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Ex-ministro Guido Mantega é preso na 34ª fase da Lava Jato

O ex-ministro da Fazenda foi preso em São Paulo. Também estão sendo cumpridos mandados em outros quatro Estados e no Distrito Federal

Por Thiago Bronzatto
Atualizado em 22 set 2016, 11h16 - Publicado em 22 set 2016, 07h19

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira a 34ª fase  da Operação Lava Jato. O ex-ministro Guido Mantega da Fazenda foi preso temporariamente. Ele chegou por volta das 9h30 à sede da Superintendência da PF em São Paulo e deve ser levado ainda hoje para Curitiba, sede das apurações da Lava Jato. Além de Mantega, outros alvos da ação são executivos das empresas Mendes Júnior e OSX Construção Naval S.A., assim como representantes de empresas por elas utilizadas para o repasse de vantagens indevidas. Também estão sendo cumpridos mandados no Rio de Janeiro, em Minas Gerais, no Rio Grande do Sul, na Bahia e no Distrito Federal.

Além de Mantega,  Victorio Duque Semionato, Socrates José Fernandes Marques da Silva, Rubem Maciel da Costa Val, Marcelo Henriques Monico, Luiz Eduardo Neto Tachard, Luiz Eduardo Guimarães Carneiro, Luiz Claudio Machado Ribeiro, Luiz Arthur Andrade Correia, Julio Correia Oliveira Silva, José Antonio de Figueiredo, Francisco Corrales Kindelan, Flavio Godinho, Danilo Souza Baptista, Carlos Eduardo Sardenberg Bellot e Ana Tamm Drumond também são alvos da ação.

Batizada de Operação Arquivo-X, a nova fase da Lava Jato apura irregularidades em dois contratos assinados entre a Petrobras e o consórcio Integra Offshore, formado pela OSX e Mendes Júnior, para a construção das plataformas P-67 e P-70 para a exploração das reservas do pré-sal. Segundo a investigação, em meados de 2012, Mantega negociou com as empresas contratadas pela estatal para repassar recursos para pagamentos de dívidas de campanha. Entre as suspeitas de crimes, estão a prática de corrupção, fraude em licitações, associação criminosa e lavagem de dinheiro.

Ao todo, estão sendo cumpridos 33 mandados de busca e apreensão, oito prisões temporárias e oito mandados de condução coercitiva. O nome da operação, “Arquivo-X”, é uma referência à empresa OSX, do empresário Eike Batista, que costumava batizar as suas companhias sempre com a letra “X”, um sinal de multiplicação de riquezas, segundo ele. 

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Em julho de 2012, o Consórcio Integra Ofsshore, formado pelas empresas Mendes Júnior e OSX, firmou contrato com a Petrobras no valor de 922 milhões de dólares, para a construção das plataformas P-67 e P-70, que são unidades flutuantes de produção, armazenamento e transferência de petróleo voltadas à exploração dos campos de pré-sal.

Segundo os procuradores, ao longo das fases anteriores foi possível colher indícios de que cerca de 7 milhões de reais foram transferidos, entre fevereiro e dezembro de 2013, pela Mendes Júnior para um operador financeiro ligado ao PT. Os repasses foram feitos por meio de empresa de fachada, que não possuía uma estrutura minimamente compatível com tais recebimentos.

Também foi identificado repasse de mais de 6 milhões de reais pelo Consórcio Integra Offshore com base em contrato ideologicamente falso firmado em 2013 com a Tecna/Isolux. O valor foi transferido no interesse de José Dirceu e de pessoas a ele relacionadas, conforme já foi apontado pelo Ministério Público Federal. Constatou-se ainda que, no mesmo período, empresas do grupo Tecna/Isolux repassaram cerca de 10 milhões de reais à Credencial Construtora – utilizada pelo ex-ministro-chefe da Casa Civil para o recebimento de vantagens indevidas.

Também foram identificados, entre março de 2013 e junho de 2014, repasses de mais de 6 milhões de reais da Mendes Júnior a empresas ligadas a um executivo do grupo Tecna/Isolux. Além disso, o empresário Eike Batista, ex-presidente do Conselho de Administração da OSX, disse em depoimento ao MPF que, em novembro de 2012, recebeu pedido de Mantega, que era presidente do Conselho de Administração da Petrobras, para que fizesse um pagamento de 5 milhões de reais para o PT.

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Para operacionalizar o repasse da quantia, o executivo da OSX foi procurado e firmou contrato falso com empresa ligada a publicitários já denunciados na Operação Lava Jato por disponibilizarem seus serviços para a lavagem de dinheiro oriundo de crimes. Após uma primeira tentativa frustrada de repasse em dezembro de 2012, em 2013 foi realizada transferência de 2,3 milhões de reais no exterior, entre contas de Eike Batista e dos publicitários.

Mantega, segundo revelou VEJA, é citado, ainda, na proposta de delação premiada do marqueteiro João Santana e de sua esposa Mônica Moura. De acordo com o casal, o ex-comandante da Fazenda foi designado pela ex-presidente Dilma Rousseff para cuidar da arrecadação do caixa dois da campanha de 2014 junto aos empresários.

Em maio, Mantega foi conduzido pela PF para prestar esclarecimento na Operação Zelotes, que o investiga irregularidades no Conselho Administrativo de Recurso Fiscais (Carf). Conforme revelou VEJA, ele é suspeito de ter usado o seu cargo como ministro para favorecer um amigo empresário.

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