Boa parte dos candidatos a uma das 5.641 prefeituras em disputa nas eleições de outubro briga para contar com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a campanha. Embalado por uma popularidade recorde, o presidente não apenas já embarcou na corrida eleitoral, como é a principal influência na disputa municipal que começou no início deste mês. Como demonstra uma reportagem da edição de VEJA desta semana, ganhar uma carona no Aerolula eleitoral é motivo de disputa entre aliados e objeto de desejo de candidatos que lhe faziam dura oposição.
Na semana passada, questionado sobre as eleições, o presidente deu uma resposta tão curta quanto enganosa. “Eleições? Estou fora”, disse Lula. O verdadeiro significado da frase é seu contrário. Tendo participado de sete disputas nos últimos 26 anos, e dono de 58 milhões de votos no pleito que lhe deu seu segundo mandato presidencial – a segunda maior votação de um governante nas democracias ocidentais -, Lula possui as refregas eleitorais em seu DNA. Por conta disso, seu apoio é disputado a tapa.
Se pudesse ser traduzida em números, a propulsão eleitoral do presidente estaria resumida à dinheirama que o governo vem despachando para as bases eleitorais de seus aliados nas últimas semanas. Entre as 50 cidades que mais receberam recursos federais, 43 são administradas por partidos que dão sustentação ao presidente. Mas, como não se tem notícia de governante que use a caneta para prejudicar correligionários antes de uma eleição, a aritmética sozinha não significa muita coisa.
Mais do que canteiros de obra de última hora, sua força emana de uma peculiar combinação de fatores. “Nunca houve um cabo eleitoral como Lula. Ele é popular, carismático e tem a economia a seu favor. É por isso que todo mundo quer o presidente em seu palanque”, afirmou a VEJA o cientista político Murillo de Aragão, da consultoria Arko Advice. De acordo com a última pesquisa disponível, Lula é aprovado por 55% dos brasileiros. É a melhor avaliação atribuída a um governante desde que o instituto Datafolha começou a realizar esse tipo de pesquisa, há 21 anos. Nunca um presidente chegou às portas de uma eleição com níveis de popularidade tão elevados como Lula.
São Paulo – Do alto da cabine de comando do Aerolula eleitoral, o cenário que irá se descortinar para ele também é decisivo para se ter uma idéia da força que o presidente terá para influenciar a própria sucessão. Nesse ponto, vale a pena prestar atenção na eleição de São Paulo, uma das poucas disputas relevantes em que Lula deverá enfrentar grandes resistências. Dona do maior colégio eleitoral do país, berço do PT e do PSDB, a eleição paulistana é interpretada pelos estudiosos como uma espécie de prévia da batalha presidencial de 2010. E é a única a exibir um candidato com perfil claramente anti-Lula – o tucano Geraldo Alckmin, derrotado pelo presidente em 2006.
Entenda como Lula pode ser decisivo para as eleições de outubro na íntegra da reportagem (exclusiva para assinantes).