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Multidão multicolorida se mobiliza na Cúpula dos Povos

Por Por Claire de Oliveira
15 jun 2012, 16h21

Os mantras repetitivos Hare Krishna ressoam em frente à Baía de Guanabara, e são interrompidos, subitamente, por gritos guturais: o cacique Raoni, com sua arma tradicional em punho, anuncia com uma dança sua chegada à Cúpula dos Povos, principal evento paralelo da conferência Rio+20.

“Ainda estou vivo para lutar contra as coisas que o homem branco fez contra nós, contra a natureza”, afirmou, diante de centenas de pessoas, o cacique caiapó de 82 anos, conhecido em todo o mundo por sua luta pela preservação da Amazônia.

Organizada pela sociedade civil, a Cúpula dos Povos começou nesta sexta-feira com a participação de diversos grupos religiosos e centenas de ativistas.

Indígenas de todo o Brasil com pinturas de guerra, adeptos do candomblé vestidos de branco e seguidores da filosofia Hare Krishna se dirigiam ao Parque do Flamengo, em frente à baía, tendo o Pão de Açúcar como pano de fundo.

Espera-se que 15.000 pessoas participem a cada dia das mais de 600 atividades desta cúpula alternativa, celebrada a 40 km das negociações oficiais da ONU, no Riocentro.

“Vim aqui para tentar conhecer os métodos de luta contra as mudanças climáticas, precisamos trabalhar fora do sistema e temos muito a aprender com os indígenas”, disse à AFP Erynne Gilpin, de 23 anos, estudante canadense de origem indígena.

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Uma porta-voz do Movimento Interreligioso que se identifica apenas como Graça explica que a meta é “dar visibilidade aos povos e às religiões mais vulneráveis”. Uma grande passeata está prevista para o domingo em Ipanema, acrescenta.

“Os elementos que formam o planeta são a base do candomblé: terra, ar, água e fogo. É por isso que somos defensores do meio ambiente”, declara Renato de Obaluayê, sacerdote desta religião afro.

O professor de Economia H. M. Desarda, da Universidade de Hyderabad (Índia), participará de uma mesa redonda desta cúpula alternativa.

“Nosso planeta está ameaçado. O inimigo número um é o atual estilo de vida estúpido que levamos”, afirma o professor, antes de citar Gandhi: “a Terra tem o suficiente para cada um. Necessidade, não cobiça”.

Um grupo de indígenas da Amazônia, vindos ao Rio pela primeira vez após uma viagem de dois dias em ônibus, tiram fotos em frente a iates próximos.

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Eles acampam no Sambódromo. Outros indígenas montaram uma aldeia tradicional, batizada de “Kari-Oca”, perto do Riocentro, na zona oeste do Rio. No total, são aguardados 1.600 indígenas de todo o mundo.

“Estamos preocupados com o futuro do meio ambiente. Queremos saber o que os governos vão fazer com os povos que sempre protegeram a floresta. Queremos alternativas econômicas para os produtos que temos nas nossas terras”, declara Irineu Baniwa, procedente de São Gabriel da Cachoeira (Amazonas), na fronteira com a Venezuela.

“Os países desenvolvidos continuam contaminando o mundo. Como vão reduzir suas emissões de CO2?”, pergunta.

No Riocentro, onde se celebra a conferência oficial, as negociações que começaram na quarta-feira se estenderam mais que o previsto porque em um contexto de crise econômica internacional os países mais ricos não estão dispostos a financiar o desenvolvimento sustentável.

José Wiliam de Souza, funcionário de meio ambiente do governo do estado do Ceará, participa da conferência oficial, mas nesta sexta-feira trocou o Riocentro pelo Parque do Flamengo para “observar o que os povos tradicionais podem fazer para proteger o meio ambiente”.

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“Aqui se expressa o sentimento do povo. Ou a sociedade civil se implica ou não chegaremos a nada. O Riocentro é o institucional e o poder de decisão”, acrescentou.

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