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Kassab: “Descarto a criação de novas taxas”

Por Irene Ruberti
25 jul 2008, 16h19

Quais problemas da cidade são mais urgentes e que medidas de curto prazo podem ser adotadas imediatamente para atacá-los?

Tenho três colunas mestras no meu governo: saúde, educação e transporte público. São prioridades definidas desde que assumi, há quase dois anos atrás. Mas antes, a atual administração lutou muito para livrar a cidade do caos financeiro, do falso planejamento, da improvisação, demagogia e colocou São Paulo no rumo certo. Os principais programas na saúde, na educação, no transporte, como metrô, na urbanização de favelas, nos cuidados com a cidade estão dando certo e vamos continuá-los, com seriedade. Como economista, preocupa-me a inflação que está aí na porta. O eleitor é inteligente, não vai se deixar enganar por megalomanias. Em menos de dois anos, tenho certeza de que fiz muito. Continuo prefeito e quero mais ser prefeito – e só prefeito – agora por quatro anos. Não parei de trabalhar, aumentei recentemente o benefício do Bilhete Único, que passou a ter três horas de validade, estou inaugurando novas AMAs, novos CEUs, asfaltando ruas, limpando praças, criando parques, entregando remédio em casa e vou continuar trabalhando duro, porque é minha obrigação e estou de corpo inteiro na Prefeitura.

Qual é a primeira medida que o (a) senhor(a) pretende anunciar assim que assumir o cargo?

Mais uma vez repito: não vou tirar da cartola nenhuma promessa mirabolante. A população espera que eu continue os investimentos em saúde, educação e transporte. Sinto isso na rua, nas escolas com dois professores na sala de aula, nas AMAs, nos dois novos hospitais de M’Boi Mirim e Cidade Tiradentes, nos novos parques. Reeleito, farei mais investimentos no metrô, na canalização de córregos, na melhoria do trânsito. Sou o único prefeito a investir pesado no metrô nos últimos 20 anos. A população aprova o trabalho da Prefeitura, como confirmam as pesquisas. Nossa gestão aplica mais de 50% do orçamento em educação e saúde, priorizando de verdade a área social. Ao assumir o cargo, continuarei acordando às 5 e meia, 6 horas e enfrentando, com firmeza, os problemas da cidade. Sempre pensando nos que mais precisam de saúde, educação, transporte. Sempre estarei presente, porque, repito, quero ser prefeito. E só prefeito.

Qual é o projeto que o (a) senhor(a) gostaria de ver implantado até o fim da sua gestão, mas admite que será muito difícil concretizá-lo?

É cobrir a cidade inteira de metrô. A Prefeitura, depois de 28 anos, voltou a investir no metrô. A administração anterior não investiu nada no metrô, não tem moral, agora, para falar de melhoria de trânsito e de que vai investir no metrô. Não investiu por quê? Eu estou destinando R$ 1 bilhão da prefeitura para o metrô. Eu sei que não vou entregar essas obras, que demoram mais de quatro anos para ficarem prontas. Se os prefeitos que me antecederam tivessem pensado como eu, São Paulo hoje teria o dobro de metrô.

A Prefeitura tem verba suficiente para o (a) senhor(a) implementar seus projetos?

Com responsabilidade e competência, é possível aumentar a parte do orçamento voltado para os investimentos e para a área social. Foi o que eu fiz. Nós continuamos o trabalho começado pelo governador José Serra e recuperamos as finanças da cidade. Nesse aspecto, a administração anterior foi um descalabro. Descarto a criação de novas taxas. O cidadão brasileiro já paga imposto demais. A minha gestão mostrou que é possível fazer mais e melhor com o mesmo dinheiro. Como economista, tenho intimidade com planilha de custo, investimento, cálculos, o que não era o forte da administração anterior.

Os três primeiros colocados nas pesquisas já tiveram experiência administrativa, na Prefeitura ou no governo do Estado. Qual é a iniciativa que o (a) senhor(a) considera a mais representativa da sua gestão e qual projeto de cada um de seus dois adversários imediatos tem sua aprovação? Investi em educação e em saúde mais do que manda a lei. Prioridade sem aplicação de recursos não é prioridade, é demagogia. Foi dessa forma que depois de 18 anos, a cidade ganhou dois novos e grandes hospitais (em Cidade Tiradentes e no M�Boi Mirim), 110 AMAs, 217 novas escolas (sendo 25 CEUs). Acabei de vez com as salas e escolas de lata e estamos trabalhando duro para eliminar o turno de estudos das 11h às 15h, o chamado “turno da fome”, entre outros investimentos. Acho que a realização mais importante da minha gestão é o desempenho das áreas da saúde e educação. Sobre os adversários, prefiro não comentar. Um teve 12 anos no governo e fez muito pouco pela cidade. A outra teve quatro, e a cidade não se esquece do que aconteceu.

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São Paulo tem muitos problemas, mas também qualidades. O que o(a) senhor(a) considera o ponto forte da metrópole e como dar condições para que se desenvolva ainda mais?

A cidade se torna invencível quando usa seu poder de mobilização. Foi o que aconteceu com o Cidade Limpa. Cada cidadão de São Paulo construiu, com a sua participação, a Cidade Limpa. Quando falei que era possível, que era importante que a cidade mostrasse a sua cara, ninguém acreditou. Precisamos enfrentar interesses poderosos, mas fomos em frente. Às vezes é importante ir contra a corrente. O paulistano quer uma cidade mais limpa, recapeada, asfaltada, com calçadas bonitas, com pracinhas limpas, com terrenos baldios sem lixo, ônibus novos, com viradas culturais. São pequenas atenções, pequenos carinhos. Sinto-me bem ao fazer isso. O sucesso do Cidade Limpa prova que é possível tornar São Paulo uma cidade mais humana, mais organizada, mais solidária, mais fraterna, mais pacífica, mais justa. Quando a cidade quer, ela consegue.

Quanto o (a) senhor(a) pretende gastar em sua campanha e como vai custeá-la?

O teto de gastos é R$ 30 milhões. Não significa que vamos gastar tudo isso. O financiamento da campanha será feito rigorosamente dentro da lei.

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O (a) senhor(a) costuma freqüentar áreas públicas, como parques? Como aproveita as opções de lazer que a cidade oferece?

Tenho um carinho muito especial pela Universidade de São Paulo, a USP, onde fiz duas faculdades, Engenharia e Economia. Foram anos muito felizes e importantes na minha formação. Gosto de freqüentar parques. Por sinal, dobrei o número de parques da cidade, de 31 para 60, e encontrei áreas suficientes para elevar o número de parques da cidade para cem. Plantamos mais de 500 mil árvores, mais do que todas as gestões anteriores. O que gosto mesmo é ir ver as pessoas passeando, as famílias com seus filhos, os jovens correndo, praticando esporte nas praças e parques que fizemos ou reconstituímos, limpamos e aparelhamos. Repito: isso humaniza a cidade.

Como os congestionamentos têm afetado sua rotina na cidade? Tem gasto mais tempo em seus deslocamentos por causa da lentidão?

Como todos os cidadãos, eu também sou afetado pelo trânsito. A frota da cidade chegou a um número impressionante: 6 milhões de veículos. A própria Vejinha já revelou: são quase mil carros novos todo dia nas ruas da cidade. Para mim, a prioridade na questão do trânsito é o transporte coletivo de qualidade para as pessoas deixarem os carros em casa. A Prefeitura passou a construir corredores de ônibus de verdade, com pontos de ultrapassagem, como Expresso Tiradentes e o Celso Garcia. Voltamos a investir no metrô, como eu eu disse. Entregamos 6.000 ônibus novos, modernos e confortáveis. O caminho é melhorar o transporte público.

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Várias iniciativas nos últimos anos buscaram a revitalização da região central da cidade. Que locais do centro o (a) senhor(a) costuma freqüentar e como faz para se deslocar pela região?

Eu gosto de visitar a Sala São Paulo e ver como toda aquela região está sendo radicalmente transformada. Nós voltamos os olhos para a recuperação do Centro e temos no Projeto Nova Luz o modelo para o desenvolvimento de grandes cidades como a nossa, nas próximas décadas: revalorização de áreas degradadas dentro da malha urbana já consolidada. Criamos uma série de incentivos para as empresas se instalarem na região e estamos levando órgãos da prefeitura para lá. Criamos também a Virada Cultural, uma série de shows que atrai a atenção de todo o País pelo apego que desperta à cultura, mas principalmente pela mudança da relação do paulistano com o Centro da cidade. A relação do cidadão com o Centro está mudando.

O salário de prefeito de São Paulo é de pouco mais de R$ 12 mil, menos do que o (a) senhor(a) receberia exercendo sua profissão na iniciativa privada, mas com muito mais cobranças. Por que o (a) senhor(a) quer ser prefeito de São Paulo?

Eu nasci em São Paulo, cresci em São Paulo, sempre vivi em São Paulo. Meu pai é médico, sempre passou sua sensibilidade no tratamento das pessoas e o valor da saúde; minha mãe era professora, desde garoto a via com pilhas de provas, se debruçando em uma por uma. E me dizia que as crianças precisavam tanto de estudo como de comida, pois com estudo elas conseguiriam se sustentar a vida inteira. Nunca esqueci disso. Amar a cidade, para mim, é cuidar da saúde e da educação. Fizemos muito, há muito o que fazer. E é isso que me motiva.

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Descreva como o (a) senhor(a) acha que será a São Paulo de 2028.

Minha utopia é a Cidade Limpa não apenas em seu visual, mas em todas as suas dimensões. Eu quero uma Cidade Limpa da injustiça, da desigualdade, da desonestidade, do desrespeito. Uma Cidade Limpa em que a solidariedade seja a maior característica, uma cidade em que cada pessoa e cada família possam viver em paz. Uma cidade em que cada um tenha a oportunidade de viver em liberdade e desenvolver o seu potencial, realizar o seu ideal de vida. Uma cidade que permita, a cada um e a todos os seus cidadãos, a felicidade. É sonho? Sim, mas não é probido sonhar.

Como o (a) senhor(a)gostaria de ser lembrado pelas futuras gerações de paulistanos?

Como um prefeito que colocou São Paulo no rumo certo. Um administrador que se preocupou com as pessoas. Minha cabeça e meu coração estão nesta cidade desafiadora.

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