Supremo Tribunal Federal, a lei não valeu para a corrida eleitoral de 2010.

As eleições de 2014, portanto, serão as primeiras de âmbito estadual e federal na vigência da lei. E vários caciques já preparam a entrada em cena de seus herdeiros de ficha limpa. Entre os novatos que podem disputar seu primeiro mandato este ano estão Natanzinho, filho do deputado cassado e preso em 2013 Natan Donadon (ex-PMDB-RO), e Expedito Neto, filho do ex-senador pelo PSDB Expedito Júnior (GO), cassado em 2009.

Políticos parentes de políticos
Políticos parentes de políticos (VEJA)
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