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Máfia da merenda: delator diz que fez repasses a Capez

Em delação premiada, Marcel Ferreira Júlio afirmou à Procuradoria de Justiça de São Paulo que o tucano recebeu 450.000 reais do esquema para sua campanha

Por Da redação
Atualizado em 11 out 2016, 14h05 - Publicado em 11 out 2016, 13h59

O lobista Marcel Ferreira Júlio afirmou em delação premiada à Procuradoria-Geral de Justiça de São Paulo que o deputado estadual Fernando Capez (PSDB), presidente da Assembleia Legislativa paulista, recebeu 450.000 reais para sua campanha à reeleição em 2014.

Em troca, segundo Ferreira Júlio, o tucano teria intercedido em favor da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf), acusada pelo Ministério Público de fraudar licitações da merenda em dezenas de prefeituras e que mirava ainda contratos da Secretaria de Educação do governo Geraldo Alckmin (PSDB).

A integra da delação de Marcel Júlio foi divulgada no SPTV Segunda Edição, da Rede Globo. São 23 páginas de relato prestado a um procurador de Justiça, a três promotores e a um delegado da Polícia Civil do Estado.

O depoimento do lobista foi tomado no dia 1º de abril. Marcel contou que, em 2014, foi procurado pelo presidente da cooperativa, Cássio Chebabi. Segundo o delator, Chebabi lhe disse que a Coaf venceu chamada da Secretaria da Educação do Estado para um contrato de 10 milhões de reais. O lobista procurou, então, Licá Gutierrez, assessor de Capez, no escritório político do parlamentar à Rua Tumiaru, perto da Assembleia.

Ele contou que uma vez foi atendido pelo próprio tucano. Marcel Júlio afirma que o deputado, à sua frente, ligou para o então chefe de gabinete da Educação de Alckmin, Fernando Padula, e foi informado que o edital havia sido cancelado por erro da secretaria.

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Ainda segundo o lobista, Capez “esfregou indicador e polegar das duas mãos, rindo”. “Não esquece de mim, hein, estou sofrendo em campanha”, teria dito o presidente da Assembleia Legislativa. Para o lobista, o gesto de Capez significava que ele “queria dinheiro”.

Duas semanas depois, Jéter Rodrigues, que também trabalhava com Capez, o chamou no gabinete do deputado, na Assembleia. Segundo Marcel Júlio, o assessor lhe disse que precisava de carros para a campanha de Capez. E que depois de uma nova chamada da Educação, em 21 de agosto daquele ano, Jéter o chamou e disse. “Agora, precisamos falar em valores.”

Segundo Marcel, o acerto foi fechado, 2% do valor do contrato para Jéter e 450.000 reais para a campanha de Capez. Ele diz ter ouvido uma advertência: se não honrasse o combinado, os pagamentos do Estado seriam “bloqueados”. Um dos pagamentos, ele afirmou, no valor de 20.000 reais, foi realizado dentro da Assembleia Legislativa a um assessor de Capez.

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Fernando Capez nega taxativamente ter recebido valores ilícitos da organização criminosa que fraudava licitações da merenda escolar.

Quando a Operação Alba Branca foi deflagrada e seu nome citado nas investigações, o próprio parlamentar abriu mão espontaneamente do sigilo bancário e fiscal. “Essa delação é de abril, foi requentada. No último depoimento ao Tribunal de Justiça ele (Marcel Júlio) diz que jamais tratou de dinheiro comigo, e que nem tinha intimidade para tanto. E mais, este trecho da delação não foi confirmado por nenhuma testemunha. Além disso, (Fernando) Padula diz que jamais recebeu ligação minha”, disse o deputado.

(com Estadão Conteúdo)

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