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Moraes, sobre guerra de facções: ‘Não falo de criminosos’

Em reunião no Palácio Guanabara, ministro da Justiça evitou comentar o racha entre PCC e Comando Vermelho, que já deixou 18 mortos no norte do país

Por Leslie Leitão
Atualizado em 17 out 2016, 19h26 - Publicado em 17 out 2016, 16h23

Em meio a uma grave crise na segurança pública nacional – que ganhou ingredientes ainda mais preocupantes com a guerra iniciada entre duas facções criminosas que já resultou em 18 mortes em cadeias de Roraima e Rondônia – o novo secretário da pasta para o Rio de Janeiro, delegado federal Antônio Roberto Sá, foi apresentado na manhã de hoje, logo após seu primeiro compromisso oficial no cargo, uma reunião com o ministro da Justiça, Alexandre Moraes, e os governadores licenciado, Luiz Fernando Pezão, e em exercício, Francisco Dornelles, no Palácio Guanabara, em Laranjeiras.

As autoridades discursaram sobre projetos futuros e deram poucos detalhes do plano de segurança que está sendo discutido desde maio, com propostas que serão apresentadas para tentar conter o caos que vem se espalhando por todo o país. Para a Cidade Olímpica, eles acreditam que o grande legado será a integração das forças de segurança, apesar de o estado ter registrado o maior número de assaltos da história justamente no mês de agosto, período dos Jogos, quando havia mais de 50 000 homens reforçando o patrulhamento das ruas.

Moraes foi indagado sobre o racha entre o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), as duas maiores facções criminosas do país, revelada pelo site de VEJA no domingo. No Rio de Janeiro, quase 100 presos da quadrilha oriunda de São Paulo foram transferidos de unidade nas últimas 72 horas. No Norte, não deu tempo e o massacre começou. Em Roraima, um dos dez presos mortos foi o líder do CV no estado, Valdenei de Alencar, o Vida Loka. “Não comento sobre criminosos. Mas não é possível combater de forma séria e dura o crime organizado se não começarmos pelos presídios”, disse o ministro.

Os anúncios mais esperados do encontro não foram feitos. Sobre o pedido para que as Forças Armadas e a Força Nacional permaneçam no Rio de Janeiro após o segundo turno das eleições, o festival de respostas vagas indica que isso não deverá ocorrer. O ministro disse apenas que não serão feitas intervenções temporárias, como ocorreu outras vezes nos últimos anos: “Não queremos algo temporário, o que chamamos de operação saturação. Porque assim você ganha durante um período, mas não ataca as causas do problema. O que vamos fazer nesse novo plano nacional de segurança é algo permanente”, afirmou Alexandre de Moraes.

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Entre as medidas que têm sido estudadas estão o aumento de pena para quem utiliza armas pesadas como fuzil  e o abrandamento da punição para crimes como furto e estelionato (que passariam a responder em liberdade, diminuindo a superlotação das cadeias do país). O ministro revelou ainda que um mapeamento vem sendo feito para dar uma “resposta coordenada ao tráfico de drogas e armas e fazer o controle de como isso tudo chega aqui ao Rio, por exemplo”. Roberto Sá acenou com a possibilidade de recriar a Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (Drae), unidade extinta pelo ex-secretário José Mariano Beltrame, por uma briga política com a Polícia Civil. “Quero algo a exemplo do que era a Drae. Essas são as armas usadas na lógica do terror, como fuzis e explosivos.”

O fim da especializada fez com que a polícia prendesse menos traficantes de armas e tivesse menos informações de quem seriam esses abastecedores das favelas cariocas. “Vamos monitorar facções, e assim pretendo cada vez mais entender a lógica pela qual se organizam as facções criminosas. Como fazem esse tráfico de drogas e de armas, porque essa é uma grandes causas da violência do Rio de Janeiro”, disse Sá, que durante os últimos dez anos foi o subsecretário Operacional de Beltrame.

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Roberto Sá apareceu sozinho e agradeceu a seu sucessor, mas a ausência de Beltrame causou certa estranheza, já que não houve a protocolar passagem de bastão. Aliás, também não foram convidados para o encontro o comandante-geral da PM, coronel Edison Duarte, e o ainda chefe de Polícia Civil, Fernando Veloso, que já pediu exoneração. Ficou claro que ambos não faziam parte dos planos e, com isso, Duarte pediu demissão no fim da tarde. O nome de seu substituto já foi anunciado: será o ex-corregedor da PM, coronel Wolney Dias Ferreira.

O novo secretário falou em fortalecer as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), que chamou de ‘projeto exitoso’, apesar do colapso que começou em 2013 e que, a cada dia, registra mais tiroteios, mortos e feridos. Para se ter uma ideia, desde que começaram a ser instaladas essas UPPs, em dezembro de 2008, as favelas consideradas ‘pacificadas’ já registraram 470 policiais baleados, sendo que, desses, quarenta acabaram morrendo.

O desafio que Sá terá pela frente é grande. Apesar de ser apresentado como pupilo de Beltrame, pessoas próximas dizem que ele dará uma nova diretriz à pasta. O novo secretário recebe uma secretaria em colapso financeiro – somadas todas as forças, as dívidas já passam de 1 bilhão de reais – e, além do problema das UPPs, terá o desafio de diminuir os índices de assaltos, que devem fechar o ano de 2016 como o pior de todos os tempos.

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