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Investigação conclui que PM novato errou e matou comandante de UPP no Alemão

Após um ano, apuração conclui que o disparo que acertou o capitão Uanderson da Silva partiu do fuzil de Diogo Zilves. Delegado não vai indiciar PM por considerar que erro de execução ocorreu decorrente de legítima defesa

Por Leslie Leitão 6 out 2015, 20h36

Uma das principais críticas feitas por especialistas em relação ao acelerado processo de implementação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) está na formação dos seus policiais militares. Na semana passada, o assassinato de um jovem de 17 anos já rendido no Morro da Providência, no Centro do Rio de Janeiro, reacendeu a polêmica, depois que três soldados novatos foram flagrados pelo celular de uma moradora adulterando a cena do crime e forjando uma reação que não existiu. Agora, uma investigação concluída pela Divisão de Homicídios (DH) mostra que os próprios policiais têm sido vítimas dessa apressada ‘linha de montagem’ ocorrida nos últimos anos dentro do Centro de Formações de Praças – a academia da PM.

No dia 11 de setembro do ano passado, um desses iniciantes, o soldado Diogo Araújo Zilves, então com 32 anos e apenas um ano na corporação, integrou um grupo formado para reagir a um ataque de traficantes do Complexo do Alemão. Ele era o segundo homem de uma fileira de seis que entrou no Beco da Padaria, no alto da Favela Nova Brasília. Na frente – o chamado ‘ponta 1’ – ia o chefe da UPP local, o experiente capitão Uanderson Manoel da Silva, de 34 anos. Dentro de um beco de dois metros de largura, Zilves disparou 26 vezes com seu fuzil calibre 5.56. Uma dessas balas entrou pela axila direita e saiu pelo peito do comandante que liderava a patrulha. Socorrido, o oficial não resistiu.

A história já vinha sendo contada nos corredores da própria unidade e foi revelada por VEJA em janeiro. Agora, o relatório que segue para o Ministério Público esmiúça a ação desastrosa daquele fim de tarde. No caso, ficou claro para os investigadores que a morte do capitão foi acidental e se deu por imperícia no momento em que os policiais da UPP agiam em legítima defesa ao serem atacados por traficantes. Por isso, o autor do disparo não será indiciado. “Diante do quadro probatório coligado nos autos, é possível concluir que a morte da vítima Uanderson encontra-se circunstanciada com a ação legítima do policial militar Diogo Zilves, em cuja resultante da conduta deu-se em decorrência de erro de execução, nos exatos termos previstos no artigo 73 do Código Penal, razão pelo qual deixo de indiciá-lo”, justifica o delegado Giniton Lages, que concluiu o inquérito há duas semanas.

A investigação cruzou dados do laudo cadavérico, da perícia de local, da reprodução simulada (reconstituição) e dos próprios depoimentos dos policiais que participaram da ação. Naquela tarde, Uanderson já se preparava para ir embora quando começaram os tiros. Uma equipe da UPP havia sido atacada bem perto da base, na localidade conhecida como Largo da Vivi. O capitão, segundo a investigação, foi socorrer os subordinados sem usar uniforme e até mesmo sem um colete à prova de balas. Ele e outros cinco soldados entraram no beco à caça dos criminosos que atiravam.

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Pelas cápsulas recolhidas no local, a Divisão de Homicídios pode afirmar que os bandidos usaram dois tipos de calibre: pistola 9mm e .40. Já os PMs utilizaram fuzis 7.62 e 5.56: “…é possível asseverar que a morte da vítima efetivamente ocorreu em um cenário de troca de tiros entre policiais e criminosos; resta possível concluir-se que durante o referido confronto, os PMs usaram armas de grosso calibre, ao passo que os criminosos realizaram disparos de arma de fogo utilizando-se de pistolas”, diz o relatório. Segundo a perícia, policiais dispararam pelo menos 53 tiros, enquanto criminosos atiraram 21 vezes.

Trecho de relatório sobre a morte do capitão Uanderson Silva
Trecho de relatório sobre a morte do capitão Uanderson Silva (VEJA)
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