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Caso Amarildo: Pezão tenta defender Bope e comete gafe

Após dois anos, governador parece ainda não saber que investigação identificou quatro torturadores e MP denunciou outros oito por participação direta no assassinato e na ocultação do cadáver do pedreiro

Por Leslie Leitão 24 jun 2015, 21h39

Na tentativa de defender os policiais militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope) – investigados pelo Ministério Público (MP) por suspeitas de ocultação do cadáver do pedreiro Amarildo de Souza – o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), acabou cometendo uma gafe. Passados quase dois anos do caso que gerou revolta em todo o país, ele disse nesta quarta-feira que o Estado vai colaborar com as investigações dos promotores, mas mostrou total desconhecimento do desfecho da investigação, ao dizer que os autores do assassinato ainda não foram descobertos. Amarildo foi torturado e morto por policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, conforme o inquérito policial.

“É bom lembrar que a autoria do crime ainda não foi descoberta”, afirmou o governador. O curioso é que o inquérito da Divisão de Homicídios, concluído em outubro de 2013, traz a relação de doze policiais militares, entre eles o major Edson Santos, então comandante da UPP, que teriam participado, direta e indiretamente, da tortura com resultado morte e ocultação do cadáver do pedreiro.

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Através de relatos de testemunhas – entre elas policiais da própria UPP – a investigação conseguiu identificar os quatro agentes que, diretamente, participaram da sessão de tortura. São eles o tenente Luiz Felipe de Medeiros, o sargento Reinaldo Gonçalves dos Santos, e os soldados Anderson Maia e Douglas Roberto Vital Machado. Outros quinze policiais foram denunciados por crimes como omissão ou fraude processual.

O caso Amarildo voltou à tona esta semana depois que uma reportagem do Jornal Nacional apresentou um vídeo da noite de 14 de julho de 2013, que mostra quatro veículos do Bope entrando na Rocinha. Uma perícia do MP indicou a possibilidade de haver um corpo na caçamba de uma das viaturas, exatamente a única que ficou com o GPS desligado durante 58 minutos. Nas próximas semanas, catorze policiais do Bope afastados deverão prestar depoimento no MP e na Corregedoria da Polícia Militar.

Como o secretário de Segurança José Mariano Beltrame, e seu subsecretário, Roberto Sá, – estão na França a convite da Interpol e só retornam dia 27 – coube a Pezão falar sobre a nova crise na pasta. “O Ministério Público está fazendo o seu papel, e nós não vamos nos furtar de dar nenhuma informação. Vamos atender a tudo que a Justiça determinar. É importante registrar que há hoje doze policiais militares presos. Também é importante ressaltar que foram as câmeras que nós colocamos dentro da Rocinha que possibilitaram as investigações”, afirmou, mostrando mais desconhecimento. Justamente no dia em que Amarildo foi levado para a base da UPP, na região do Portão Vermelho, e desapareceu, as duas câmeras que ficavam ali instaladas não estavam funcionando. O único registro existente da captura do pedreiro é de uma câmera em outra região da favela. Dali ele foi levado de carro para o topo da Rocinha e nunca mais foi encontrado.

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Balas perdidas – Enquanto o caso Amarildo volta ao noticiário, os confrontos armados em outras favelas com UPP continuam. Na noite de terça-feira, traficantes que disputam o controle das bocas de fumo dos morros do Chapéu Mangueira e Babilônia, no Leme, Zona Sul do Rio, se enfrentaram mais uma vez. Jefferson de Souza Bezerra dos Santos foi baleado nas costas próximo a um bar e morreu na hora. No Morro dos Macacos, um confronto entre policiais e traficantes também assustou moradores. Aline da Silva, de 35 anos, estava dentro de casa e acabou baleada na cabeça. Seu estado de saúde é grave.

No Morro da Mineira, no Catumbi, região central do Rio, um soldado da UPP local se tornou o 60º policial ferido por tiro somente este ano em favelas consideradas pacificadas. Destes, cinco morreram. Ele foi atingido no braço e levado para o Hospital Central da PM. No confronto, mais dois moradores foram atingidos por balas perdidas.

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