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Marcelo Odebrecht fez ‘delaçãozinha’, diz Dilma a jornal

Para a ex-presidente, o empreiteiro fala 'de acordo com seus interesses'; Odebrecht afirmou que repassou 64 milhões de reais ao ex-ministro Paulo Bernardo

Por Da redação
Atualizado em 4 abr 2017, 09h46 - Publicado em 4 abr 2017, 09h33

A ex-presidente Dilma Rousseff afirmou, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, publicada nesta terça-feira, que o empresário Marcelo Odebrecht fez “delaçãozinha” após sofrer coação. “Tenho a impressão de que o senhor Marcelo Odebrecht sofreu muitos tipos de pressão. Muitos tipos de pressão. Por isso, não venham com delaçãozinha de uma pessoa que foi submetida a uma variante de tortura, minha filha. Ou melhor, de coação”, afirmou a petista.

Ao ser questionada sobre a conversa que o herdeiro da empreiteira diz que teve com ela no México afirmando que sua campanha poderia ter sido contaminada por pagamentos feitos ao marqueteiro João Santana no exterior, Dilma diz que foi ao banheiro no aeroporto e quando voltou encontrou Odebrecht a esperando. “Ele começou a falar comigo, do jeito Marcelo, tudo meio embrulhado. E eu numa pressa louca, olhando pra ele. Não entendi patavina do que ele falava. Niente (“nada”, em italiano). Ele diz que me contou que poderia ocorrer contaminação. Mas eu não tinha conta no exterior. Se o João tinha, o que eu tenho com o João? Por que eu teria que saber?”

Às vésperas do julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pode cassar a chapa eleita em 2014 e torná-la inelegível, Dilma afirmou que Marcelo Odebrecht fez delação de acordo “com seus interesses”. “Portanto, tudo o que ele diz pode servir de indício para investigar, mas não para condenar. O STF nem abriu investigação ainda. É estarrecedor que um procurador use como prova o que não é prova”, afirmou. Para Dilma, se a chapa eleita for cassada “Mais uma vez vão cometer uma injustiça e com base em um depoimento (de Marcelo Odebrecht) absolutamente sofrível.”

Sobre a possibilidade de divisão da chapa, a petista afirma: “E como o Temer não tem nada a ver com isso? Na campanha, ele arrecadou 20 milhões de reais de um total de 350 milhões de reais. Nós pagamos integralmente todas as despesas dele. Jatinhos, salários de assessores, advogados, hotéis, material gráfico, inserções na TV. Separar essa conta só tem uma explicação: dar tempo para ele entregar o resto do serviço que ficou de entregar: reforma da Previdência e desregulamentação econômica brutal.”

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Ainda em seu depoimento ao TSE, o empresário também afirmou que o ex-ministro Paulo Bernardo – titular do Planejamento e das Comunicações nas gestões de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, respectivamente – pediu e recebeu uma “contrapartida” de 64 milhões de reais, em 2009, por uma linha de crédito obtida pelo grupo no governo federal. As declarações constam do depoimento prestado pelo empreiteiro no dia 1.º de março, na ação que pede a cassação por suposto abuso de poder político e econômico da chapa Dilma-Temer.

Odebrecht se referiu à “contrapartida específica” como um “dinheiro que pode ter vindo de maneira ilícita”. O empreiteiro afirmou que a Odebrecht colocou 150 milhões de reais na campanha de Dilma em 2014, a maior parte paga em forma de caixa 2. O valor ficava numa espécie de conta corrente controlada por ele e negociada diretamente com os ex-ministros Antonio Palocci e Guido Mantega.

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Segundo o empreiteiro, houve duas “contrapartidas específicas” da empreiteira ao PT desde 2009: uma de 64 milhões de reais relacionada à linha de crédito e outra de 50 milhões de reais condicionada à votação da Medida Provisória do Refis, encaminhada ao Congresso, e que beneficiou a Braskem, petroquímica controlada pela Odebrecht.

Conforme o empreiteiro, os 50 milhões de reais eram uma cota de Mantega e “ficaram intocados” pois o ex-ministro “acabou não participando da eleição de 2010”. De acordo com a versão, o montante foi usado como crédito para a eleição de 2014. Já em relação aos 64 milhões de reais, “foram gastos antes das eleições de 2014, quase todo”.

“O pedido do Refis da Crise veio do Guido e o pedido da linha de crédito veio do Paulo Bernardo”, disse Odebrecht ao ser questionado pelo ministro Herman Benjamin, relator da ação contra a chapa Dilma-Temer, sobre quem eram os emissários dos valores para o PT. Em nota, a advogada Verônica Sterman, que defende Paulo Bernardo, diz que seu cliente “nega veementemente qualquer contato com Marcelo Odebrecht nesse sentido e recebe tal informação com surpresa e indignação”.

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(Com Estadão Conteúdo)

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