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Black Sabbath: previsível, porém imperdível

O grupo inglês toca em Porto Alegre, Curitiba, Rio e São Paulo sem grandes alterações no repertório. E isso é genial.

Por Sérgio Martins Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 jul 2020, 21h14 - Publicado em 28 nov 2016, 17h18
Black Sabbath

Black Sabbath

Aparentemente, é o fim. Hoje, em Porto Alegre, o grupo inglês Black Sabbath dá o pontapé inicial na etapa brasileira da The End Tour (a turnê final, em português). Ozzy Osbourne (vocais), Tony Iommi (guitarra) e Geezer Butler (baixo), além dos músicos convidados Tommy Clufetos e Adam Wakeman (bateria e teclados, ambos egressos da banda solo de Ozzy) passam ainda por Curitiba (30/11), Rio de Janeiro (02/12) e São Paulo (04/12). Depois, haverá apresentações na Alemanha, Irlanda, Escócia e Inglaterra. O adeus definitivo está previsto para 02 e 04 de fevereiro de 2017 em Birmingham, cidade inglesa na qual Osbourne, Iommi, Geezer e o baterista Bill Ward – que ficou de fora por falta de acerto financeiro – criaram uma banda de blues chamada Earth, que posteriormente ficou conhecida como Black Sabbath. Pessoalmente tenho dúvidas sobre o término das atividades do grupo. Sharon Osbourne, mulher de Ozzy, é uma especialista em criar factuais para aumentar o caixa da família. Ela já tinha criado esse estratagema em 1992, quando vocalista chamou seus antigos companheiros para uma última performance. Iommi e Butler aceitaram sem avisar Ronnie James Dio – que tinha substituído Ozzy em 1979, saído em 1983 e retornado na década seguinte – e o caldo desandou de vez. O fato do guitarrista e do baixista estarem sem condições físicas para aguentar uma maratona de shows (Iommi recentemente se recuperou de um linfoma) também não é problema. Sharon é dona da marca Black Sabbath e tem o poder de remontar a banda com o integrante que melhor lhe agradar (para maiores detalhes, leia Black Sabbath, de Mick Wall, na qual ele conta como ela se apossou do nome). Despedida ou não, assistir a um show dos criadores do heavy metal é sempre uma experiência fascinante. Palavra de quem conferiu in loco a pelo menos três apresentações das mais diferentes fases do grupo.

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O Black Sabbath é o verdadeiro criador do heavy metal. Sim, houve experiências anteriores com o rock pesado – como o californiano Blue Cheer, o inglês Cream –, mas o Sabbath continha os elementos que mais tarde se tornariam essenciais ao gênero. As canções arrastadas, com riffs que gritam aos ouvidos (e nesse quesito poucos superam Tony Iommi), uma seção rítmica pesada e cantos que se assemelham a um lamento. As letras de Geezer Butler são outro elemento importante na química do grupo. Fã de terror, especialmente dos contos do escritor inglês Dennis Wheatley, Butler criou um universo macabro, onde o desespero e o oculto sepultaram de vez o sonho hippie. De 1970 a 1975 o Black Sabbath lançou seis álbuns fantásticos (Black Sabbath, Paranoid, Master of Reality, Volume 4, Sabbath Bloody Sabbath e Sabotage), daqueles que a gente escuta sem pular uma faixa. Technical Ecstasy (1976) e Never Say Die (1978), lançados num período em que as drogas tinham corroído a criatividade do grupo, têm uma ou outra coisa boa. O grupo teve uma sobrevida com o vocalista Ronnie James Dio, quando lançou Heaven & Hell (1980) e Mob Rules (1981). A sonoridade do Black Sabbath ganhou peso e as letras, boa parte delas de autoria de Dio, partiram para o realismo fantástico e a mitologia. Em 1982, após o disco ao vivo Live Evil, Dio se cansou da ranhetice de Iommi e Butler e criou sua própria banda.

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O Black Sabbath nunca mais foi o mesmo, ainda que tivesse contado com vocalistas de alta patente como Ian Gillan (no irregular Born Again, de 1984), e Glenn Hughes (em Seventh Star, de 1986, que começou como um projeto solo do guitarrista). Expulso do Black Sabbath, Ozzy Osbourne criou a Blizzard of Ozz, na qual se destacava o virtuose guitarrista Randy Rhoads. Blizzard of Ozz (1980) e Diary of a Madman (1982) são o ápice criativo da carreira do cantor. Rhoads morreu em 1982 num estúpido desastre de avião e Osbourne se uniu a Jake E. Lee (após uma breve passagem dos músicos Bernie Tormé e Brad Gillis) para um último disco significativo – Bark at the Moon (1984), que foi o tema de seus concertos no Rock in Rio. Depois, sua carreira se resumiu a álbuns irregulares e bandas que recriam, com maestria, sucessos do Black Sabbath e de seus primeiros anos de carreira.

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Uma apresentação do Black Sabbath hoje é como rever um velho amigo da escola. Ele vai falar sobre o período de outrora, mas não passa disso. Não insista em assuntos novos ou qualquer história que ele nunca mais tenha contado. Explicando melhor: o trio inglês tem um repertório fixo constituído pelas principais canções de Black Sabbath (a faixa-título, N.I.B. e Behind the Wall of Sleep), Paranoid (a faixa-título e mais War Pigs, Iron Man, Fairies Wear Boots e Rat Salad), Master of Reality (After Forever, Into the Void e Children of the Grave), Volume 4 (Snowblind) e Technical Ecstasy (Dirty Women). Canções lado como Supernaut, que Frank Zappa disse ser um dos melhores riffs de guitarra que ele escutou, o a ode à marijuana Sweet Leaf são totalmente ignoradas. E nem adianta implorar por maravilhas de Sabbath Bloody Sabbath e Sabotage, discos de um período em que Ozzy tinha de cantar num tom mais alto. Que jamais conseguiu igualar na carreira solo. É, sim, um encontro marcado pelo alto grau de previsibilidade. O Black Sabbath, no entanto, é poderoso. Clufetos é um baterista sério, os timbres do baixo de Geezer Butler são inigualáveis e o carisma de Ozzy compensa a voz de taquara rachada e a movimentação prejudicada pelo excesso de álcool e drogas. Tony Iommi é um mestre do riff – e dificilmente será superado.

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Eu assisti ao Black Sabbath em três ocasiões. A primeira foi em 1992, durante a turnê de Dehumanizer, quando Iommi e Butler eram ladeados por Ronnie James Dio e pelo baterista Vinny Apice. Dois anos depois, eles voltaram com Bill Ward – da formação original – e o vocalista Tony Martin. Por fim, em 2013, durante a turnê de 13. Com exceção de 1994, quando Ward atrasou o andamento de todas as músicas e Martin se revelou um cantor esganiçado, o Black Sabbath mostrou por que é o criador do heavy metal. Um espetáculo de peso, um repertório impecável (ainda que datado) e algumas das melhores canções da história do rock – War Pigs, Black Sabbath, Iron Man… você escolhe. Abaixo, eu me permiti a fazer uma pequena lista de músicas que adoraria escutar num show do grupo. Quem sabe eles deixam essa frescura de lado e voltam a tocar ao vivo novamente.

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