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Gabeira comanda caravana pelo Brasil para salvar o PV

Partido voltará a defender bandeiras históricas, como a legalização das drogas e do aborto, temas que ficaram de lado no período de Marina Silva

Por Cecília Ritto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 8 fev 2013, 10h41

Para quebrar o estado de apatia que predomina desde a saída de Marina Silva, em 2011, o Partido Verde tenta, este ano, recuperar a força que já teve com a militância e reencontrar seu espaço de destaque com os eleitores sensíveis às ideias da esquerda. Figura de maior expressão nacional, Fernando Gabeira foi recrutado para comandar uma caravana pelo país, numa espécie de reedição das incursões de Lula pelo interior entre 1993 e 1996. O objetivo é apresentar um PV diferente – ou melhor, um PV menos descolorido – já em 2014, com o lançamento de chapas puro-sangue.

Gabeira tentará acordar a militância, adormecida em 2012, e atrair mais filiados. O primeiro ciclo da viagem, ainda que sem grande alarde, ocorreu em Recife, no fim de janeiro. Na ocasião, Gabeira participou de um seminário de ecologia – o ponto central da razão de existência qualquer partido verde, mas há muito tempo insuficiente para abarcar as questões que esse tipo de instituição tenta resolver.

Apesar de lançarem mão de Gabeira como garoto-propaganda da legenda, o objetivo dos dirigentes é tentar reforçar as diretrizes partidárias para se tornar menos dependente de alguns nomes. O caso do Rio de Janeiro é um exemplo de como a sigla atualmente depende de poucos nomes de peso. O partido conseguiu bom desempenho nas urnas em 2008, quando Gabeira perdeu a prefeitura da capital por 55 mil votos para Eduardo Paes. E, em 2010, ano em que Marina foi a segunda mais votada no estado para a Presidência da República, atrás de Dilma Rousseff. Em 2012, porém, a candidatura de Aspásia Camargo para a prefeitura não saiu de 1%. “Estamos tentando fazer com que o PV seja um aglomerado de pessoas em torno do partido. E não o contrário, uma instituição dependente de alguns nomes. Queremos formar liderança, militância, ter massa critica”, diz Carla Piranda, da executiva nacional.

A solução encontrada para superar as brigas internas e as baixas no PV, como a do deputado federal Alfredo Sirkis, que declarou estar de malas prontas para integrar o partido de Marina Silva, é voltar a levantar bandeiras que ficaram esquecidas. Ou seja, os verdes querem voltar a ser mais verdes, num movimento que estão chamando de “refundação” do partido. O discurso volta a ser o do velho PV, com a defesa pela legalização do aborto e das drogas e a luta pelos direitos dos homossexuais.

O esvanecimento desses temas ocorreu a partir da entrada de Marina Silva. Evangélica, a candidata à Presidência de 2010 não concorda com posições progressistas do PV. Logo, é contra a legalização do aborto e das drogas, para citar apenas os assuntos extremos da cartilha verde. Na campanha de 2010, para não destoar tanto das posturas históricas da sigla, Marina propôs um plebiscito para que a população definisse a regulação desse grupo de temas.

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A saída de Marina abriu a janela para o PV voltar às origens. “A campanha da Marina, em 2010, não foi verde no sentido original do termo. Ali estavam os valores dela, alguns até contraditórios aos do partido. Entendo que o PV perdeu um pouco a sua identidade, apesar de ter crescido com Marina. O bom resultado nas últimas eleições presidenciais foi positivo para ela, e não para o PV. A saída dela torna o partido mais autêntico”, analisa o cientista político Ricardo Caldas, da UNB.

As eleições de 2014 serão a oportunidade de afinar o discurso. A proposta inicial é de lançar chapas puro-sangue aos governos estaduais. A orientação é para que não se repita o que aconteceu no Rio de Janeiro em 2010, quando Gabeira se lançou candidato ao governo tendo um tucano com vice. O verde chegou a ser chamado de ‘ex-Gabeira’ pelo então concorrente Jefferson Moura, do PSOL – partido que volta a disputar espaço com o PV, a partir da guinada planejada pelos verdes.

As posturas mais radicais em relação a drogas e aborto costumam impor um teto às candidaturas majoritárias. Mas, mesmo com chances reduzidas de conseguir chegar ao cargo mais alto da República, o PV pretende lançar um candidato – pelo menos para reforçar o 43 e garantir voto de legenda para as assembleias e câmara. O nome cotado é o de Gabeira, que se disse disponível a ajudar o partido. Afinal, até a construção de outras lideranças, ele próprio e o partido têm muitos quilômetros pela frente.

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