Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Complexo da Maré: a moleza vai acabar para os bandidos

Polícia começa a ocupar território dominado pelo tráfico e por agentes corruptos

Por Leslie Leitão Atualizado em 10 dez 2018, 11h31 - Publicado em 3 mar 2013, 12h11

O assistencialismo sempre foi um pilar do reinado do Menor P: ele distribuía presentes a todos e até promovia peladas com jogadores de grandes times do Rio. Nenhuma celebridade passava pela favela sem lhe render uma visita

A primeira visão do turista que desembarca no Rio de Janeiro pelo Aeroporto Internacional Tom Jobim é a do Complexo da Maré, imensidão de casebres de tijolos e ferragens aparentes que margeia a Linha Vermelha, um dos principais acessos à cidade. Junto com o vizinho Caju, aquela é de longe a mais populosa área da cidade ainda sob o domínio da bandidagem. São 150.000 moradores vigiados por marginais que circulam por todos os becos com seus rádios de comunicação e fuzis à vista. Trata-se do último enclave do crime situado no cinturão em torno dos locais que serão palco dos megaeventos esportivos sediados no Rio até 2016. Neste domingo, o estado começará a retomar tal território a partir do Caju, ação que tem o objetivo de fincar ali uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), nos moldes de outras trinta já instaladas em favelas cariocas. A ocupação, que contará com 1 200 policiais e o apoio de tanques da Marinha, foi informada previamente, como as demais, para evitar confrontos sangrentos, ainda que isso leve à fuga dos criminosos com seu arsenal. O plano é reaver todo o complexo até junho – às vésperas da Copa das Confederações.

Leia também:

Leia também: Polícia ocupa o Complexo do Caju e a Barreira do Vasco

O conteúdo de investigações, ao qual VEJA teve acesso, não deixa dúvidas sobre como o tráfico se apossou do lugar – pagando vultosas propinas a policiais corruptos. Dois esquemas foram desnudados: o primeiro era liderado por um bando da Delegacia de Combate às Drogas, que, já se sabe, recebia um “mensalão”; o outro, por homens do Bope, a tropa de elite do Rio. Nesse último caso, o inquérito traz à luz as cifras. Eram pagos 12.000 reais por dia a um cabo do Bope, que rateava o dinheiro entre seus colegas de plantão. Em troca, eles cerravam os olhos ao tráfico e à barbárie. Todos os suspeitos já foram afastados de suas funções. O dinheiro vinha de uma única fonte: o traficante Marcelo Santos das Dores, conhecido como Menor P, integrante do alto escalão do crime.

Continua após a publicidade

A cena acima, captada de um vídeo obtido por VEJA, mostra como seus asseclas empunhavam fuzis no meio da rua, livremente. O descaramento era tanto que, em 2009, Menor P chegou a “alugar” um blindado da PM para avançar sobre os domínios de uma facção rival. O assistencialismo sempre foi um pilar de seu reinado: ele distribuía presentes a todos e até promovia peladas com jogadores de grandes times do Rio. Nenhuma celebridade passava pela favela sem lhe render uma visita. Muito menos alguém nascido e criado na Maré, como Naldo, o funkeiro do momento. A foto que registra o encontro foi achada em uma busca recente na casa do traficante, que conseguiu escapar. Espera-se que, com a UPP, registros como esse se tornem restos do passado.

Para ler outras reportagens compre a edição desta semana de VEJA no IBA, no tablet ou nas bancas.

Outros destaques de VEJA desta semana

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.