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O poderoso Cunha

O recém-eleito presidente da Câmara dos Deputados emerge como uma força surpreendente, capaz de demitir ministro e imprimir derrotas acachapantes ao Planalto. Até onde ele quer chegar?

Por Adriano Ceolin
21 mar 2015, 01h00

Ao anunciar no plenário da Câmara, impávido por trás dos óculos, que o ministro da Educação acabava de ser demitido, o presidente da Casa, Eduardo Cunha, dirimiu qualquer dúvida sobre a relação existente entre o poder e o vácuo. Como na natureza, o primeiro abomina o segundo. Sendo assim, ao enfraquecimento do Poder Executivo, materializado na reprovação recorde da presidente Dilma Rousseff, sobreveio o imediato fortalecimento do Legislativo – embalado na figura até há pouco desconhecida de Cunha.

Eleito para o quarto mandato de deputado federal com 233 000 votos, Eduardo Cunha conquistou a presidência da Câmara dos Deputados em fevereiro, contra a vontade da petista. Desde então, ele vem impondo à presidente uma sequência de derrotas e constrangimentos. Quanto mais ela se fragiliza, mais ele exercita os músculos. Esse intercâmbio de poder ficou claro na semana passada. Cunha convocou Cid Gomes a prestar esclarecimentos na Casa por ter declarado que lá se encontravam “300 ou 400 achacadores”. Cid entrou ministro da Educação e quando saiu era ex-ministro. Cunha exigiu a sua demissão e conseguiu. Para sublinhar a vitória, anunciou ele próprio a saída do ministro – fez isso sentado em sua cadeira de presidente da Câmara e antes mesmo da divulgação oficial da notícia.

Ao mandar para casa um quadro pertencente à cota pessoal da presidente e peça-chave na estratégia governista de reduzir o poder do PMDB, Cunha, aos olhos de correligionários, “vingou” a sigla. Colegas passaram a chamá-lo de “primeiro-ministro”. “Ele se tornou a principal pessoa a enfrentar o PT e o governo. Isso estava faltando ao nosso partido”, diz o ex-pre­si­den­te José Sarney. Não que a proverbial incontinência verbal da família Gomes não tenha facilitado a façanha.

Cid Gomes – como já havia feito antes seu irmão, Ciro Gomes, ex-ministro também e ex-candidato à Presidência da República – caiu praticamente sozinho, derrubado pela própria língua. Sua fala no plenário da Câmara começou com uma tentativa débil de se desculpar e terminou aos berros, com mais acusações de achaque, dessa vez dirigidas especialmente ao presidente da Casa. Orientado por ele, o PMDB ameaçou abandonar a base governista. “Se a presidente não o demitisse, estaria indicando que não há Legislativo no Brasil”, declarou Eduardo Cunha. “Apenas defendi o Poder. O conceito de Parlamento submisso estava muito enraizado.” A presidente não gosta do deputado. Em privado, já repetiu o que Cid Gomes disse em público.

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Dilma não tem força para confrontar o peemedebista ou se impor ao Congresso. Isso é novidade no presidencialismo brasileiro, um sistema cuja estabilidade repousa no excessivo poder do chefe do Executivo e na fragmentação dos partidos no Congresso.

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