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Bangu tem dia tenso com advogados barrados e briga entre presos

Detentos do Terceiro Comando Puro se desentendem e seis ficam feridos; servidores em greve vetam entrada de defensores e criam tensão do lado de fora

Por Da redação
Atualizado em 18 jan 2017, 19h39 - Publicado em 18 jan 2017, 19h33

Uma briga entre presos do Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na zona oeste do Rio, deixou seis detentos levemente feridos nesta quarta-feira. O tumulto aconteceu no presídio Esmeraldino Bandeira e teria envolvido 80 presos. O presídio é destinado a condenados no regime fechado e tem capacidade para 992 presos, mas hoje abriga 1826 detentos, com 184% de ocupação.

Segundo funcionários que trabalham no sistema penitenciário, bandidos da facção Terceiro Comando Puro (TCP) teriam se desentendido por uma questão de regras no local. Agentes que estão em greve desde esta terça-feira tiveram que desmobilizar a paralisação para ajudar a conter a briga. De acordo com o presidente do Sindicato dos Servidores do Sistema Penal, Gutembergue Oliveira, os agentes intervieram rapidamente na situação.

“O diretor da unidade tentou persuadir pela mediação, mas eles saíram no tapa. Foi um desentendimento que eles tiveram devido às regras do coletivo a que se submetem. A nossa intervenção foi rápida, e o grupamento especial contra distúrbios não precisou disparar nenhum tiro de bala de borracha”, disse Oliveira.

A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) respondeu que não há rebelião na penitenciária. “Houve uma briga entre seis internos e a situação foi controlada pela direção e coordenação de área. Grupamento de Intervenção Tática (GIT) foi acionado, mas não houve necessidade de incursão na unidade”, informou.

Advogados impedidos de entrar

Do lado de fora do complexo, também houve tensão. Agentes penitenciários em greve têm impedido desde ontem a entrada de advogados e de alguns caminhões no Complexo de Bangu. As visitas de familiares também foram suspensas e até a chegada da Polícia Civil com novos presos tem sido dificultada. Nesta quarta-feira, houve tumulto quando alguns defensores foram barrados.

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A confusão começou quando um advogado tentou ingressar no presídio e foi barrado por cerca de 50 agentes que estavam de braços cruzados, em frente à guarita do prédio. Ulisses da Silveira se recusou a dar marcha à ré no carro e foi cercado pelos servidores.

Houve discussão, e alguns agentes mais exaltados disseram que iriam “anotar a placa do carro do advogado”. Em seguida, eles bloquearam a entrada do complexo com tonéis. Silveira disse que precisava entrar no local para obter a assinatura de seu cliente para uma procuração que pediria a sua liberdade na Justiça.

“Eles não podem cercear o meu trabalho e prejudicar o meu cliente. Eles também me ameaçaram dizendo que iriam virar o meu carro e anotar a minha placa. O que eles querem dizer com isso? Vou procurar os meios legais”, disse.

O advogado Gaspar da Silveira Neto, que defende um dos 27 corintianos presos por envolvimento em um tumulto nas arquibancadas do Maracanã, também foi impedido de entrar no complexo pelos agentes. Neto tentou entrar no complexo na terça-feira para avisar ao seu cliente que o grupo tinha conseguido a liberdade, mas não conseguiu.

O advogado relata que dormiu em uma pensão próxima ao local mas, até as 12h desta quarta-feira, ainda não tinha conseguido entrar no presídio e seu cliente ainda não havia sido solto.

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“Eu entendo a reivindicação deles, e a greve é legal. Mas eles não podem impedir a nossa entrada. A greve também está dificultando a execução da soltura deles”, disse.

Gutembergue Oliveira afirma que as medidas, entre elas o veto à entrada dos advogados, são legais. “Tem advogado que pega dinheiro do cliente e só visita de mês em mês”, critica.

Por meio de nota, a OAB-RJ diz que a Comissão das Prerrogativas do órgão “considera justa a reivindicação dos servidores, mas está buscando, através do diálogo, soluções para garantir o direito constitucional do contato entre advogados e os presos”.

Já a Defensoria Pública comunicou que, em razão do movimento grevista, “suspendeu o atendimento presencial realizado pelos defensores públicos às pessoas privadas de liberdade em todas as unidades do parque prisional estadual”. Porém, informou que o Núcleo do Sistema Penitenciário da Defensoria Pública encontra-se “em regular funcionamento” em sua sede funcional, no centro, atendendo familiares de detentos.

(com Estadão Conteúdo)

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