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Adolescente torturado faz exames para retirar tatuagem da testa

Jovem de 17 anos teve a palavra ‘ladrão’ marcada na testa por dois homens após supostamente ter tentado furtar uma bicicleta em São Bernardo do Campo

Por Da redação
Atualizado em 12 jun 2017, 16h35 - Publicado em 12 jun 2017, 12h54

O adolescente de 17 anos que teve a frase “Eu sou ladrão e vacilão” tatuada na testa  por dois homens depois de supostamente tentar furtar uma bicicleta, em São Bernardo do Campo (SP), está realizando exames para realizar procedimento  de remoção da marca ainda esta semana. O Conselho Tutelar também deve ouvi-lo nesta segunda-feira para verificar a necessidade de atendimentos sociais e de saúde.

Segundo o advogado Ariel de Castro Alves, coordenador da Comissão dos Direitos da Criança e do Adolescente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos da Pessoa Humana, algumas clínicas procuraram a família do rapaz para oferecer o procedimento de remoção da tatuagem gratuitamente. Além disso, uma vaquinha virtual, organizada por um vizinho do jovem, arrecadou quase 20 mil reais para custear o procedimento e os cuidados psicológicos do adolescente, que tem problemas mentais e é dependente químico.

O adolescente foi localizado pela família no fim da tarde de sábado, depois de um vídeo dele sendo tatuado e humilhado por Maycon Wesley Carvalho dos Reis, de 27 anos, e o vizinho dele, Ronildo Moreira de Araújo, de 29 anos, circular pelas redes sociais. O jovem estava desaparecido desde o dia 31 de maio, em mais uma recaída da dependência química. Segundo Castro Alves, o jovem alega que estava sob efeito de álcool e drogas quando entrou em uma pensão e mexeu em uma bicicleta, sem a intenção de roubar. Depois, os tatuadores teriam amarrado o jovem pelos pés e mãos e começado a tatuá-lo, mesmo após os pedidos de clemência do adolescente. Quando a marca foi concluída, os acusados teriam levado o garoto à rua e exibido a tatuagem para quem passava por perto.

Tortura

Reis e Araújo foram presos em flagrante por tortura na noite da última sexta-feira. A tortura é considerada crime hediondo e inafiançável, que pode levar de dois a oito anos de prisão. “Dependendo do tempo pelo qual o jovem permaneceu com os pés e mãos amarrados, eles ainda podem responder por cárcere privado, além de outros crimes por submeterem um menor de idade a constrangimento e humilhação”, diz Castro Alves. O advogado também afirma que os tatuadores ameaçaram o adolescente de morte caso ele denunciasse.

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Ao ser abordado por policiais no último sábado, Reis confirmou ser o tatuador que aparece no vídeo e afirmou que estava “revoltado”, pois o menino teria tentado roubar a bicicleta, que pertence a um deficiente físico que mora na pensão.

“Até agora, a possível tentativa de furto por parte do adolescente não está confirmada. O próprio dono da bicicleta não estava lá e não presenciou nada”, diz Castro Alves. “A vingança pode configurar um crime e gera injustiças. O menino aparentou não ser um jovem violento e estar consciente de seus problemas e da necessidade de se tratar.” O advogado afirmou também que o adolescente não tem passagem pela Fundação Casa.

Dificuldades

O jovem mora atualmente com a avó e um tio, no ABC paulista, e nenhum dos dois adultos tem renda fixa. A mãe, Vânia Rocha, é auxiliar de limpeza. “Conheço esse garoto desde que ele era pequeno e sua família vive uma situação de pobreza e falta de condições”, escreveu em seu Facebook Robin Batista, editor do site do coletivo Afroguerrilha, responsável pela vaquinha online que arrecadava dinheiro para pagar a remoção da tatuagem.

Por conta da dependência química, o adolescente já vinha sendo acompanhado pelo Conselho Tutelar e chegou a fazer tratamento no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de São Bernardo do Campo. Na tarde de domingo, com a visita do Conselho Tutelar à casa da família, a avó e o tio também demonstraram aflição por não ter comida para o almoço.

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