O ministro das Relações Institucionais, José Múcio, declarou nesta sexta-feira que membros do governo precisam ter cuidado com o que se fala ao telefone, pois sempre existe a possibilidade de se estar grampeado. “Hoje não adianta fazer varreduras nos telefones, estou convencido que o meu telefone é uma rádio comunitária, de maneira que nem faço mais varredura. É só ter a responsabilidade para não ter de dizer coisas que gerem dupla interpretação”, afirmou o ministro em um evento para governadores do Nordeste, em Teresina.
Múcio se mostrou preocupado com julgamento que se possa fazer a partir de escutas irresponsáveis. “O fundamental é que se saiba fazer a distinção entre uma acusação e o julgamento, e saber se os fatos são contundentes ou não”.
A fala de Múcio reverbera as declarações dadas na quinta-feira pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, que admitiu que a prática de grampo a conversas telefônicas é excessiva no país. Para ele, é preciso se acostumar a falar pelo telefone sempre imaginando que outra pessoa está ouvindo.
Tarso adiantou que a proposta do governo de alteração da legislação sobre escutas telefônicas prevê, por exemplo, a proteção de informações relacionadas à intimidade dos investigados. O ministro se colocou a favor do descarte de todo o material gravado que não tenha relação com a investigação: “Antes da sentença, isso tem que ser queimado, porque não pode ficar em poder de ninguém, porque devasta a intimidade das pessoas”.
Dantas – Em ato público na seção da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio (OAB-RJ), Tarso falou ainda sobre as críticas aos excessos cometidos pela Polícia Federal na prisão do banqueiro Daniel Dantas, do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta e do megainvestidor Naji Nahas. Na opinião dele, as reações aos métodos da PF – que teve a desaprovação do presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes – só ocorreram porque as investigações atingiram integrantes de uma “camada privilegiada” da sociedade.