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Promotor ironiza negro, babá e pobre e vira alvo de investigações

Avelino Grota, do MP-SP, foi denunciado à Procuradoria-Geral de Justiça e à Corregedoria por postagem em que diz que negro 'é catinguento' e 'pobre é feio'

Por Da Redação
3 out 2017, 19h41

O promotor de Justiça Avelino Grota, do Ministério Público Estadual de São Paulo, enfrentará investigações na Procuradoria-Geral de Justiça e na Corregedoria por causa de um texto que, segundo ele, ironizava o arquivamento de uma investigação sobre a exigência de clubes paulistanos para que babás usassem uniformes brancos em suas dependências. Em um grupo privado de promotores no Facebook, Grota escreveu uma postagem com diversas ofensas a pobres, negros e babás.

As mensagens foram reveladas pelo blog do Fausto Macedo, no jornal O Estado de S. Paulo. Elas foram postadas entre os dias 25 e 26 de agosto. Foi justamente em 25 de agosto que o Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu arquivar os inquéritos que a Promotoria de Direitos Humanos havia aberto para investigar a discriminação de clubes paulistanos ao regular a vestimenta de babás.

“Analisei, ponderei e cheguei a algumas conclusões. Vamos a elas. Pobre, em regra, é feio; babá, em regra, é pobre; logo, babá, em regra, é feia”, disse Grota. “E negro, como todos sabem, tem o péssimo costume de não dar muita atenção à higiene – tanto do corpo quanto da roupa”. Em seguida, o promotor enumera razões que justificariam o uso do uniforme branco pelas babás, todas elas carregadas de termos ofensivos.

“É por isso que negro, em geral, é catinguento, porque sua muito e, não tomando a quantidade diária certa de banhos, acaba fedendo mais do que o recomendável. Daí porque o uso da roupa branca pelas babás é uma solução muito adequada”, afirma, em certa passagem do texto.

Após a repercussão do texto, Grota voltou ao grupo do Facebook para dizer que “qualquer colega de boa-fé” compreendeu “que tudo o que nele [no post] está escrito é rigorosamente irônico – ou, mais propriamente, sarcástico”.

Ele criticou o promotor – que não nomeou – que tirou o texto de contextualização e vazou o seu conteúdo para a imprensa e para um grupo de delegados no Whatsapp, o que, segundo ele, causou “o regojizo de algumas autoridades da Polícia Civil que nunca tiveram grande apreço pelo MP”. Grota também lamentou que outro promotor tenha entrado com as representações.

“O fato é que o colega que vazou, se não entendeu a ironia ou o sarcasmo, foi seletivo, porque vazou apenas o texto principal e dois dos três primeiros comentários, omitindo todos os demais, nos quais, se dúvida alguma havia sobre a natureza do post, ficava esclarecido que todo ele era e é rigorosamente uma crítica à obrigatoriedade do uso do branco pelas babás, e não, obviamente, um devaneio racista sobre negros ou um panfleto classista contra pobres”, afirmou.

O promotor disse que se considera negro, que não nasceu “em berço de ouro” e que jamais manifestou preconceito contra ninguém. Grota declarou que responderá aos processos administrativos no tempo certo e que avaliará se tomará alguma medida judicial contra o colega que fez a representação às instâncias superiores do MP.

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