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Pais aprovam as escolas ruins

Por Guilherme Amorozo
16 ago 2008, 14h43

Uma pesquisa encomendada por VEJA à CNT/Sensus revela que, apesar da péssima colocação das escolas brasileiras em rankings internacionais de educação, pais e professores aprovam o ensino ministrado no país. Para 89% dos pais com filhos em escolas particulares, o dinheiro é bem gasto e tem bom retorno. No outro campo, 90% dos professores se consideram bem preparados para a tarefa de ensinar. Como mostra a reportagem de capa da edição desta semana da revista, baseada no levantamento, essa satisfação esconde o abismo da dura realidade ¿ o ensino no Brasil é péssimo, está formando alunos despreparados para o mundo atual, competitivo, mutante e globalizado.

Em comparações internacionais, os melhores alunos brasileiros ficam nas últimas colocações. No último ranking internacional mais respeitado, os estudantes do Brasil aparecem em situações vexaminosas ¿ 53º lugar em matemática e 52º em ciências em uma lista de 57 países. Isso significa que os sistemas educacionais público e privado continuam produzindo estudantes incapazes de compreender um texto e de realizar com destreza as operações aritméticas, portais de uma vida profissional e pessoal plena.

Esquerdização ¿ Além de mascarar o fato de que nossa educação vai de mal a pior, a aprovação quase generalizada das escolas ¿ especialmente por parte dos pais ¿ não os permite enxergar outro problema grave que ocorre hoje nas salas de aula: a tendência prevalente entre os professores brasileiros de esquerdizar a cabeça das crianças. A doutrinação esquerdista é predominante em todo o sistema escolar privado e particular. É algo que os professores levam mais a sério do que o ensino das matérias em classe, conforme revela a pesquisa CNT/Sensus encomendada por VEJA.

O levantamento ouviu 3.000 pessoas de 24 estados brasileiros, entre pais, alunos e professores de escolas públicas e particulares. Sua conclusão nesse particular é espantosa. Os pais (61%) sabem que os professores fazem discursos politicamente engajados em sala de aula e acham isso normal. Os professores, em maior proporção, reconhecem que doutrinam mesmo as crianças e acham que isso é sua missão principal ¿ algo muito mais vital do que ensinar a interpretar um texto ou ser um bamba em matemática.

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Para 78% dos professores, o discurso engajado faz sentido, uma vez que atribuem à escola, antes de tudo, a função de “formar cidadãos” ¿ à frente de “ensinar a matéria” ou “preparar as crianças para o futuro”. Adversária do exercício intelectual, a ideologização do ensino pode ser resultado em parte também do despreparo dos professores para o desempenho da função. No ensino básico, 52% lecionam matérias para as quais não receberam formação específica ¿ 22% deles nunca freqüentaram faculdade.

Che Guevara ¿ Está claro, e a própria experiência mostra isso, que o viés político retira da escola aquilo que deveria, afinal, ser seu atributo número 1: ensinar a pensar ¿ verbo cuja origem, do latim, significa justamente pesar. Diz o sociólogo Simon Schwartzman: “O verdadeiro exercício intelectual se faz ao colocar as idéias e os juízos numa balança, algo que só é possível com uma ampla liberdade de investigação e de crítica”.

Não é o caso na maioria das salas de aula. Muitos professores brasileiros se encantam com personagens que em classe mereceriam um tratamento mais crítico, como o guerrilheiro argentino Che Guevara, que na pesquisa aparece com 86% de citações positivas, 14% de neutras e zero, nenhum ponto negativo. Descubra quais conseqüências nefastas essa visão pode ter sobre os alunos, e o que o Brasil precisa fazer para melhorar a sua educação, na íntegra da reportagem de capa (exclusiva para assinantes).

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