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Delegado da PF diz que troca na Justiça ‘aciona todos os alertas’

Primeiras declarações de Torquato Jardim não foram 'bem vistas' por integrantes da Polícia Federal, diz presidente da ADPF

Por Eduardo Gonçalves Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 29 Maio 2017, 21h11

Os delegados da Polícia Federal estão “em estado de alerta” à espera de um posicionamento mais claro do novo ministro da Justiça, Torquato Jardim, que deve ser empossado nos próximos dias no lugar de Osmar Serraglio, sobre a autonomia e a não interferência na corporação que conduz as investigações da Operação Lava Jato junto com o Ministério Público Federal.

O presidente da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), Carlos Eduardo Sobral, afirmou nesta segunda-feira a VEJA que a substituição “do dia para a noite inspira cuidados, vigilância e atenção”. A PF é subordinada ao Ministério da Justiça.

“É evidente que uma troca de ministro de uma hora para outra nesse contexto acionou todos os alertas possíveis de que poderia acontecer uma tentativa de intervenção ou interferência na Polícia Federal”, disse ele antes de entrar fazer um seminário no Instituto de Direito Público (IDP), em São Paulo. Ele ainda citou como agravante o empenho do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) em derrubar Serraglio, como ficou explicitado em conversas gravadas pelo empresário Joesley Batista que fechou delação premiada com a Procuradoria-Geral da República. “Elas mostram que altos expoentes da política nacional manifestaram intenção, desejo ou pretensão de trocar o ministro da Justiça por alguém mais forte. E esse forte compreendido com alguém com disposição de interferir na PF”, completou.

O presidente da ADPF também afirmou que as primeiras declarações de Jardim após o anúncio da troca na pasta não foram “bem vistas” pelos delegados. E que ele ainda não os procurou para falar sobre projetos e o que pensa da instituição. Um dos temas mais delicados para a PF e que sempre gera controvérsia quando ocorre mudanças no ministério da Justiça é a permanência ou não do delegado Leandro Daiello como diretor-geral da PF – ele está no cargo desde 2011 e já teve como chefes seis ministros diferentes.

Em entrevista à GloboNews neste domingo, ao ser perguntado sobre a possibilidade de substituir Daiello, Jardim respondeu que “tudo vai ser estudado e refletido” e que ele vai procurar ouvir o presidente Michel Temer.

A frase não foi bem recebida pelo presidente da federação que representa os delegados da PF, que rebateu: “O ministro disse que vai perguntar para o presidente… Isso para nós é ruim. Na verdade, o que nós esperávamos é que o compromisso fosse com nossa autonomia. Não foi bem vista essa primeira manifestação”.

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Sobral também lembrou que a federação já indicou o sucessor de Daiello – em uma lista tríplice, a mais votada foi a delegada Erika Marena, que integrou a força-tarefa da Operação Lava Jato. Pela legislação, cabe ao governo fazer a escolha. Caso ela não seja nomeada, o presidente da ADPF afirmou que “com certeza” se instaurará uma “crise com a instituição”.

A entidade de delegados briga desde 2009 no Congresso pela aprovação da PEC 412 que prevê autonomia funcional, administrativa e financeira à PF. “O que nós vimos nessas últimas declarações é que não há uma compreensão de que a PF é uma instituição de estado”.

“Nós aguardamos do ministro posicionamento firme. Precisamos estar acompanhando, vigilantes, sociedade, imprensa e instituição para não haja interferências concretas, nem direta nem indiretamente”, concluiu Sobral.

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