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A estranha onda de coincidências no Caso Bruno

Polícia encerra buscas no sítio que foi do goleiro sem sinal de Eliza. Depois da morte de uma testemunha e dos ataques ao motorista do goleiro, jovem que colaborou com a polícia pede proteção

Por Da Redação
28 ago 2012, 20h15

Há quem não acredite em coincidências. E existe também quem enxergue conexão entre fatos não necessariamente relacionados. Os dois comportamentos podem ser nocivos quando o tema em questão é um crime brutal, com uma dezena de acusados. No momento, policiais, promotores, advogados e juízes que atuam nos crimes que cercam a morte da jovem Eliza Samudio têm sobre suas cabeças um emaranhado incômodo de coincidências. O ápice da última onda de estranhezas ocorreu neste terça-feira. Num intervalo de seis dias, uma testemunha do crime foi assassinada, outra sofreu duas tentativas de homicídio, e na noite de segunda-feira chegaram à polícia novas informações sobre onde estariam os restos mortais da jovem. No início da noite, as buscas pelo corpo de Eliza no sítio que foi do goleiro Bruno foram encerradas. O mistério continua.

Por prudência, a Polícia Civil de Minas Gerais vem tratando publicamente os episódios como meras coincidências. E não acredita, por exemplo, que a morte de Eliza esteja relacionada com os dois ataques a Cleiton da Silva Gonçalves, o ex-motorista de Bruno que escapou de tiros na noite de domingo e novamente foi perseguido na segunda-feira. Cleiton, é sabido, tem amigos estranhos. E chegou a ser indiciado como mandante de um homicídio em março deste ano. Mais estranho é o seguinte: ele próprio, e seus advogados, descartam a relação dos ataques com a morte de Eliza, e preferem dizer que o motivo dos atentados é a ligação dele com o crime de março. Ou seja: quase uma confissão de ligação com um assassinato.

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Polícia Civil de Minas confirma participação de policial na morte de Sérgio Rosa Sales

Seria mais fácil acreditar no azar de Cleiton se os ataques não tivessem ocorrido dias depois de outro dos envolvidos ser assassinado. Sérgio Rosa Sales, o primo do goleiro que mais contribuiu com a polícia, foi morto com seis tiros na manhã de quarta-feira. O advogado de Sales negou saber de ameaças sofridas pelo cliente. A família do rapaz também. Dois dias depois, no entanto, os parentes admitiram ter medo de represálias e informaram, em depoimento formal à Polícia Civil, que ele recebeu intimidações por mensagem de celular.

Sales, aliás, andava com quatro celulares – um de cada operadora. E o chip pré-pago pelo qual foi recebida a ameaça já teria sido descartado. A polícia tem meios para saber qual era este número e o teor exato da mensagem. A família diz estar com medo.

É o medo também que leva o advogado Eliezer Jónatas de Almeida Lima, defensor do outro primo de Bruno, a pedir proteção para o cliente. O rapaz, hoje com 19 anos, era menor de idade em 2010, quando Eliza desapareceu. Foi ele quem descreveu à polícia a casa de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, como local onde Eliza viveu seus últimos momentos. Detalhou também as características físicas de Bola, um ex-policial, e o que foi dito no momento da execução brutal – tudo isso sem ver o local e o suspeito. A polícia confirmou as descrições levando o jovem até a casa, em Vespasiano – cenário de uma das hipóteses mais macabras que rondam o crime, com a suspeita de que o corpo teria sido picado e dado a cães.

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O rapaz foi ouvido pela Justiça também nesta terça-feira. A explicação para o depoimento, dada pela Justiça, é de que foi um procedimento de rotina, para reavaliar as medidas socioeducativas. Ou seja, mais uma coincidência.

Considerar que os envolvidos no caso estão seguros, diante desse conjunto de fatos, é subestimar o poder das coincidências. Independentemente da motivação, a morte de Sérgio Rosa Sales eliminou a possibilidade de ele vir a colaborar no julgamento dos acusados. O mesmo vale para Cleiton e outros acusados com menor participação no caso. O trio principal – Bruno, Macarrão e Bola – responde por homicídio, ocultação de cadáver e uma série de outros crimes. As figuras secundárias pegariam penas bem mais brandas, e, se colaborassem, poderiam ter o castigo bastante atenuado.

Entenda o caso:

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