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O mistério da Rocinha: para onde foram os traficantes?

Apesar do foco na retomada do território, falta de prisões preocupa a população. Das centenas de criminosos da favela, só cinco foram capturados

Por Da Redação
14 nov 2011, 14h22

No segundo dia de ocupação das favelas da Rocinha e do Vidigal, o número de presos ainda é pequeno, para um lugar que a polícia julgava ter até 400 criminosos. O sucesso da incursão sem confronto armado é indiscutível, mas o passado recente das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) mostra que, com traficantes livres, não há paz. Apesar da prisão de alguns ‘peixes grandes’ do tráfico de drogas dessa região, entre eles o chefe do bando, a captura de homens que comandavam atrocidades e desafiaram o estado é uma satisfação à sociedade da qual o governo do estado não pode fugir.

Desde a tomada da Rocinha, na madrugada de domingo, só cinco pessoas foram presas. A ausência de uma reação armada já indicava que, dessa vez, a estratégia da quadrilha não seria a de enfrentar a polícia e a Marinha. Rocinha e Vidigal são separados por uma mata densa, repleta de pequenas trilhas que os bandidos dominam sua própria casa. Conhecem tão bem que a iniciativa do Batalhão de Operações Especiais (Bope) de acampar na mata deu em nada: as equipes que chegaram 36 horas antes da ocupação para cercar os caminhos da floresta não encontraram bandidos.

Um sargento do Bope que passou a noite na mata contou, nesta segunda-feira, que também não estão sendo encontradas armas. “Ainda estamos na mata. Os fuzileiros passaram com detector de metal e não acharam nada. O que mais encontramos foram restos de despachos de umbanda. É cedo para descartar qualquer hipótese”, diz.

No domingo, os policiais foram para a Rocinha com apenas 23 mandados de prisão em mãos. Ou seja: fora os condenados já procurados pela Justiça, só seria possível capturar os traficantes em flagrante, portando armas ou drogas, cometendo algum delito ou resistindo a ordens da tropa.

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O tamanho e a complexidade da geografia da Rocinha são complicadores para a polícia. Sem mandado judicial, um criminoso que até o sábado desfilava seu fuzil pode perfeitamente ficar em casa, trocar de roupa, descer para São Conrado e desaparecer em um ônibus. Antevendo o risco de um fracasso nas prisões, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, em seu primeiro pronunciamento após a ocupação, no domingo, minimizou a importância das prisões, pelo menos neste estágio da ocupação. “O objetivo é libertar a população do jugo do fuzil”, destacou.

Beltrame tem razão. As prisões, no primeiro momento da ação, não são a prioridade. Mas a população se preocupa, com razão, com o baixo número de bandidos capturados. Os traficantes remanescentes são a pedra no sapato da UPP do Fallet e do Fogueteiro, onde a corrupção derrubou o comandante e o subcomandante da unidade recém-criada. No Alemão, o Exército está às voltas com ações de traficantes que tentam desestabilizar a ocupação e tentam jogar o estado contra a população.

As apreensões de material na Rocinha deixam claro que a estimativa de centenas de bandidos não estava exagerada. Às 11h desta segunda-feira foi divulgado novo balanço do material recolhido. Os itens que mais chamam atenção são cerca de 16 mil munições de diversos calibres, 20 pistolas, 15 fuzis, uma submetralhadora, três granadas, 171 carregadores e 61 bombas artesanais.

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A Rocinha, como já sabia a polícia, também funcionava como um entreposto para diversos tipos de crimes. A polícia recuperou até agora 75 motocicletas, dois automóveis, 50 cartões de crédito, 27 máquinas caça-níqueis e diversos produtos roubados.

Em entrevista à Globonews na manhã desta segunda-feira, Beltrame afirmou que, depois do controle do território, a fase é de vasculhar a favela e de estabelecer contato, apresentar o trabalho e conquistar a confiança dos moradores. São eles, moradores, quem mais pode ajudar a localizar os criminosos. A polícia pede que moradores denunciem esconderijos e locais armas, drogas e produtos roubados pelos telefones (21) 2253-1177, o serviço 190 da PM, ou o gabinete da Chefia de Polícia Civil (21 2332-9915).

(Com reportagem de Cecília Ritto)

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