Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Após denúncias, SP muda estatísticas de criminalidade

Uma das principais mudanças é que os casos de morte suspeita retificados para homicídio passarão a ser contabilizados nos dados oficiais

Por Da redação
Atualizado em 26 ago 2016, 16h07 - Publicado em 26 ago 2016, 10h04

O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Mágino Alves Barbosa, anunciou mudanças na metodologia das estatísticas criminais do Estado. A partir de sexta-feira todos os casos de morte suspeita retificados posteriormente para homicídio serão contabilizados nos dados oficiais. A divulgação será feita sempre no mês de março, quando a pasta passará a divulgar as estatísticas anuais. A alteração foi publicada no Diário Oficial do Estado nesta sexta-feira.

“São Paulo sempre esteve à frente na divulgação dos dados e sempre vai priorizar a transparência. Essa medida visa a deixar as coisas mais claras e simples de entender”, afirmou. Mágino também anunciou que as estatísticas oficiais passarão a ter novos indicadores criminais. Serão os crimes de lesão corporal seguida de morte e estupro de vulnerável, que não eram contabilizados. O secretário também anunciou que a pasta está elaborando resolução para cadastrar as bicicletas no sistema de dados, de forma a poder registrar roubos e furtos.

Leia mais:
Chacina ocorrida há um ano em Osasco pode terminar impune

A medida foi anunciada na quinta-feira após os promotores do Patrimônio Público abrirem investigação para apurar suposta maquiagem das estatísticas. O pedido teve como base uma matéria do jornal O Estado de S. Paulo, de março, que mostrou que 21 casos com histórico de homicídio haviam sido registrados como morte suspeita e não haviam sido contados nas estatísticas. Os representantes da CAP afirmaram que cerca de 20 a 30 casos de morte são retificados por mês. Porém, os dados não são divulgados – ficam “sob controle da secretaria”.

O órgão sabe que o número real é maior do que o divulgado. A revelação foi feita pelo delegado Denis Almeida Chiuratto e pela capitã Marta das Graças de Souza e Sousa em depoimento ao Ministério Público. Os dois responderam aos promotores em nome da Coordenadoria de Análise e Planejamento (CAP), que controla os dados criminais.

Continua após a publicidade

O promotor José Carlos Blat, que participa da investigação, disse que a medida pode ser vista como positiva. “Toda iniciativa que visa a melhorar a questão da transparência é bem-vinda.” O promotor fez uma série de recomendações à pasta para melhorar a qualidade dos registros dos dados. E pediu que, em 90 dias, a secretaria entregue todos os boletins de ocorrência retificados para homicídio registrados nos últimos três anos.

Alves negou que a medida tenha relação com as investigações da promotoria. “Os promotores fazem questionamentos porque a imprensa traz questionamentos. Acreditamos que tudo vai ficar mais claro a partir de agora.” Segundo o secretário, em março de 2017, serão divulgados os dados consolidados de todos os homicídios registrados e retificados em 2016.

 

Estatísticas – Em julho, o número de homicídios e roubos em geral aumentou tanto na capital paulista quanto no Estado, após três meses em queda, conforme as estatísticas oficiais divulgadas nesta quinta-feira. Ocorreu ainda o sexto aumento consecutivo dos roubos no Estado.

Continua após a publicidade

Na comparação de julho deste ano com o mesmo mês de 2015, os registros de mortes passaram de 275 para 290 no total paulista (avanço de 5,45%) e de 69 para 72 (4,34%) no município. Ainda considerando os assassinatos, aumentaram latrocínios (roubos seguidos de morte). Esses passaram de 25, em julho de 2015, para 35 registros no mês passado – acréscimo de 40%. Na capital, o aumento foi menor: de sete para nove casos (28,5%). Para o secretário da Segurança Pública, Mágino Alves Barbosa, a alteração na curva de homicídios ainda não indica mudança no padrão criminal. “Nem de elevação nem de queda. O sinal é de estabilidade”. O governo destacou os números globais: no ano, os homicídios dolosos diminuíram 8,6% entre janeiro e julho. O total baixou de 2.209 para 2.019, chegando ao menor número da série histórica para o período.

Quando se consideram os roubos, o acréscimo foi de 2,65% na capital (de 12.679 para 13.016 casos) e de 3,23% no Estado (de 25.488 para 25.932). Ainda chama a atenção nos números estaduais o avanço de 36,2% nos registros de roubos de carga (de 594 para 809). “O aumento está ligado ao avanço da crise”, justificou Mágino.

No entanto, essa análise não é consenso entre especialistas. “O início de uma crise não aumenta determinados crimes, principalmente o roubo”, diz o sociólogo especialista em segurança Guaracy Mingardi. “No ano passado, não falavam que o aumento era pela crise, mas por causa de roubo de celular. Ora, ou é uma coisa ou outra. São Paulo conseguiu, por uma série de razões, diminuir os homicídios, porém, nunca conseguiu ter esse efeito com os crimes contra o patrimônio, que uma hora sobem e na outra, descem. É uma gangorra.”

No semestre passado, o secretário foi criticado ao relacionar o aumento pontual nos casos de estupro ao avanço da crise econômica, sobretudo quando se consideram os indicadores de desemprego. No mês passado, porém, as estatísticas apontam queda desse tipo de crime: de 189 para 159 casos (15,87%) na capital e de 739 para 728 (1,48%) no Estado.

Continua após a publicidade

(Com Estadão Conteúdo)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.