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Polícia diz que vizinhos são suspeitos de linchar mulher até a morte

Fabiane Maria de Jesus, de 33 anos, foi arrastada e espancada no Guarujá (SP) acusada por moradores de sequestrar crianças para rituais de magia negra. Polícia diz que não há indícios desse tipo de crime

Por Felipe Frazão 5 Maio 2014, 17h13

Moradores do bairro Morrinhos, no Guarujá (SP), são os principais suspeitos de linchar até a morte a dona de casa Fabiane Maria de Jesus, de 33 anos. A principal linha de investigação da Polícia Civil é que Fabiane foi confundida com um retrato falado espalhado nas redes sociais, atribuído a uma suposta sequestradora de crianças que praticava rituais de magia negra. Amarrada e espancada nas ruas do bairro, ela acabou sendo vítima de mais uma inaceitável ação de “justiceiros” no Brasil.

A Polícia Civil ainda não sabe quantas pessoas participaram do linchamento, mas já tem imagens da agressão coletiva, feitas com telefones celulares e divulgadas na internet. Investigadores fazem buscas e procuram testemunhas em Morrinhos, bairro com mais de 20.000 habitantes, na periferia do Guarujá.

“Tudo indica que os autores são da comunidade mesmo. As imagens são fracionadas, mas permitem a identificação de pessoas que tenham relacionamento com os suspeitos. Ainda não sabemos quantas pessoas efetivamente participaram das agressões”, disse o delegado Luiz Ricardo Lara, do 1º Distrito Policial de Guarujá.

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O bairro Morrinhos é dividido em quatro glebas. Fabiane morava com familiares em Morrinhos 1 e sofreu o espancamento em Morrinhos 4, distante de sua casa. Segundo as investigações, ela saiu de casa sozinha para caminhar, mas a polícia ainda não sabe como ela chegou ao local do espancamento.

Familiares de Fabiane já prestaram depoimento à polícia. O marido dela relatou que a mulher fazia acompanhamento psiquiátrico. Eles não relataram perseguições anteriores a Fabiane.

A família e os investigadores suspeitam que a dona de casa tenha sido confundida com uma mulher que teve dois retratos falados divulgados na internet. As imagens são acompanhadas por textos alertando pais e mães para não deixarem seus filhos nas ruas, porque poderiam ser alvo de sequestro para rituais de magia negra.

A polícia, entretanto, é categórica ao afirmar que não tem nenhum registro de acontecimentos desse tipo no Guarujá. “Os fatos veiculados pelas redes sociais são inverídicos. Pelo menos até agora, não há registro aqui na cidade de Guarujá, em qualquer dependência policial, de fato caracterizado como sequestro de criança. Nenhum boletim de ocorrência”, disse o delegado. Boatos similares, espalhados com as mesmas imagens, já haviam sido desmentidos em cidades no Rio de Janeiro.

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Sigilo – O advogado da família de Fabiane, Airton Sinto, pede que a polícia investigue os responsáveis por divulgar o boato na cidade. O advogado do dono do perfil “Guarujá Alerta” no Facebook, página que veiculou notícias sobre a existência de uma suposta sequestradora de crianças em Morrinhos, comunicou à Polícia Civil que abrirá os arquivos on-line para consulta dos investigadores.

O responsável pelo perfil ainda não se apresentou para prestar depoimento. Em nota, o “Guarujá Alerta” afirma que sempre se referiu ao assunto como “boato”.

“Ainda é prematuro responsabilizar penalmente os mantenedores do perfil na rede social”, disse o delegado, responsável pelo inquérito policial.

https://youtube.com/watch?v=39AvAKJ3I_w

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