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Fim de Gramacho não resolverá o destino do lixo no Rio

Operação policial na área do lixão que foi tema do documentário de Vik Muniz mostrou a proliferação de depósitos clandestinos que dão sustento a uma população miserável

Por Cecília Ritto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 11 out 2011, 19h47

Depois de dezenas de adiamentos, o fechamento do aterro sanitário de Gramacho está previsto para julho de 2012. A data marcada, no entanto, diz respeito apenas ao despejo oficial do lixo. Os lixões clandestinos em torno da área que inspirou o documentário ‘Lixo Extraordinário’, do artista plástico Vik Muniz são um desafio para as autoridades e para o meio ambiente. Esses estabelecimentos ficam no entorno de Gramacho e não têm licença para funcionar. Nesta terça-feira, mais de 200 policiais federais, civis e militares fizeram operação no local e fecharam 30 dessas empresas.

“São dezenas de empresas ‘pseudorecicladoras'”, diz o chefe da Delegacia de Meio Ambiente e Patrimônio Histórico, Fábio Scliar, da Polícia Federal. Os caminhões que chegam ao aterro sanitário vendem o lixo para as empresas irregulares de reciclagem. E a sobra dos resíduos é jogada no entorno do galpão, formando os lixões clandestinos.

Os resíduos jogados em volta de Gramacho acabam, com a chuva, sendo levados para o manguezal. E, então, seguem para a Baía de Guanabara. A população miserável da região trabalha nesses galpões. Segundo o coronel José Maurício Padrone, da Coordenadoria Integrada de Combate aos Crimes Ambientais da secretaria estadual do Ambiente, a condição de trabalho é quase a de um escravo. “Corta o coração prender uma pessoa dessas”, diz.

O delegado Scliar resume: “O país vive uma situação melhor, mas ainda não gerou emprego com renda suficiente para que as pessoas deixem de fazer aquela atividade”. Atualmente, 50% da população do Jardim Gramacho vivem do lixo.

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Durante a operação, uma carvoaria foi fechada. Nesta terça, foram destruídos cinco fornos usados para transformar a madeira do mangue em carvão. São colocados 500 quilos de madeira durante 48 horas nos fornos. Passados dois dias, 300 quilos de carvão são ensacados em 100 sacos. Cada três quilos são vendidos por três reais e cinquenta centavos. Depois é revendido entre oito e 10 reais. “O lucro não é do trabalhador, mas do atravessador, do comerciante”, diz Padrone. O carvão era vendido para grandes e pequenos consumidores.

Essa operação traz visibilidade ao tema do meio ambiente, mas não é solução para o problema. Um total de 30 pessoas chegou a ser detida, mas a pena é branda e logo estarão de volta às atividades. Padrone lembra que de 2007 a 2011, um dos homens que atua ilegalmente na área foi preso quatro vezes. Outro, durante a ação policial desta terça, contou ter pagado a pena com cesta básica. A maior parte dos detidos nesta operação responderá pelo funcionamento de empresas sem licença ambiental e por poluição.

“É enxugar gelo. A solução é mudar a legislação, que é extremamente branda”, afirmou Padrone. O mesmo tom é usado por Scliar: “Com essa ação não pretendemos mudar a realidade de Gramacho, a pretensão é que a polícia e a secretaria (do Ambiente) façam sua parte. Mas evidentemente outras instâncias do governo têm que estar presentes”, afirma o delegado.

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Reportagem de VEJA mostra o lixo como inspiração de Vik Muniz

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