Após ofensiva do PT, corregedoria apura palestras de Dallagnol
Procurador afirmou que doou todo o dinheiro para um hospital e que não há nenhuma restrição na lei que o impeça de receber pelas atividades
A Corregedoria Nacional do Ministério Público abriu um procedimento para apurar a remuneração de palestras ministradas pelo chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol. A representação é mais uma ofensiva do PT contra o procurador que, em setembro de 2016, denunciou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como “comandante máximo” do esquema de corrupção desvendado pela Operação.
A representação foi feita pelos deputados petistas Paulo Pimenta (RS) e Wadih Damous (RJ) e representa por ora apenas uma “reclamação disciplinar”. O corregedor nacional Cláudio Henrique Portela deve decidir agora se há indícios suficientes ou não para instaurar um processo administrativo disciplinar. A presidente do PT, a senadora Gleisi Hoffmann (PR), chegou a subir na tribuna do Senado para acusar Dallagnol de enriquecer em cima da Lava Jato e das acusações contra Lula.
A corregedoria, no entanto, esclareceu que “não há nenhum dispositivo legal que autorize ou proíba um membro do Ministério Público a ministrar palestras de forma remunerada”.
Dallagnol, por sua vez, informou que recebeu 219.000 reais em 2016 em doze palestras feitas para falar sobre corrupção e a história da Lava Jato. E que doou toda a verba para o hospital Erasto Gaertnerna Paraná, que cuida de crianças com câncer. Ele disse ainda que atividades docentes — ou palestras — são autorizadas pela Constituição e por resoluções do Conselho Nacional do Ministério Público e pelo Conselho Nacional de Justiça. “
“A atividade de dar palestras é legal, lícita e privada. Por decisão própria, em 2016, eu decidi destinar todos os valores que seriam recebidos com palestras para uma entidade filantrópica”, afirmou o procurador. Ele também rebateu diretamente a crítica de Gleisi, dizendo que em suas palestras não trata de casos específicos de políticos, mas do combate à corrupção em geral.
No fim do ano passado, a defesa de Lula entrou com uma ação na Justiça contra Dallagnol pedindo 1 milhão de reais de indenização pela coletiva de imprensa em que ele divulgou a denúncia contra o ex-presidente.