O balanço de mortos e feridos confirma as perspectivas desanimadoras traçadas pelas autoridades nas horas seguintes ao deslizamento catastrófico: 219 mortos em todo o estado, 132 deles em Niterói, 67 na capital, 16 em São Gonçalo e os demais em outros municípios atingidos.
Estruturas para amenizar o sofrimento de quem espera notícias começam a ser instaladas nas ruas próximas ao local do desastre. Há trabalho e escombros para pelo menos duas semanas de escavações.
Depois de mais de 48 horas de escavações ininterruptas na montanha de detritos, bombeiros conseguiram encontrar apenas 27 corpos no local onde se estima terem sido soterradas 200 pessoas. Estão acumulados ali 750 mil metros cúbicos de terra � o equivalente a um milhão de toneladas.
Agora, a escuridão obriga as equipes a reduzir o ritmo de trabalho. O secretário estadual de Saúde e Defesa Civil, Sérgio Côrtes, explica que a grande dificuldade à noite é o risco de trabalhar na parte de trás do morro. �Ao longo do dia, ficam quatro ou cinco bombeiros vigiando as encostas. E, quando há um princípio de deslizamento, o trabalho é paralisado. No escuro, só dá pra ter gente na parte da frente dos escombros�, explicou Côrtes.
Apoio local – Contêineres do Tribunal de Justiça vão evitar que famílias tenham que passar pelo demorado e sofrido processo de reconhecimento de corpos no Instituto Médico-Legal. E no fim de semana, prometeu Côrtes, chega um centro de atendimento psicológico improvisado, para prestar atendimento aos que montam plantão à espera de um desfecho para suas tragédias pessoais.
Entre os sobreviventes, as carências são muitas. Passam de 11.500 os desabrigados, segundo dados consolidados pela Defesa Civil Estadual. O centro das atenções se voltou para Niterói dado o tamanho da catástrofe em um só ponto � justamente por isso o município deve receber R$ 35 milhões dos R$ 200 milhões liberados pelo governo federal.
Em toda a Região Metropolitana, porém, o estrago da chuva ainda é uma cicatriz aberta, com vítimas na Zona Oeste, no Centro, na Zona Sul e na Baixada Fluminense.
Só no Morro dos Prazeres, foram retirados 25 corpos. A área está condenada pela Defesa Civil e 250 casas terão de ser demolidas � para, espera-se, não serem reerguidas quando as mortes foram esquecidas. O plano da prefeitura é retirar da área todos os moradores, devido ao risco de novos desabamentos.