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100 dias de Crivella: rajadas em Paes e o primeiro-ministro Indio

Em evento, prefeito do Rio de Janeiro aponta esqueletos deixados pelo antecessor. Secretário cada vez mais se cacifa como homem forte do governo

Por Thiago Prado
Atualizado em 30 jul 2020, 20h47 - Publicado em 7 abr 2017, 17h15

O prefeito Marcelo Crivella criou um evento nesta manhã para celebrar os 100 dias da sua gestão na Cidade das Artes (a demonizada obra feita por Cesar Maia, antes chamada de Cidade da Música). O clima de paz da cerimônia de posse com Eduardo Paes em janeiro deu lugar a discursos mais ácidos contra o ex-prefeito. “A herança é dura e árdua”, pontuou Crivella. “Nunca vi isso em anos de administração pública”, afirmou Indio da Costa, secretário de Urbanismo.

O “isso” citado por Indio refere-se a empenhos cancelados no apagar das luzes do governo Paes. As despesas tornaram-se restos a pagar para o governo Crivella de quase 1 bilhão de reais. Na apresentação realizada nesta manhã, a equipe do prefeito também enfatizou a situação difícil das contas do município. A expectativa de arrecadação em 2017, antes prevista em 28,5 bilhões de reais, caiu 11% (agora está em 26,3 bilhões de reais). Há ainda gastos criados em 2016 para projetos na área de educação e saúde sem previsão orçamentária para este ano: “Fizeram as escolas do Amanhã sem amanhã. Elas não cabiam nas receitas”, afirmou Crivella.

Foi a primeira vez que a gestão Crivella apresentou-se para o público de maneira organizada, com um trabalho de comunicação eficiente. Os críticos que consideram o governo paralisado puderam ver um diagnóstico do atual quadro bem-feito e a sinalização de algum rumo estratégico para o futuro. Resta saber se as ideias sairão do papel. Slides mostraram números detalhados sobre despesas e receitas da prefeitura nas mais diferentes áreas (destaque para o gráfico que exibe como vão pesar nos próximos anos os empréstimos pegos no BNDES para obras viárias). Vídeos exibiram projetos de Crivella para o futuro (o mais impressionante deles, a revitalização da favela de Rio das Pedras).

Aos poucos, as grandes grifes criadas para Paes pelo marqueteiro Renato Pereira e a sua agência Prole vão ficando para trás. O conceito de “Cuidar das pessoas”, martelado durante a campanha de Crivella, continua usado nas principais peças publicitárias. A novidade é que programas de urbanização criados na gestão passada como Bairro-maravilha e Morar Carioca voltaram a ser chamados de Favela-Bairro, uma famosa marca criada na era Cesar Maia. Os Restaurantes Populares, criados pelo ex-governador Anthony Garotinho, também estão sendo destacados novamente. A maior marca da gestão Paes, o Porto Maravilha, evaporou dos discursos e filmes institucionais. Agora a frase que acompanha o que será feito na região é “Porto do Rio. Porto da gente”: “Um terço da área está revitalizado. Dois terços ainda não”, dizia um vídeo exibido por Crivella.

Indio quer apito

Chama a atenção desde 1º de janeiro o protagonismo adquirido por Indio da Costa no governo. Adversário de Crivella na última eleição, com críticas ferrenhas a igreja Universal, ele tornou-se uma espécie de primeiro ministro da atual administração municipal. Está sempre ao lado do prefeito nas mais diversas agendas, tanto políticas quanto administrativas, e cada vez mais opina em diversas áreas. No evento de 100 dias desta manhã, foi o único secretário que discursou no evento – o que sempre desperta ciumeira entre alguns integrantes do governo.

Reside aí talvez a grande dificuldade de Indio se viabilizar – ou seja, mostrar-se confiável para a vasta gama de partidos que compõe o governo Crivella. No início da gestão, por exemplo, chegou a ser apelidado de “pele vermelha” por vazar informações da prefeitura. Ontem, irritou alguns pares porque queria sugerir até como seriam mostrados no evento de hoje os dados referentes à gestão Paes. “Ele força uma influência”, diz um aliado.

Indio sabe que para ganhar uma eleição em 2018 precisa ter alianças, ou morrerá na praia como na disputa passada em que seu partido, o PSD, coligou-se com o PSB e o PMB. Todos os seus possíveis adversários tem problemas por ora: Eduardo Paes (este, não se sabe se dentro ou fora do PMDB) e Anthony Garotinho terão problemas com a delação da Odebrecht. O PSOL, focado em lançar Marcelo Freixo para deputado federal e talvez Chico Alencar para a Presidência, não tem nomes. A dupla PT e PSDB é fraca no Rio e deverá ser satélite de algum projeto (a não ser que os tucanos convençam o ex-técnico Bernardinho). Por fim, há quem tente convencer Jair Bolsonaro a desistir do Planalto para tentar o Palácio Guanabara.

Por ora, Indio não admite qualquer movimentação: “É muito cedo ainda”, disse a VEJA esta manhã.

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