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A banda podre da polícia do Rio gargalhou com a fuga de traficantes do Complexo do Alemão

Em conversa gravada pela Operação Guilhotina, miliciano conta que Pezão, chefe do tráfico, escapou carregando até cerveja. Outros escaparam de táxi

Por Cecília Ritto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 22 fev 2011, 16h53

“Pegaram um táxi no Itararé e foram pro Norte Shopping. De lá, cada um seguiu seu rumo”, conta Afonso, sobre a fuga do traficante Marcelinho

A tomada do Complexo do Alemão por policiais e militares das Forças Armadas entrou para a história como um marco do avanço do estado sobre as áreas controladas pelo tráfico de drogas. Nos dias que se seguiram à cinematográfica operação, policiais e cidadãos se mostraram perplexos também diante da forma como alguns dos chefões do tráfico conseguiram furar o cerco e escapar do conjunto de favelas. Uma parte das investigações da Operação Guilhotina, que investiga quadrilhas formadas por agentes do estado, mostra que nunca foi problema para a ‘banda podre’ da polícia entender como se deu a fuga dos traficantes Pior: alguns policiais se divertiram com os métodos inusitados empregados pelos bandidos para ‘desaparecer’.

Um telefonema interceptado com autorização da Justiça, no dia 11 de janeiro deste ano, mostra como o policial militar da reserva Afonso Fernandes – acusado de ser chefe de milícia – sabia detalhes da fuga do traficante Pezão, chefe do tráfico no Alemão. “O Pezão desceu carregando caixa de cerveja nas costas”, conta Afonso. Em seguida, o homem não identificado ri e lembra de outro bandido que tentou fugir vestido de pastor- este, no entanto, não teve a mesma sorte de Pezão e foi pego.

Os dois também comentam sobre o traficante conhecido como Marcelinho Niterói, que não encontrou qualquer dificuldade para sair sem ser percebido do Complexo. “A casa do Marcelinho… Ele chegou andando, normal, pelo Itararé, pelo conjunto. Ele e o Alvarenga saíram andando, normal”, diz Afonso, que depois explica: “Pegaram um táxi no Itararé e foram pro Norte Shopping. De lá, cada um seguiu seu rumo (…)”.

Os diálogos mostram que grande parte da quadrilha conseguiu escapar sem ter de recorrer a mecanismos complexos, como a fuga pela rede de esgotos, investigada na época. Afonso, em outro momento do diálogo, faz um resumo da situação no Alemão. “Eles tentaram tudo, uns que se f…, outros passaram batidos, é muita gente. É uma comunidade grande.” O outro concorda. “É um mundo, né, filho? O que tinha de policial, 20 vinte vezes mais de gente (do tráfico), fácil. Andando na rua”.

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O tráfico de volta ao complexo – Afonso Fernandes está preso, apontado como chefe de um dos quatro grupos criminosos denunciados pelo Ministério Público a partir das investigações da Operação Guilhotina. Os diálogos que ficaram gravados e constam no relatório elaborado pela Polícia Federal, base para a denúncia do MP, têm um indício preocupante: o de que, pouco a pouco, o movimento do tráfico se estabelece novamente no Alemão, com ações violentas contra moradores ‘acusados’ de colaborar com a polícia.

Afonso, que é apontado pela PF como chefe de uma milícia em Ramos – região próxima ao Complexo do Alemão -, demonstra o conhecimento que tem daquela parte do Rio. “É, tá uma “rifa”, já mataram uma p. de morador na faca, aqueles comentários, né? O Marreta que tá lá. Morador que falou com polícia, eles estão pegando (…). Estão na parte da Central, na parte da grota lá no final. Viatura vê e sai, como era antigamente”, explica Afonso, ao interlocutor.

Do outro lado da linha, o homem também afirma que “o tráfico voltou” e que estavam “vendendo a todo o vapor lá”. “Só não estão ostentando arma”, diz ele, explicando em seguida a diferença no comportamento dos bandidos. “Pelo menos acabou, né, compadre. Acabou aquela braba deles. Aquela marra toda acabou”, diz.

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