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Diretor da J&F comemora: “O Gilmar começou a ajudar a gente”

Antes de fazer a delação premiada, Ricardo Saud festeja a decisão da 2ª Turma do Supremo de libertar o ex-ministro José Dirceu

Por Hugo Marques Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 5 out 2017, 15h33 - Publicado em 5 out 2017, 09h17

No dia 3 de maio, enquanto enchia uma sacola de dinheiro, o diretor de relações institucionais da J&F, Ricardo Saud, teve uma longa conversa com o empresário Frederico Pacheco, primo do senador Aécio Neves (PSDB-MG). O dinheiro era uma das quatro parcelas de 500 mil reais cada que a J&F enviou para Aécio, por intermédio de Frederico. Boa parte da conversa girou em torno da decisão da 2ª Turma do Supremo, que um dia antes revogou a ordem de prisão do juiz Sérgio Moro e soltou o ex-ministro José Dirceu. Votaram a favor de Dirceu os ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Ricardo Lewandovski. Os ministros Edson Fachin e Celso de Mello votaram contra.

No início da conversa, Saud se mostra surpreso com o fato de o Supremo soltar Dirceu. “Ninguém vai fazer delação mais”, diz Frederico. “O Palocci vai, porque ele vai entregar o Lula”, diz Saud. Em seguida, o executivo da J&F comemora a decisão do Supremo: “Acho que o Gilmar agora começou a ajudar a gente”, diz Saud. Ele afirma que logo após a decisão ligou para o empresário Joesley Batista em Nova York para comunicar a novidade. Saud diz que interpretou a votação como um recado, que o Supremo iria soltar também Palocci, por supostamente evitar que o ex-ministro da Fazenda comprometesse os ministros da Corte numa possível delação.

“O Palocci não ia fazer delação?”, diz Saud. “Você acha que ele não ia entregar o Judiciário não? Quantos caras daquele que tá ali que o Palocci ajudou? Ele, José Eduardo, acolá? O que eles fizeram? Correram, soltaram o Zé Dirceu… Falou: ‘Fala nada para ninguém não que nós vamos soltar vocês’. Ficou bom, ué. Ficou bom, mas bom mesmo”, diz Saud. O executivo diz a Fred que, assim que recebeu a notícia da soltura de Dirceu, também conversou com o ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.

“Eu tive lá ontem, para não ficar ninguém preso. Ontem eu estive um tempão com o Zé Eduardo. ‘Zé?’. ‘Oi, Carlinho. Calma, fica tranquilo, não vai, está na hora de…’”. Saud diz acreditar que a decisão do Supremo seja resultado de uma conversa entre o presidente Michel Temer com os ex-presidentes Lula e Fernando Henrique. Frederico previa que o Supremo também soltaria Palocci e acabaria com a Lava-Jato: “Aí ninguém oferece denúncia contra os que estão investigados, os inquéritos morrem tudo (…) Quem já tinha que comer cadeia já comeu”. Acusado de corrupção ativa, Saud está preso na penitenciária da Papuda.  Ele já disse que muito do que ele falou nas várias gravações apreendidas pela Justiça não passam de bravatas.  O ministro Gilmar Mendes, por exemplo, defende abertamente o entendimento de que as prisões preventivas alongadas demais são ilegais. Portanto, sua decisão de soltar o ex-ministro José Dirceu era absolutamente previsível.

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Em outro trecho da conversa, Saud volta a elogiar a Corte: “Essa atitude do Supremo ontem foi boa demais”. Frederico diz que o ministro Gilmar estava pensando mais em si mesmo quando voltou por soltar Dirceu. “Ele está com medo demais é da OAS, né?”, concorda Saud. Fred diz: “O Lewandowski, esses caras todos… não ‘guentam’ a delação não”. Ambos também criticam o ministro Dias Toffolli. “Esse parece que é cabeça pequenininha”, diz Saud.

Procurado por VEJA, o ministro Gilmar Mendes informou, por meio de sua assessoria, que não vai comentar o conteúdo da conversa entre o diretor da J&F e Frederico Pacheco.

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