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Menina de 5 anos é 4ª morte confirmada na tragédia de Mariana

Bombeiros continuam as buscas por 22 desaparecidos na enxurrada de lama que devastou um vilarejo de Mariana (MG); três funcionários da mineradora também foram encontrados mortos

Por Da Redação
10 nov 2015, 11h53

O Corpo de Bombeiros confirmou nesta terça-feira a quarta morte em decorrência do rompimento de duas barragens da mineradora Samarco, em Mariana, no interior de Minas Gerais. A vítima, que foi identificada pelos familiares no necrotério da cidade, é a menina Emanuele Vitória Fernandes, de 5 anos. Além de Emanuele, tiveram as mortes confirmadas até agora o funcionário da Samarco Claudio Fiuza, de 41 anos, e os empregados terceirizados da mineradora Aparecido Leandro, de 48 anos, e Sileno Narkevicius de Lima, 47 anos.

Emanuele se soltou da mão do pai enquanto a família tentava escapar da enxurrada de lama que devastou o vilarejo de Bento Rodrigues na última quinta-feira. Seu corpo foi encontrado no distrito vizinho de Ponte do Gama. A vítima foi velada no cemitério da cidade sob forte comoção. A mãe da criança, grávida, que escapou da tragédia, passou a manhã debruçada sobre o pequeno caixão branco da menina. O avô de Emanuele, o vigia Francisco Izabel, de 65 anos, foi quem reconheceu a criança. “Reconheci pelos dedinhos da mão, que eram tortinhos, e pelos dentes”, diz o avô.

“O pai estava tentando resgatar ela e o menininho (irmão de Emanuele), mas ela ‘escapuliu’. Assim mesmo tentamos entrar na lama, mas não a alcançamos, ela sumiu, apareceu mais uma vez e depois afundou de novo. Ainda consegui ouvir dois gritos dela”, lembra o avô. “Falaram depois que o helicóptero iria buscá-la e que tinha resgate”. Chorando, o avô não escondeu a revolta por causa do incidente. “Era uma menina sadia, doce, alegre, uma boneca. A gente vê essa coisa, que é uma irresponsabilidade do Meio Ambiente, um órgão que tinha como cuidar das coisas, e da Samarco, que com ganância pelo dinheiro fez o que fez”, disse, desolado.

O corpo da menina deve ser enterrado ainda nesta terça no Cemitério de São Gonçalo, também localizado em Mariana. O pai da menina, que está internado desde o desastre, passa por cirurgia também hoje, segundo contaram familiares.

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Segundo o último boletim da corporação, os bombeiros ainda estão em busca de 22 desaparecidos – onze funcionários da mineradora e onze moradores do vilarejo Bento Rodrigues, em Mariana. Nesta terça, também foi tirada uma idosa da lista de desaparecidos. Maria Aparecida Vieira, de 65 anos, foi encontrada na casa de parentes, onde estava desde quinta. Como mais pesssoas estão sendo retiradas de lugares ilhados pela lamaçal, o número de desabrigados subiu para 631, de acordo com cálculos do Corpo de Bombeiros.

Ainda nesta terça-feira foi percebido um pequeno abalo sísmico, de 2,1 graus, em Ouro Preto (MG), segundo o Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP). Pessoas que acompanhavam a operação de resgate dos bombeiros chegaram a ser orientadas a deixar o local. Na segunda-feira, um tremor de 2,2 graus foi registrado em Mariana.

Os resíduos da extração do minério de ferro que ficavam retidos pelas barragens formaram uma espécie de “onda de lama” que alcançou os rios da região e se desloca para cidades do Espírito Santo. Por onde o fluxo de lama passa, o abastecimento é cortado devido à possibilidade de a água estar contaminada pelos rejeitos.

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O promotor de Justiça do Meio Ambiente do Ministério Público do Estado de Minas Gerais Carlos Eduardo Ferreira Pinto afirmou ontem que o incidente “não foi fatalidade”, mas resultado de um “erro de operação” e “negligência”. “Não foi acidente, não foi fatalidade. O que houve foi um erro na operação e negligência no monitoramento operação”, disse Ferreira Pinto, em entrevista ao Jornal da Globo, da Rede Globo.

(Com Estadão Conteúdo)

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