Voz e violoncelo: Jaques Morelembaum guia Zélia Duncan por Milton
‘Invento +’ tem no arranjo do produtor a sua originalidade. Cantora não arrisca, e faz bem: sua voz grave e suave casa com o instrumento-mestre do disco
Tudo o que há de sertanejo, épico e melancólico na obra de Milton Nascimento reverbera nas cordas do violoncelo de Jaques Morelembaum, guia para a voz de Zélia Duncan – praticamente mais um instrumento – em Invento + (Biscoito Fino). O disco de 14 faixas reúne canções indiscutíveis como O que Será, Ponta de Areia, San Vicente, Caxangá e Calix Bento, estandartes que já ganharam vida com Elis Regina e Nana Caymmi, entre outros. A união de voz e violoncelo, em lugar de voz ou piano ou o clássico da MPB, voz e violão, é a grande sacada do disco. Zélia – e isso é ótimo – não inventa. A voz da cantora é grave e o violoncelo parece sob medida para ela, que o segue, obediente, suave e melodiosa. Um casamento que deu certo.