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JBS patrocinou projeto de anistia ao caixa dois

A empresa revelou, em delação premiada, a disposição de bancar também a aprovação do projeto contra o abuso de autoridade

Por Felipe Frazão Atualizado em 19 Maio 2017, 20h46 - Publicado em 19 Maio 2017, 20h44

A delação da JBS, maior doadora das últimas campanhas, revela um especial interesse em aprovar leis que descomplicassem seu futuro nos tribunais, frente às diferentes investigações que pairam sobre o grupo empresarial. Os donos da companhia subornaram parlamentares em prol da aprovação da anistia ao caixa dois e da nova legislação de abuso de autoridade.

Um dos que receberam dinheiro foi o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que recebeu 2 milhões de reais e disse estar “mergulhado nessa agenda”, conforme diálogo gravado pelo delator Joesley Batista, um dos donos do frigorífico. O tema também permeou outra conversa gravada escondido por Joesley: a audiência entre ele e o presidente Michel Temer no Palácio do Jaburu. Apareceu ainda mais explicitamente nos diálogos com o deputado Rodrigo Rocha Loures, que assessorou Temer na Presidência.

“O Aécio se mostrou muito incomodado com a delação da Odebrecht e depois fez comentários em relação à necessidade de aprovar o abuso de autoridade e a lei para anistiar o caixa dois para resolver, que ele tinha conversado com o Rodrigo Maia [presidente da Câmara dos Deputados] e o presidente Michel Temer”, disse Joesley em depoimento aos procuradores da República.

Ouça a conversa entre Joesley e Aécio:

Leia aqui a transcrição do diálogo.

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Visto como um tentativa dos parlamentares de se livrar de futuras punições por crimes descobertos pela Lava Jato, o projeto de anistia ao caixa dois volta e meia retorna à pauta do Congresso. Deputados e senadores encrencados judicialmente tentam embutir a anistia em projetos de lei que tratam de outros temas.  A intenção é estabelecer um marco temporal para determinar que, a partir da promulgação de uma nova lei, o caixa dois passe a ser crime definido penalmente – na prática, isso faria com que os crimes eleitorais cometidos no passado, antes da lei, fossem anistiados.

Já o projeto de lei do abuso de autoridade foi aprovado no Senado, mas ainda não passou Câmara. Durante a tramitação, ele perdeu a maior parte dos mecanismos que permitiriam a investigados acionar judicialmente procuradores, delegados ou juízes envolvidos nas apurações e de cujas medidas discordassem.

Aécio disse que seria necessário que todos os grandes partidos assinassem a iniciativa – PSDB, PT e PMDB – e que deveriam aproveitar o projeto das “Dez medidas contra a corrupção”, patrocinado pelo Ministério Público, para inserir limites às investigações. Sugeriu ainda que os presidentes da Câmara (Rodrigo Maia) e do Senado (Eunício Oliveira) eram “frágeis”, mas que Temer bancaria a aprovação do abuso de autoridade. Ele sugere então a Joesley: “Cê (sic) tem ajudado esses caras pra c., tinha que mandar um recado pro Rodrigo, alguém seu, tem que votar essa merda de qualquer maneira, assustar um pouco, eu tô assustando ele, entendeu, se falar coisa sua aí… Forte…”.

Joesley afirmou que quanto mais o tempo passasse piores seriam as chances de aprovação. Aécio relatou que pedira “ajuda” a cerca de “vinte” ou “trinta” parlamentares e também à Odebrecht. “Tô (sic) mergulhado nisso, minha vida é isso, cara, minha vida virou um inferno”, disse Aécio. “Tô vivendo o pior momento da minha vida… Família, filho e o c.”. Joesley respondeu de maneira solidária: “Não, pô… Todo mundo, todo mundo… Porque de repente, Aécio, tudo que a gente fazia que era normal, tá tudo errado agora”.

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