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Documentos mostram caçada ao estudante desaparecido na ditadura

Relatórios confidenciais liberados pelo Arquivo Público do DF mostram que Honestino Guimarães e sua família foram monitorados durante anos

Por Hugo Marques Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 3 fev 2017, 17h10

Um conjunto de documentos liberados essa semana pelo Arquivo Público do Distrito Federal mostra que o estudante Honestino Guimarães, desaparecido em 1973, durante a ditadura militar, sofreu uma verdadeira caçada por parte dos órgãos de segurança pública. Os relatórios e ofícios dos setores de inteligência da Secretaria de Segurança Pública do DF, da Polícia Federal e da Polinter mostram que o estudante era monitorado pelos órgãos de inteligência. A família dele foi vigiada até 1980.

Honestino foi preso  em 73 e seu corpo nunca foi encontrado.  Logo depois de entrar na UnB, ele  ingressou na Ação Popular (AP), movimento que pretendia implantar uma ditadura comunista no Brasil,  e foi preso várias vezes. Um dos documentos liberados é o prontuário de Honestino na Divisão de Ordem Política e Social da Polícia Federal, redigido em 87. Em outro documento liberado, um informante do serviço de inteligência da Secretaria de Segurança cita a participação de Honestino numa  palestra do então deputado Márcio Moreira Alves, e faz uma observação:  “Após as perguntas, o estudante Honestino tomou a palavra e disse que os colegas deveriam lutar para defender as causas nacionais, mesmo que para isso fosse preciso correr sangue”.

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Prontuário de Honestino na Polícia Federal ()

O Arquivo Público também liberou sete depoimentos de policiais federais, servidores públicos e testemunhas que estavam numa barreira policial feita na divisa do DF com Minas Gerais para prender estudantes, em agosto de 68. Eles narram que Honestino tinha sido preso na barreira, mas que conseguiu fugir. Para tentar passar na barreira, Honestino teria recorrido a um documento falso de identidade, segundo os depoimentos. A fuga  ocorreu quando os estudantes eram levados para Brasília. Um policial contou que houve perseguição ao estudante, mas ele conseguiu fugir.

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Honestino era o principal alvo da polícia em Brasília. Há relatórios internos da Secretaria de Segurança mostrando que os agentes acompanhavam até as votações dos processos do estudante na Justiça. Em outubro de 68, um servidor envia para a Direção da Divisão de Operações Especiais da SSP um ofício informando que cumprira a missão de ir ao Supremo Tribunal Federal em agosto, a fim de acompanhar julgamento de habeas corpus impetrado em favor de Honestino, que estava preso.

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Família de Honestino foi monitorada até 1980 ()

O estudante foi alvo de outra caçada, em maio de 70. A Divisão de Informações da SSP pede aos Órgãos de Informações para checarem o paradeiro de pessoas que tinham sido indiciadas em um dos inquéritos feitos para enquadrar os estudantes, incluindo Honestino, que tinha sido enquadrado na Lei de Segurança Nacional. O estudante aparecia na relação dos “elementos da Ação Popular Marxista-Leninista do Brasil”, feita pela SSP.

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A perseguição à família de Honestino continuou após a morte do estudante. Em 80, o Serviço de Segurança do Gabinete Militar do Governo do DF fez um Informe Confidencial sobre o lançamento de um livro de Maria Rosa Leite Monteiro, mãe de Honestino. O relatório destaca trecho do livro, no qual a autora destina a renda da venda para ajudar presos políticos. O nome de Honestino aparece em outro relatório Confidencial da Divisão de Informações da SSP-DF, feito em agosto de 84. Trata-se de relatório sobre os candidatos a ganhar a Medalha do Mérito Alvorada. Entre eles estavam o procurador Cláudio Fonteles. O relatório diz que Fonteles, quando estudava Direito na UnB, participou ativamente de passeata organizada pela Feub, em 67, ao lado Honestino.

Sobre o paradeiro do estudante, nada.

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Relatório sobre entrega da Medalha do Mérito Alvorada ()
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