PM é inocentado e decisão pode mudar julgamento de chacinas
Victor Cristilder dos Santos era a ligação entre a morte de um homem e a série de assassinatos que matou 23 pessoas na Grande São Paulo em agosto de 2015
A Justiça absolveu sumariamente um policial militar da participação da série de homicídios que ocorreu em agosto do ano passado em Osasco, Carapicuíba e Barueri, na Grande São Paulo, em que 23 pessoas foram assassinadas. Segundo a edição desta quarta-feira do jornal Folha de S. Paulo, a decisão, publicada na segunda-feira, deve provocar um efeito cascata no julgamento dos crimes que ainda serão analisados pelo Judiciário e que estão ligados às chacinas.
O cabo Victor Cristilder dos Santos, de 31 anos, era acusado pelo Ministério Público de ter matado um homem em 8 de agosto de 2015, em Carapicuíba. O crime ocorreu um dia depois da morte de um PM de Osasco durante roubo a um posto de combustível, o que, segundo as investigações, foi o estopim para os homicídios.
Por causa da ligação entre os crimes, a Justiça determinou a prisão de quatro pessoas, sendo três policiais militares, entre eles Santos, e um guarda municipal que trocou mensagens com esse PM na noite de 13 de agosto – quando dezenove pessoas foram mortas em Osasco e Barueri.
“A absolvição sumária do réu é medida que se impõe. Isso porque ficou demonstrado […] que o acusado não é o autor dos fatos”, diz a juíza Danielle Câmara Grandinetti, da 1ª Vara Criminal de Carapicuíba, na sentença que absolveu Santos. A magistrada diz ainda que a acusação contra o policial militar se “baseia exclusivamente na palavra de uma testemunha protegida” que apresentou um depoimento “contraditório, lacunoso e por vezes inverossímil”.
Santos fez a própria defesa e, segundo Danielle, ele sabia apontar cada uma das falhas de seu processo. “Em juízo, porém, ele negou veementemente a acusação, demonstrou que estudou o processo e bem exerceu seu direito de autodefesa.”
De acordo com a Folha, a absolvição de Santos no caso de Carapicuíba deve ter reflexos no processo principal, de Osasco, já que, em sua decisão, Danielle afirmou que ficou provada a inexistência de uma “organização paramilitar, milícia privada com finalidade de cometer crimes em especial homicídios” – conforme sustenta a Promotoria.
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Essa ligação, também sustentada pela Promotoria no processo de Osasco, seria prova da ligação dos quatro réus do processo. A decisão foi encaminhada à juíza de Osasco para conhecimento. “A Justiça de Osasco deve seguir o mesmo caminho porque a testemunha é a mesma. Ele [Santos] está no processo de Osasco, mas a acusação contra ele é a morte de Carapicuíba, morte da qual está absolvido”, disse à Folha o advogado João Carlos Campanini.
Apesar da absolvição, Santos segue preso pelas mortes de Barueri e Osasco, assim como os outros três. Todos estão presos desde outubro do ano passado.