Auxiliar de enfermagem disse que equipe sabia que atenderia bebê
A profissional acompanhava a médica Haydée Marques da Silva, acusada de omitir socorro em caso que levou um bebê à morte no Rio de Janeiro
A técnica de enfermagem que acompanhava a médica Haydée Marques da Silva, acusada de omitir socorro e levar à morte um bebê de 1 ano e 6 meses, prestou depoimento nesta terça-feira à Polícia Civil do Rio. A criança é Breno Rodrigues Duarte da Silva, que faleceu na última quarta-feira, no Rio de Janeiro, uma hora e meia depois que a médica fez a ambulância a caminho da casa da família dar meia volta, alegando que seu expediente havia terminado.
Breno sofria de doença neurológica, recebia atendimento no sistema de home care e morreu enquanto aguardava uma nova ambulância para fazer o socorro, depois de aspirar o próprio vômito. Haydée, de 66 anos, deve ser indiciada por homicídio culposo (não intencional) ou doloso (intencional).
Segundo a delegada Isabelle Conti, da 16ª DP (Barra da Tijuca), que investiga o caso, a técnica de enfermagem contou que, desde que a ambulância foi chamada, a equipe sabia que o paciente era um bebê. A médica havia afirmado só ter descoberto quem era o paciente na porta do condomínio onde ele morava, na Barra, e ter se recusado a atendê-lo porque não era um caso grave e ela não é pediatra.
Conforme a técnica de enfermagem, no entanto, toda a equipe médica recebeu pelo celular informações sobre o atendimento para o qual haviam sido convocados. Segundo essas primeiras informações, a criança não corria risco de morte naquele momento. Ela havia sido diagnosticada com gastroenterite.
A delegada pretende esclarecer se a médica tinha noção do risco que a criança corria e da necessidade de prestar atendimento naquele momento. Em depoimento na segunda-feira, Haydée afirmou que não se sente responsável pela morte dele. “Fui atender um bebê que não corria risco de morte, que tinha um profissional de saúde em casa (a técnica de enfermagem do home care). Quando há um código vermelho que fala sobre risco de morte eu atendo, mesmo não sendo pediatra. A classificação de risco neste caso era baixa. Me foi passado pela técnica que era uma gastroenterite, com neuropatia. Não estou arrependida porque não fiz nada de errado. Estou triste e muito abalada pela criança ter morrido. Não acho que tenha sido responsabilidade minha a morte da criança”, disse Haydée.