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‘Consegui lapidar a pedra filosofal’, diz ‘menino do Acre’

Bruno Borges afirma que pediu desculpas aos pais pelo sumiço que durou cinco meses e que pretende retomar o curso de psicologia

Por Meire Kusumoto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 18 ago 2017, 09h06 - Publicado em 17 ago 2017, 20h07

Bruno Borges, de 25 anos, conhecido Brasil afora como “menino do Acre”, voltou para casa na madrugada da última sexta-feira após cinco meses desaparecido. Em entrevista por e-mail a VEJA, o estudante afirma que seu sumiço “estimulou as pessoas a adquirir conhecimentos” e que durante o período conseguiu “lapidar a pedra filosofal”.

Borges desapareceu em 27 de março. Em seu quarto, na casa dos pais, em Rio Branco, foram encontrados códigos escritos nas paredes, teto e chão, catorze livros criptografados asinados por ele e uma estátua do filósofo italiano Giordano Bruno – e nenhum móvel.

O primeiro volume lançado por Borges, TAC: Teoria da Absorção do Conhecimento, saiu em julho pela editora Arte e Vida e entrou para a lista dos mais vendidos do site PublishNews. A Polícia Civil do Acre chegou a investigar o desaparecimento, mas interrompeu o caso após encontrar “fortes indícios” de que se tratou de uma ação de marketing.

A VEJA, Borges se negou a revelar seu paradeiro nos últimos meses e a esclarecer se o sumiço foi ou não um golpe publicitário. Disse que continua trabalhando em seu projeto e que, nas poucas vezes em que saiu de casa desde que voltou, foi bem recebido pelas pessoas na rua. Recorrendo a frases de efeito e respostas “simbólicas”, como frisou, insistiu que tudo o que faz é tentar “mudar a vida de milhares de pessoas para melhor através do despertar para o mundo do conhecimento”.

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O que você fez no período em que ficou afastado? Busquei o autoconhecimento. Na alquimia, dizemos que o operador procede em busca da pedra filosofal. Assim também eu fiz. Pude receber novas ideias e tracei o esboço para inúmeros livros, já que ninguém se banha no mesmo rio duas vezes e que já não sou o mesmo de antes.

Como é o seu dia a dia hoje? Continuo voltado ao trabalho para conseguir concretizar minhas obras. No entanto, ainda estou tentando voltar para a realidade, é apenas uma questão de tempo.

Seus pais ficaram chateados por não terem sido avisados do seu plano? Sempre acreditei que este projeto iria mudar a vida de milhares de pessoas para melhor através do despertar para o mundo do conhecimento e da investigação da verdade. Percebi que deveria fazer inúmeros sacrifícios. Um deles era guardar sigilo e não avisar meus pais. Certamente, eles ficaram chateados. Eu me desculpei e busquei aprender com meu erro. A vida é assim, só podemos progredir errando.

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O que seus pais falaram quando você voltou? Depois que eu me desculpei, eles me disseram que acabaram mudando para melhor e tiveram que crescer muito diante das dificuldades. Meus pais entenderam que esse projeto era como uma missão para mim e disseram que eu posso contar com eles. Espero poder retribuir todo o amor e carinho que eles têm por mim. Eu tenho os pais mais fortes do mundo, e os melhores. Mas acredito que quase todo filho diga o mesmo dos seus.

Tem saído às ruas? Tem sido assediado? Sempre gostei de ficar em casa e sou muito reservado. Ainda não estou saindo, estou concentrado no trabalho. Tem muitas coisas que preciso colocar em ordem. Mas saí uma ou duas vezes e fui muito bem recebido por todos. A cidade é pequena e as pessoas se conhecem, sempre fui de falar com todo mundo e por isso sou recebido com muito carinho. Sou muito grato por isso.

E seus amigos, falaram com você? Ainda não tive tempo de me reencontrar com todos, mas eles estão muito felizes por eu estar de volta. Sempre conversei muito sobre filosofia e outros assuntos com meus amigos, acho que ficou aquela saudade das discussões filosóficas em busca da verdade da vida. Eles aprenderam muitas coisas interessantes nesse período e eu também, e graças a isso enriquecemos mais ainda nossa amizade.

Você disse ao programa Fantástico que sumiu para buscar a verdade da vida. Encontrou? Gostaria de responder simbolicamente. Cada um recebe de acordo com o merecimento. Mas em pouco tempo eu consegui lapidar a pedra filosofal. Porém, ela logo se dissolveu. Felizmente, é preciso apenas uma centelha para que a semente de mostarda comece a brotar e criar raízes. Vai depender agora de minha fé fazê-la crescer e criar seus ramos.

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Quando tomou a decisão de voltar? Quando percebi que já não conseguiria mais alcançar aquilo que vinha buscando para mim em isolamento. Toda a minha meta foi alcançada nos dois primeiros meses.

O que acha do apelido ‘Menino do Acre’? Acho muito legal! Não me importo muito de como as pessoas me chamam, se elas acham ‘Menino do Acre’ legal, então eu também acho. O importante é que as pessoas se sintam bem com a maneira de me chamar.

No seu livro você exalta o celibato. Você o pratica? O celibato é exaltado por mim em se tratando de processos criativos. É importante entender que se o celibato for praticado forçosamente acaba sendo prejudicial, mas, se ele advém de uma inspiração, torna-se um mecanismo importante de sublimação energética, visto que o indivíduo estaria utilizando esta energia para uma atividade criadora. Eu pratico o celibato de maneira intermitente, quando estou em processo criativo. Em geral passo meses, dependendo do meu projeto.

Você também afirma ter uma alimentação totalmente frugívora. Passo meses sendo frugívoro. Mas eu também adoto no meu dia a dia uma dieta vegana, por ser mais prática. Acredito que essa dieta ajuda nos processos criativos.

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Você cita Hitler como exemplo de pessoa vegana, assexuada, que pratica o isolamento. Esses aspectos são importantes para alcançar objetivos. A pessoa que adota esses comportamentos pode escolher entre o trigo e a palha. Hitler entendia do assunto e de como deveria proceder, mas infelizmente ele resolveu tirar seus conteúdos do depósito de coisas ruins, e não das boas.

Por que você deixou seus livros codificados? Um dos objetivos era estimular as pessoas a revelar o que está oculto. Isso é só o começo para a senda do autoconhecimento que todos nós buscamos em vida. Essa foi uma maneira de instigar as pessoas a dar o primeiro passo.

De onde veio a inspiração para o código usado nos livros? Toda inspiração é de cunho alquímico. O resto, infelizmente, não há como dizer senão através de simbolismos.

Você acredita em vida extraterrestre? Não estamos sozinhos e nunca estivemos. Eu vou dizer em breve o que sei. Também pretendo apresentar uma pessoa que tem grandes revelações a fazer.

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Você deixou catorze livros. Os outros treze serão publicados? Quando? Pretendo publicá-los gradualmente e em breve. Mas alguns livros talvez mereçam permanecer ocultos.

Do que tratam os outros treze livros? Cada livro trata de um assunto específico. Eu escrevi livros de filosofia (política e metafísica); ocultismo; psicologia; teologia; história; romance; antropologia (experiências religiosas); mesclei com física quântica e desenvolvi uma teoria cosmogônica e algumas teorias na área de viagens no tempo.

Você pode adiantar algo sobre a sua teoria na área de viagens no tempo? Tenho mais de cinco teorias nessa área. Desenvolvi algumas quando estive isolado. Os astecas utilizavam a fumaça dos corpos queimados em sacrifício para predizer o futuro. Existem substâncias alquímicas na natureza que podem facilitar o processo, mas em geral eu trabalho com a funcionalidade cerebral, conectando as informações (amor) em vez de discriminá-las (ódio). Eu já fiz alguns tipos de viagens no tempo e sei de algumas coisas que vão acontecer nos próximos anos. A minha primeira teoria já está toda no papel e vou colocar no meu blog em breve.

Você disse que fez tudo isso com a intenção de fazer as pessoas buscarem conhecimento. De que forma acha que o seu desaparecimento poderia estimular essa busca? Se eu não tivesse procedido assim, as pessoas não teriam ficado tão curiosas em tentar entender tudo o que eu havia deixado. A maneira como meu desaparecimento estimulou as pessoas a adquirir conhecimentos é perceptível pelo fato de milhares de pessoas terem passado a discutir filosofia e assuntos que enriquecem o espírito, deixando de lado muitas coisas hostis e pueris que estão tomando conta de nossa sociedade, especialmente os jovens. As pessoas começaram a procurar algo que desse sentido a suas vidas e a leitura foi estimulada. O Brasil carece disso.

Que tipo de conhecimento você acha que as pessoas devem buscar? Aquele que enriquece o espírito e que faz com que possamos nos conhecer melhor. O conhecimento mais útil é aquele que faz com que o indivíduo comece a agir em prol de ajudar não apenas ele mesmo, mas os seus semelhantes. Isso é utilitarismo.

O que pretende fazer agora? O futuro próximo já reina. A era virtual já está entre nós. Por mais que as pessoas não percebam, a partir de agora o conhecimento será mais valorizado. Quanto mais conhecimento você tiver, mais influente será na sociedade. Eu continuarei buscando aprender com os outros e com tudo ao meu redor. Ainda estou engatinhando.

Você está em que ano do curso de psicologia? Pretende retomar a graduação? Estou no 3º ano. Pretendo retomar e conseguir minha formação. Não podemos ficar parados, a sociedade exige nosso crescimento e nossa disciplina.

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