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Palocci intermediou caixa dois para campanha de Lula

Informação consta da delação do casal de marqueteiros, cujo sigilo foi levantado pelo STF. Segundo delatora, Lula sabia dos repasses não oficiais

Por Renato Onofre e Eduardo Gonçalves
Atualizado em 11 Maio 2017, 15h01 - Publicado em 11 Maio 2017, 13h54

No acordo de colaboração premiada, cujo sigilo foi levantado pelo Supremo Tribunal Federal, o casal de marqueteiros João Santana e Mônica Moura relata que o ex-ministro Fazenda Antônio Palocci intermediou os pagamentos por fora para a campanha à reeleição do ex-presidente Lula, em 2006, logo após vir à tona o escândalo do mensalão. De acordo com o relato do marqueteiro petista, Lula teria incumbido Palocci de intermediar a contratação de Santana para a campanha de reeleição.

À Procuradoria-Geral da República, Mônica Moura afirmou que a primeira negociação com Palocci ocorreu em seu escritório particular, em São Paulo, quando  já não era mais ministro — ele foi titular da Fazenda de 2003 a 2006. Na ocasião, Palocci teria dito a ela que parte do dinheiro teria de ser paga de maneira não oficial em espécie e a outra parte pela Odebrecht. Para isso, orientou-a a procurar o executivo Pedro Novis, que à época comandava a empreiteira.

Para Mônica, Lula sabia do montante não contabilizado destinado à sua campanha, porque Palocci falou por diversas vezes que teria de consultá-lo e ter a sua autorização por causa do valor alto. A campanha, segundo a delatora, custou 24 milhões de reais — 13,7 milhões de reais entrou via caixa 1 e cerca de 10 milhões via caixa dois.

O casal prosseguiu, contando que o combinado era que metade dos 10 milhões seria paga por Palocci em dinheiro vivo com o objetivo de criar empecilhos para o rastreamento da soma. E a outra metade seria quitada pela Odebrecht em transferência para contas no exterior.

Mônica Moura detalha que, entre 2006 e 2007, viajou constantemente a São Paulo para recolher o dinheiro em espécie, que geralmente era entregue dentro de caixas de roupas e sapatos por Juscelino Dourado, ex-chefe de gabinete de Palocci. O ponto de encontro usual era a loja de chá Tee Gschwendner do Shopping Iguatemi, na Zona de Sul de São Paulo.

Os outros 5 milhões de reais foram transferidos pela Odebrecht para a conta Shellbill, sediada na Suíça, entre 2006 e 2007.

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Para ter o acordo de delação premiada fechado, o casal entregou três documentos à procuradoria — os contratos dos repasses oficiais, o extrato da conta na Suíça e uma agenda de Mônica na qual constavam as reuniões com o ex-assessor de Palocci, as viagens para São Paulo e jantares com Palocci.

Alvos da 23ª fase da Operação Lava Jato, o casal foi responsável pelo marketing das campanhas à reeleição de Lula em 2006 e de Dilma Rousseff em 2010 e 2014. Eles tiveram o acordo de delação premiada homologado pelo ministro do STF Edson Fachin, relator da Lava Jato na Corte, que retirou o sigilo do seu conteúdo.

 

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