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Por Fernanda Furquim
Este é um espaço dedicado às séries e minisséries produzidas para a televisão. Traz informações, comentários e curiosidades sobre produções de todas as épocas.
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As 10 melhores séries de 2012

Chegamos ao final de mais um ano e  já que o mundo não acabou, resta fazer um levantamento das séries e minisséries que, em minha opinião, se destacaram ao longo de 2012. Mais um ano fraco de boas estreias, embora tenha tido muitas promessas. As fórmulas, a ação e as aparências continuam predominando, deixando em […]

Por Fernanda Furquim Atualizado em 1 dez 2016, 15h40 - Publicado em 21 dez 2012, 15h18

Chegamos ao final de mais um ano e  já que o mundo não acabou, resta fazer um levantamento das séries e minisséries que, em minha opinião, se destacaram ao longo de 2012.

Mais um ano fraco de boas estreias, embora tenha tido muitas promessas. As fórmulas, a ação e as aparências continuam predominando, deixando em segundo plano a construção de textos conduzidos por personagens. Nessa linha, algumas produções conseguiram se destacar.

Minha lista inicia com as dez melhores produções do ano, finalizando com as produções que, embora não tenham entrado nas 10+, também valeram a pena assistir. Algumas produções ainda não chegaram ao Brasil, mas já estão disponíveis no mercado internacional.

Esta lista foi elaborada de acordo com a minha opinião do que é uma boa série de TV, com base  no desenvolvimento de personagens, proposta e  situações. Ela não é o resultado de um concurso de popularidade ou um apanhado geral das maiores audiências do ano.

1. Mad Men – Drama – Estados Unidos

Apesar da ausência de um ano em função de uma disputa contratual, a produção de Matthew Weiner continua sendo a melhor série da TV americana atualmente. A interrupção não enfraqueceu a proposta, o texto, as situações apresentadas ou o desenvolvimento de personagens, embora muitos fãs parecem não ter conseguido aceitar as mudanças naturais que ocorreram com a passagem do tempo dentro da própria história. O retorno de Mad Men representou para muitos um estranhamento. Talvez porque, nesta temporada, a trama deu ênfase ao olhar feminino de uma história que, até então, era predominantemente masculina.

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A quinta temporada introduz as mudanças sociais que começaram a ser percebidas na metade da década de 1960. Nesta época, o comportamento feminino e sua importância na sociedade tornou-se alvo de debates, análises e curiosidades por parte da mídia e de especialistas. Esse movimento foi representado na série por Megan, esposa de Don Draper, que tem seu comportamento questionado pelos demais personagens, acostumados a um estilo de vida diferente. Ao mesmo tempo que ela tenta se encaixar no meio que escolheu viver, Megan luta para manter sua própria identidade, satisfazer seus desejos e realizar seus sonhos.

Sua presença provoca mudanças na trama, no relacionamento dos personagens e na própria abordagem da série. A temporada também mostra as mudanças pelas quais passam a ex-senhora Draper, Betty, que em função da gravidez da atriz sofre algumas transformações físicas. Obesa e depressiva, ela se revela, mesmo que por breves momentos, uma mulher preocupada com o bem estar da família e agradecida pela vida que tem.

A visão feminina da temporada também apresenta ao público o mundo de Joan e o caminho que ela segue para garantir sua estabilidade financeira. Ao aceitar ‘uma proposta indecente’, ela é reconhecida como sócia da agência, tornando-se a primeira mulher a fazer parte do ‘clube do Bolinha’. Já Peggy faz o caminho inverso. Sua busca pela realização profissional a leva a se despedir de um ambiente no qual ela estava sendo sufocada pela mentalidade que reinava. Em contato com outros segmentos sociais, ela percebe que a vida fora da agência é muito maior e repleta de oportunidades.

Sally, filha de Don, também ganha mais destaque nesta temporada. A menina está se tornando adulta, enfrentando os conflitos da fase pré-adolescente, bem como as mudanças sociais de sua época. Uma forte candidata ao uso de drogas e às comunidades hippies que surgiriam no final da década, Sally ainda tenta compreender e se enquadrar no meio em que vive. A temporada também apresenta o ponto de vista de personagens menores, como as mães de Megan, de Joan e de Henry Francis, atual marido de Betty.

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2. The Thick of It – Comédia – Inglaterra

Esta é uma produção britânica que estreou em seu país em 2005 mas teve uma exibição irregular. As duas primeiras temporadas foram apresentadas no mesmo ano. Em 2007 foram exibidos três especiais. A série retornaria em 2009 com uma spinoff cinematográfica, seguida de sua terceira temporada. Sem ter sido cancelada, a produção ficou em suspenso até agora, quando o canal BBC2 exibiu na Inglaterra a quarta e última temporada. The Thick of It despediu-se do público com uma temporada composta de sete episódios. Ao todo, a série soma 21 episódios, três especiais e um filme.

The Thick of It é a successora da ótima Yes, Minister/Yes, Prime Minister, produção da década de 1980 que terá uma nova versão em 2013. Trata-se de uma comédia política criada por Armando Iannucci que gira em torno das atividades do gabinete do Secretário de Assuntos Internos. Nas duas primeiras temporadas, a história retratou os trabalhos do secretário Hugh Abbot, que tenta deixar sua marca mas enfrenta Malcolm Tucker, diretor do departamento de comunicações que, com um comportamento agressivo e obsessivo, mantém uma vigilância acirrada em busca de falhas ou situações que possam sujar o nome do governo na imprensa. As principais funções de Tucker são: assegurar que cada departamento siga a política adotada pelo governo e administrar crises internas.

Na terceira temporada, Abbot é substituído por Nicola Murray que, sem experiência, se vê forçada a manter a mesma equipe de funcionários e conselheiros. Na quarta temporada, Peter Mannion é o novo Secretário de Assuntos Internos que precisa conciliar seu trabalho com os de Fergus Williams, seu parceiro de coligação. Os dois estão sob a vigilância de Nicola, agora líder do partido que faz oposição ao governo. Enquanto isso, Tucker, que foi substituído por Stewart Pearson, articula sua volta ao cargo.

Ao contrário das temporadas anteriores, os episódios da quarta não são focados em Tucker e sua luta para manter o controle da situação. Agora temos mais personagens divididos em dois focos que não chegam a se cruzar, mas têm suas ações influenciadas pelas atitudes do outro. Com um humor sarcástico, a série faz uma crítica ao sistema político da Inglaterra. Satirizando o comportamento, objetivos e tramóias desses políticos, a série concilia ficção com a realidade.

The Thick of It ganhou um pálido equivalente americano, também criado por Iannucci, que recebeu o título de Veep.

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3. Breaking Bad – Drama – Estados Unidos

Caminhando para seu final, a série de Vince Gilligan continua mantendo a qualidade de seu texto, desenvolvimento de personagens e trama. Retratando a transformação de um pacato professor de química em um criminoso frio, calculista e manipulador, a série mergulha na construção de personagens para narrar sua história. Com isso, não é possível prever o que irá acontecer.

Nesta quinta temporada, dividida em duas partes (a segunda será exibida em 2013), vemos a luta de Walter para tentar recuperar o controle de sua vida e suas atividades criminais. Depois de livrar-se do domínio de Gus ele começa a articular seu próprio reinado, desta vez com a infraestrutura necessária para expandir. Assim, ele se alia a alguns dos membros da organização de Gus que ainda estão tentando lidar com a perda de seu líder.

Enquanto isso, Jesse se desapega cada vez mais do mundo criado por Walter. Embora ele ainda não saiba que atitude tomar ou que rumo seguir, Jesse já percebeu que não pertence mais ao meio em que vive. Skyler, por sua vez, sente-se cada vez mais aprisionada a Walter, a quem ela não reconhece mais como o homem com quem se casou. Aterrorizada e mesmo temendo por sua vida, ela se mostra disposta a sacrificar-se para garantir a segurança de seus filhos.

Nesta fase da série, a trama se desenvolve de forma a levar o detetive Hank, cunhado de Walter, à descoberta das verdadeiras atividades do professor e ao inevitável confronto final, o qual deverá revelar ao público quem sairá vencedor. Apesar do foco que a série dá a Walter, Breaking Bad retrata o conflito do bem x o mal. Inicialmente vemos o bem perder para o mal quando Walter sucumbe e se deixa levar pela vida do crime. Mas ao longo de toda a série vemos a luta de Hank para manter a integridade profissional e a dignidade pessoal ao enfrentar situações que poderiam levá-lo a se corromper. No entanto, ele permanece firme em suas escolhas. Apesar das derrotas momentâneas, Hank sempre consegue retomar o caminho que  o levará a enfrentar Walter.

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4. Girls – Comédia – Estados Unidos

Criada e estrelada por Lena Dunham, Girls conseguiu a difícil tarefa de conquistar a crítica e público logo em sua primeira temporada. A série, que narra a vida de quatro mulheres na faixa dos vinte anos vivendo com poucos recursos em Nova Iorque em plena crise econômica, traz uma abordagem naturalista e intimista de uma geração sem rumo.

Quando a temporada tem início, somos apresentados à protagonista da história. Hannah é uma jovem que vive da mesada dos pais. Formada, mas ainda trabalhando em um estágio não remunerado, ela se vê jogada à realidade da vida quando descobre que não será mais sustentada. Na cena seguinte, após roubar a gorjeta que seus pais deixaram para a camareira do hotel, Hannah caminha desnorteada pelas ruas da cidade, temendo por seu futuro. Após dez episódios, a temporada conclui com o mesmo tipo de cena. Depois de sair de uma festa e romper com Adam, Hannah pega um trem, no qual adormece. Ao acordar, ela descobre que perdeu o ponto em que deveria descer e que sua bolsa foi roubada. Tendo perdido ‘o momento do despertar, sua segurança e sua identidade’, Hannah sai da estação, caminhando sem rumo. Ela chega em uma praia onde se senta na areia. Comendo um pedaço de bolo que sobrou da festa (sobremesa que foi negada pela mãe no primeiro episódio), Hannah vislumbra o horizonte, mostrando-se calma e até feliz, o que leva a crer que, apesar de tudo, ela está determinada a enfrentar seu futuro.

Entre estas duas cenas, a temporada apresentou as mudanças pelas quais Hannah e suas amigas passaram. Consciente de que terá de buscar um emprego para se manter, Hannah enfrenta o conflito natural de uma pessoa que, insegura, sonha em se tornar escritora, mas não sabe como iniciar uma carreira. Forçada a buscar trabalhos que a afastarão de seu objetivos, ela ainda vive uma relação frágil e individualista com o aspirante a ator Adam (um belíssimo personagem), bem como um relacionamento complicado com as amigas Marnie, Jessa e Shoshana. Cada uma delas mergulhadas em seus próprios problemas, mas todas sem noção do que fazer com suas vidas.

O tema da série não é novo: a passagem da juventude para a fase adulta. Mas Girls traz uma abordagem mais realista e por vezes crua, deixando de lado a glamourização, idealização e fantasias que a TV e o cinema americano costumam dar ao tema. A trama não poupa os personagens que se revelam ao público como realmente são e não como gostariam ou deveriam ser. Não parece haver aqui a intenção de transformar as personagens em bonecas bem vestidas, para que sirvam de modelo e mercadoria para o público consumidor. Algo raro em uma produção voltada para os jovens.

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Girls é sem dúvida a melhor estreia do ano na TV americana.

5. Treme – Drama – Estados Unidos

Ainda ignorada pelo grande público, a série de David Simon caminha para seu final conseguindo manter sua qualidade de texto e desenvolvimento de personagens.

A série narra a vida de moradores de Nova Orleans após a passagem do furacão Katrina ocorrida em 2005, que destruiu a cidade e a economia local. Ao longo dos episódios vemos a luta dos moradores para reconstruir suas vidas e preservar sua cultura.

Apresentando diferentes núcleos, sendo que alguns dos quais não se cruzam, Treme retrata diferentes realidades. O drama dos personagens é intercalado com números musicais de jazz, vistos através de shows ou cenas de gravações em estúdio. Além de retratar a cultura local, estes números musicais também servem para aliviar o telespectador de algumas situações desenvolvidas na série. Na terceira temporada vemos o desdobramento e a conclusão de algumas situações introduzidas nos episódios anteriores. Se não tivesse sido renovada para sua quarta e última temporada, esta poderia servir como um final para a série.

A trama principal desta temporada, situada 25 meses após a passagem do furacão, é a volta do investimento financeiro na reconstrução de New Orleans, que leva à corrupção e ao desvio de verbas. O investimento na cidade também se traduz em uma recuperação cultural, que traz novas oportunidades de trabalho para os músicos e para a chefe de cozinha Janette. O destaque fica por conta de Antoine Batiste, que até então dedicava-se a apresentações em bares e eventos. Forçado a arranjar um emprego paralelo, ele se torna professor em uma escola onde passa a exercer forte influência em jovens que estão começando a descobrir o gosto pela música.

6. Him & Her – Comédia – Inglaterra

Considero esta série ‘uma pérola perdida no fundo do mar’ ou ‘uma agulha no palheiro’. Aparentemente sobre o nada, a sitcom britânica retrata um universo rico com personagens mergulhados em nuances que são exploradas a cada episódio, todos escritos por seu criador, o comediante Stefan Golaszewski em sua primeira série.

Certamente não é fácil manter um texto aparentemente banal mas que consegue explorar diversas situações levando os personagens, presos a um único ambiente, a evoluírem lenta e profundamente, sem se tornar didático, repetitivo ou caricato, nem mesmo apelar para situações escrachadas ou grandes reviravoltas que possam facilitar a vida do autor. A série também não se apóia na fotografia ou cenários fabulosos. Ela depende unicamente dos personagens e do texto. Fica aqui a dica para quem quer se tornar roteirista.

Him & Her é uma comédia romântica não convencional. Com uma abordagem naturalista, ela retrata a história de amor entre dois vagabundos que vivem dos subsídios do governo. Sem trabalhar ou ter qualquer objetivo de vida, eles constroem um relacionamento a dois, o qual enfrenta a rotina do dia a dia e as interferências de terceiros.

A primeira temporada apresenta a forma como Steve e Becky construíram e mantêm seu relacionamento recluso. A segunda temporada inicia com uma nova fase da relação: Becky se muda para a casa de Steve. Enquanto eles tentam se adaptar às mudanças, vemos a forma como se relacionam com terceiros, representados por amigos e familiares que constantemente interferem na rotina de vida do casal.

Na terceira, o relacionamento já está mais maduro. Steve decide pedir Becky em casamento e passa a temporada tentando descobrir uma forma romântica de fazer a proposta. Nesse meio tempo, ele enfrenta a oposição de Laura, que não quer que a irmã se case antes dela, e descobre que seu futuro sogro não o aprova.

7. Wallander – Drama – Inglaterra

Esta é outra série britânica que conseguiu se estabelecer graças ao texto, adaptado por Richard Cottan, Peter Harness e Richard McBrien da obra de Henning Mankell. Nesta terceira temporada, os três episódios foram assinados por Harness. O primeiro trata do tema relacionamentos, o segundo é focado na política e o terceiro na religião.

Kurt Wallander é um detetive da polícia sueca que vive na região sul do país, em uma pequena cidade fronteiriça. Diabético, recém divorciado, tentando manter uma relação afetiva com a filha que aos 15 anos tentou o suicídio, Wallander vê o resto de seu mundo ruir ao descobrir que o pai, com quem nunca conseguiu se comunicar, apresenta os primeiros sintomas do Mal de Alzheimer. Povel Wallander é um artista que há muitos anos pinta sempre a mesma paisagem, dando uma interpretação diferente a cada uma delas. Grosseiro e distante, ele desaprova a profissão do filho; mas ao perceber que perderá sua consciência, tenta, a seu modo, criar uma relação com ele.

A terceira temporada inicia alguns meses após a morte do pai de Kurt. Ele mantém uma relação com Vanja, mãe de um garoto chamado Peter. A relação levou os dois a tomarem a decisão de morar juntos, formando assim uma família. Mas, ao longo da temporada, vemos que Kurt ainda não conseguiu superar os traumas pessoais e profissionais que definiram sua personalidade.

Intercalando questões pessoais com o trabalho de investigação de Wallander, a temporada abre com um episódio que mostra a relação que ele criou com Vanja, a qual é testada pela obsessão do detetive com o trabalho. Aparentemente realizado, ele é logo jogado de volta à realidade da qual não consegue sair. O segundo episódio afasta Wallander de seu ambiente e das pessoas que ele conhece. Ao auxiliar a polícia da República da Látvia a investigar um crime, ele enfrenta o choque cultural e político. O terceiro episódio volta a dar um toque pessoal à trama, quando Wallander se reconcilia com a filha.

8. Boardwalk Empire – Drama – Estados Unidos

Criada por Terrence Winter, a série vem conseguindo manter o interesse pela trajetória de Nucky Thompson, um político que se transforma em gângster na década de 1920. Mesmo assim, a melhor parte da história continua sendo as situações vividas pelos personagens coadjuvantes.

A terceira temporada oferece o desdobramento das situações apresentadas no final da segunda. Alguns meses se passaram. Nucky enfrenta um novo desafio na figura do louco Gyp Rosetti, um gângster italiano de pavio curto que costuma literalmente eliminar seus problemas. Este foi um ótimo acréscimo à série, visto que, não respeitando ou temendo a autoridade de Nucky, Rosetti representa um perigo verdadeiro. Com isso, a rivalidade que surge entre o dois redefine a situação e o futuro de Nucky.

Mas são as tramas paralelas que mais chamaram minha atenção, a exemplo da situação de Margaret, que se envolve com os trabalhos do hospital local na tentativa de oferecer melhor qualidade de vida às mulheres dando-lhes a oportunidade de ter uma educação sexual. No entanto, as aulas são vigiadas de perto por uma freira que censura termos e expressões consideradas inadequadas, como a palavra gravidez. Estas cenas mostram ao público  o tipo de limitação pessoal que as mulheres sofriam na época.

Também chama a atenção o esforço que o ex-policial Nelson (agora vendedor de ferro de passar roupa) faz para se manter longe da vida do crime, mesmo estando cercado por ele. As situações em que se envolve o forçam constantemente a apelar para soluções que, aos poucos, o afastam do caminho da lei. Outro bom momento da temporada é a tentativa de assassinato que Nucky sofre, levando-o a sofrer uma concussão e  problemas de audição. Algo que o força a tomar medidas extremas, as quais revelam sua natureza criminosa a quem ainda se iludia com sua personalidade.

Talvez o personagem mais interessante nesta temporada tenha sido Richard Harrow. Fiel como um cão, ele tenta proteger o filho de Jimmy e preservar a lembrança de Angela das tentativas de Gillian de apagar a memória do menino. É ele, e não Gillian, que sai em busca de vingança, mas não pela morte de Jimmy e sim pela de Angela. Como ele mesmo diz, Jimmy era um soldado que fez suas escolhas. Neste meio tempo, Richard encontra um romance que expõe sua solidão. Gillian também teve ótimos momentos nesta temporada ao mostrar a dor que sente pela perda do filho, a qual, porém, não a desviou de seus objetivos.

9. Hit & Miss – Minissérie – Drama – Inglaterra

Esta é uma minissérie britânica escrita por Paul Abbott, criador de Shameless. A história surgiu de dois projetos diferentes que estavam sendo desenvolvidos por Abbott. Um era sobre um matador de aluguel, o outro sobre um transexual. Ao invés de escolher um deles, Abbot decidiu unir os dois.

Mia é uma assassina profissional que busca em seu trabalho garantir o controle racional sobre seus sentimentos, os quais estão em constante conflito desde que era criança. Nascida homem, ela toma hormônios femininos para se tornar mulher. Sua intenção é mudar de sexo. Mas logo sua vida sofre uma reviravolta quando Wendy, sua ex-namorada que está à beira da morte, lhe envia uma carta. Mia descobre que teve um filho, agora com onze anos. Ao se encontrar com ele, Mia descobre que Wendy teve mais três filhos, frutos de outros relacionamentos. Assumindo os cuidados das crianças, ela precisa descobrir uma forma de controlar seus instintos assassinos, mantendo-os em segredo, enquanto aprende a ser mãe, ao mesmo tempo em que ainda está se adaptando à sua identidade sexual.

Com uma narrativa extremamente lenta, a fotografia da minissérie retrata a solidão dos personagens e o isolamento em que vivem. A trama inicia como um faroeste moderno, no qual temos um pistoleiro que chega a uma cidade do interior pronto para defender os fracos e oprimidos daqueles que os perseguem, salvando seus bens e suas vidas. No primeiro episódio, Mia enfrenta John, o proprietário da casa onde os filhos de Wendy moram. Recusando a oferta de Mia de comprar a propriedade, ele dá aos inquilinos um mês para deixar o local.

Ao longo dos seis episódios produzidos, a trama se desdobra em outras situações, revelando a riqueza de personagens e profundidade de temas que são explorados por Abbott, um roteirista que em seus trabalhos enfatiza a importância da união familiar em meio ao caos. Mas o que chama mais a atenção é a forma sensível e delicada com a qual o tema da transexualidade é tratado pela minissérie. Sem discursos ou bandeiras hasteadas, a história retrata as dificuldades que Mia enfrenta em questões relacionadas ao dia a dia, como a tentativa de manter um relacionamento romântico com o filho de John, que a princípio ignora sua situação, ou quando ela sofre um acidente e vai parar no hospital.

A relação dela com o filho Ryan também é apresentada sem grandes melodramas, mas de forma intensa e aberta. Ainda sentindo a falta da mãe, o garoto aceita o pai que tem. Tentando se aproximar dele e compreendê-lo, Ryan passa a explorar sua própria sexualidade. A relação de Mia com os irmãos de Ryan também é um outro ponto forte da trama. Os mais velhos não aceitam sua presença ou tentativa de fazer parte de suas vidas. Mesmo assim, percebem que precisam dela.

Com um tema pouco explorado pelos seriados, Hit & Miss se transformou na melhor estreia da TV britânica de 2012.

10. Boss – Drama – Estados Unidos

Criada por Farhad Safinia, a série não conseguiu conquistar audiência, sendo cancelada em sua segunda temporada, justamente aquela em que a trama conseguiu apresentar melhor sua proposta.

Boss é uma novela política que se apóia na luta pelo poder, tramóias e traições para narrar sua história. Ao contrário da maioria das novelas, Boss não explora o melodrama. Ela é construída a partir de uma visão racional das situações propostas, a qual determina o movimento dos personagens. A falta de afetividade entre eles e deles com o público pode ter determinado o fim (prematuro) da série.

Inspirada em Rei Lear, de William Shakespeare, a história acompanha a vida do prefeito de Chicago que, diagnosticado com uma doença neurológica degenerativa, tenta se manter no cargo, escondendo de todos sua situação. Buscando a redenção, Kane parece interessado em reconstruir sua vida, enquanto tenta manter o controle do gabinete e de suas ações. Entre seus objetivos imediatos está a revitalização de um bairro. Ao longo da temporada, o passado de Kane começa a ser revelado.

O texto e os personagens são muito bem desenvolvidos, embora o número reduzido de episódios (apenas dez na temporada) tenha levado a trama a acumular uma grande quantidade de situações, as quais poderiam ser melhor trabalhadas se tivessem mais tempo.

Outras séries que valeram a pena conferir em 2012. A relação abaixo segue a ordem alfabética:

Comédia/Dramédia: 30 Rock, A Moody Christmas, The Big C, Californication, Episodes, (fdp), Friday Night Dinner, Laid, Louie, Modern Family, Moone Boy, Parks and Recreation, Red Dwarf, Shameless, Stella, Twenty Twelve, Veep, Weeds.

Drama: Borgen, Broen/Bron, Call the Midwife, Copper, Downton Abbey, Forbrydelsen, The Good Wife, Hatufim, Justified, Luck, Magic City, Redfern Now, Sebastian Bergman, Sherlock, Sons of Anarchy, Upstairs Downstairs, Vera.

Ficção/Fantasia: Doctor Who, Fringe, Game of Thrones.

Minisséries: A Mother’s Son, The Hollow Crown, Parade’s End.
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Por Fernanda Furquim@fer_furquim

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