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Moro interpreta como ‘ameaça’ aceno de Palocci em depoimento

Juiz federal entende que o ex-ministro, condenado hoje a doze anos de prisão, tentou mandar recados para que 'terceiros' ajudassem a tirá-lo da cadeia

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 26 jun 2017, 17h53 - Publicado em 26 jun 2017, 15h56

Depois de negar por cerca de duas horas ao juiz federal Sergio Moro que tivesse administrado uma conta-corrente de propina entre a Odebrecht e o PT, o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antonio Palocci finalizou seu depoimento como réu, no dia 20 de abril, colocando-se à disposição do magistrado para entregar “fatos, com nome, endereço, operações realizadas e coisas que certamente vão ser do interesse da Lava Jato”. Disse ainda que suas revelações renderiam a Moro e à força-tarefa da operação ao menos mais um ano de trabalho e que só não falaria naquele momento, em audiência pública, pela “sensibilidade da informação”.

Como amostra do poder de fogo das revelações que guarda em sua cela em Curitiba, Palocci citou uma “grande personalidade do meio financeiro” que lhe procurou para falar sobre recursos de campanha em nome de “uma autoridade do primeiro escalão do governo”. Ele também deu a entender que tem conhecimento de irregularidades praticadas em outros setores da economia que não o petroquímico, como o de comunicação, frigoríficos e da construção civil.

Na sentença em que condenou Antonio Palocci a passar doze anos, dois meses e vinte dias na prisão, conhecida nesta segunda-feira, Sergio Moro mostra que não se convenceu com a versão do ex-ministro para os 130 milhões de reais que ele intermediou criminosamente entre o departamento de propinas da empreiteira e candidatos do PT nas eleições de 2008 e 2010 e muito menos com o aceno público do petista a colaborar com a Justiça.

Para Moro, o gesto de Palocci teve outras intenções e os destinatários do recado não eram, necessariamente, o juiz e os procuradores da Lava Jato. Embora o ex-ministro negocie uma delação premiada com o Ministério Público Federal, o magistrado interpretou as declarações dele “como uma ameaça para que terceiros o auxiliem indevidamente para a revogação da preventiva, do que propriamente como uma declaração sincera de que pretendia naquele momento colaborar com a Justiça”.

Ao justificar a prisão preventiva do petista, que se estende desde a Operação Omertà, em setembro do ano passado, Moro assinalou que Palocci “é um homem poderoso e com conexões com pessoas igualmente poderosas e pode influir, solto, indevidamente contra o regular termo da ação penal e a sua devida responsabilização”.

Se o ex-ministro e executivos da Odebrecht não tivessem sido presos preventivamente, diz o juiz federal, “estariam hoje discutindo acerca de novos repasses do saldo de sessenta e seis milhões de reais da conta corrente geral de propina”.

Essa é a primeira condenação do petista na operação que investiga um esquema de corrupção na Petrobras. Além da prisão, Antonio Palocci terá que arcar com uma multa de 1,06 milhão de reais.

Alessandro Silvério, advogado de Palocci, informou que o ex-ministro recorrerá da decisão. O defensor diz que, assim como nas alegações finais, vai sustentar que as acusações feitas na denúncia do Ministério Público Federal são “fatos atípicos” e que o petista é inocente.

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